segunda-feira, 16 de julho de 2012

TRANSFORMAÇÕES NO CAMPO E A URBANIZAÇÃO DO CENTRO-SUL

  Nas últimas décadas, tanto o Estado quanto as empresas privadas investiram grandes quantias no estabelecimento de um amplo complexo agroindustrial na região Centro-Sul do Brasil, com base na modernização de monoculturas comerciais (em geral cultivadas em latifúndios), em detrimento das policulturas alimentares (desenvolvidas, sobretudo, em pequenas e médias propriedades rurais.
  As linhas de crédito insuficientes ou com juros bancários altos levaram boa parte dos pequenos e médios produtores rurais ao endividamento e, consequentemente, à perda de suas terras, intensificando o processo de concentração fundiária na região. A disseminação do modelo de desenvolvimento agrícola capitalista, baseado no agronegócio, passou a dispensar, principalmente a partir da década de 1970, um contingente expressivo de trabalhadores, que tiveram suas funções substituídas, em grande parte, pelas tecnologias empregadas nas grandes fazendas.
Agronegócio - responsável pela mudança na agricultura do país
  Todos esses fatores aumentaram a concentração fundiária no Centro-Sul e geraram um intenso processo de êxodo rural, impulsionando grande parte da população da região a abandonar o campo e migrar, sobretudo, para os médios e grandes centros urbanos.
REGIÕES METROPOLITANAS DO CENTRO-SUL
  O Centro-Sul é atualmente o complexo regional mais populoso do país, com cerca de 120 milhões de habitantes, o que corresponde a 63% do total da população brasileira. Apresenta-se também como a região com o maior índice de urbanização: aproximadamente 91% dos seus habitantes vivem em cidades.
  Durante cerca de três décadas (1960 a 1980), o grande afluxo de migrantes e as altas taxas de natalidade desencadearam um intenso processo de urbanização na região, caracterizado pelo crescimento desordenado de seus maiores centros urbanos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba e, em seguida, duas cidades de médio porte, que também foram o destino de muitos migrantes. O rápido e desordenado processo de ampliação da área urbana dessas cidades fez com que, em muitos casos, suas malhas acabassem por se unir às malhas urbanas de municípios próximos, originando aglomerações urbanas ainda maiores. