sábado, 6 de abril de 2013

A ANTÁRTIDA

  A Antártida ou Antártica, do grego antarktikos, "oposto a Ártico", é o mais meridional dos continentes e um dos menores, com superfície de 14 milhões de km². Rodeia o Polo Sul, e por esse motivo está quase completamente coberta por enormes geleiras (glaciares), exceção feita a algumas zonas de elevado aclive nas cadeias montanhosas e à extremidade norte da península Antártica. Sua formação se deu pela separação do antigo supercontinente Gondwana há aproximadamente 100 milhões de anos e seu resfriamento aconteceu nos últimos 35 milhões de anos.
  É o continente mais frio, mais seco, com a maior altitude e de maior índice de ventos fortes do planeta. A temperatura mais baixa da Terra (-89,2 °C) foi registrada na Antártida, sendo a temperatura média na costa, durante o verão, de apenas -10 °C; no interior do continente, é de -40 °C. Muitos autores o consideram um grande deserto polar, pela baixa taxa de precipitação no interior do continente. A altitude média da Antártida é de aproximadamente 2.000 metros. Ventanias com velocidades de aproximadamente 100 km/h são comuns e podem durar vários dias. Ventos de até 320 km/h já foram registrados na área costeira.
Terra Australis Incognita - continente fictício que frequentemente aparecia em mapas europeus entre os séculos XV e XVIII.
ANTÁRTIDA - ASPECTOS NATURAIS
  As regiões polares, apresentam características bastante peculiares, em termos climáticos, biológicos, geológicos e hidrológicos. Muitas dessas características são ainda desconhecidas ou pouco conhecidas pelos cientistas.
  Enquanto no verão as temperaturas médias oscilam em torno de 0 °C, chegando a 15 °C no norte da península Antártica, no inverno elas ficam em torno de - 35 °C, chegando a atingir -89 °C, temperatura registrada na estação Vostok (Rússia) em 1983.
  Os círculos polares (66°33' de latitude norte e sul) delimitam as regiões polares e assinalam o limite máximo de iluminação nessas regiões no início do verão (solstício de verão) em cada hemisfério. Dessa forma, durante o verão, não há noite na região polar, que recebe os raios solares durante 24 horas. A partir do início do inverno (solstício de inverno), acontece o contrário, ou seja, não se vê a luz do dia.
Noite polar durante o inverno na Antártida vista da base norte-americana de Mc Murdo
  A Antártida encontra-se coberta por uma camada de gelo, cuja espessura varia entre 2 mil e 4 mil metros. Durante o inverno, sua área é o dobro da do Brasil (cerca de 19 milhões de km²), pois o continente fica circundado por uma enorme massa de gelo flutuante, que se forma pelo congelamento das águas da superfície oceânica. Essa massa é conhecida como banquisa.
  As massas de ar formadas nessa região, ao se deslocar, atingem o Sul e o Sudeste do Brasil, provocando baixas temperaturas no inverno. Nas zonas de alta pressão dos polos formam-se as massas de ar polares.
Banquisa na Antártida
  Na primavera, o gelo começa a derreter, fazendo com que, no verão, a Antártida tenha 73% da superfície do inverno (cerca de 14 milhões de km²).
  Também com a entrada da primavera, grandes blocos de gelo começam a desprender-se das geleiras interiores, dirigindo-se para o mar. Assim, se formam os icebergs, que, à deriva, são impulsionados pelas correntes marinhas e pelo vento e à medida que se aproximam de latitudes mais baixas, vão se derretendo. Eles representam grande perigo às embarcações.
Icebergs flutuando no mar da Antártida
  Pesquisadores ingleses do British Antartic Survey (BAS) acreditam que a frequência com que tem ocorrido a formação de icebergs de grande porte na região está relacionada a um aumento de temperatura na Antártida. Essa constatação foi feita também pelos cientistas brasileiros Jorge Arigony-Neto e Jefferson Simões, da UFRGS, que estimaram em 5 °C o aumento de temperatura média nos últimos 50 anos, marca atingida especificamente na região da península Antártica. Entretanto, não havia consenso entre os pesquisadores sobre a relação entre esse aumento da temperatura antártica e o fenômeno do aquecimento global.
Monte Erebus - vulcão ativo localizado na ilha de Ross
BIODIVERSIDADE
  Por causa do clima muito rigoroso, a vegetação praticamente inexiste. Apenas em alguns lugares aparece a tundra, constituída por musgos e liquens.
  Nas ilhas próximas, como as Malvinas (Falklands), a abundância de plâncton possibilita a existência de grande número de peixes, que servem de alimento para pássaros, focas, pinguins, baleias, cachalotes (mamífero da ordem dos cetáceos, de dimensões comparáveis às da baleia) e orcas.
  A biodiversidade é muito rica na região marinha situada no entorno do continente. Uma campanha oceanográfica realizada por um navio alemão no mar de Weddell, em 2007, encontrou mais de 800 novas espécies, que nunca tinham sido descritas pela ciência.
Pinguins-imperador na ilha do Monte Nevado
  Grandes frotas pesqueiras, principalmente do Japão e da Rússia, têm se deslocado para a região, com a finalidade de explorar até mesmo a carne de pinguim, utilizada na produção de um concentrado proteico que serve para a fabricação de rações de aves, gado bovino e porcos.
  As correntes marinhas, que partem da Antártida e se dirigem às áreas mais próximas dos continentes, contribuem para a formação do fitoplâncton e do zooplâncton, alimento para milhões de peixes  que povoam os mares do hemisfério Sul.
  Um produto pesqueiro que vem atraindo a atenção de diversos países é o krill, pequeno crustáceo parecido com o camarão, rico em proteínas. A pesca indiscriminada do krill poderá ocasionar problemas ecológicos, pois esse crustáceo é o alimento básico de muitas espécies marinhas que habitam a região.
Krill
  A riqueza da fauna da Antártida compreende também as diversas espécies de pinguins, focas, elefantes-marinhos e baleias.
CONTROLE E EXPLORAÇÃO NA REGIÃO
  O interesse em manter pesquisas na região, além de uma possível posse de terras, com a apropriação de recursos minerais - o que é proibido atualmente -, fez com que diversos países procurassem estabelecer suas bases científicas na Antártica. Há interesses também na determinação de trechos do "mar territorial", que são as áreas marítimas próximas do território do país. O Reino Unido, por exemplo, reivindica direitos de soberania sobre aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados de mar territorial nas proximidades de suas ilhas do Atlântico Sul - Geórgia do Sul e Falklands (que os argentinos denominam Malvinas e pelas quais já empreenderam uma guerra contra os ingleses).
Aurora Austral, vista da Estação Polo Sul Amundsen-Scott
  Um critério cogitado para a determinação da posse das áreas na Antártida seria o pioneirismo, ou seja, as terras pertenceriam àquele que chegou primeiro. Porém, alguns países, como a Argentina, o Chile e a Nova Zelândia, julgam que o direito de posse deve ser regido pela proximidade geográfica. Outros países, entre eles a Rússia, têm interesse em estabelecer outros critérios.
  Em dezembro de 1959, o Tratado da Antártida foi assinado por 12 países e entrou em vigor em junho de 1961. Atualmente dele fazem parte 45 países, entre eles o Brasil. O tratado instituiu condições para pesquisas e explorações no continente, como prioridade para a cooperação científica internacional, proibição de atividades militares e a exploração de reservas minerais pelo prazo de 30 anos (até 1991).
Base antártica brasileira Comandante Ferraz
  Para ser admitido no tratado, o Brasil teve de organizar expedições à Antártida, o que começou a ser feito regularmente em 1982, com o navio de apoio oceanográfico Barão de Teffée. A partir de 1994, as expedições científicas brasileiras ao continente antártico passaram a utilizar o navio Ary Rangel.
  Em 1991, durante a 11ª Conferência Especial do Tratado Antártico (Protocolo de Madri), foi firmado um novo acordo, que proíbe a exploração mineral e o uso para fins militares por mais 50 anos (até 2047).
  A entidade mundial de defesa do meio ambiente, Greenpeace, considera o novo acordo o primeiro passo para converter a Antártida em um parque ecológico mundial.
Navio de exploração na Antártida Ary Rangel, da Marinha do Brasil
FONTE: LUCCI, Elian Alabi. Geografia: homem & espaço, 9° ano / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco. 23. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

4 comentários:

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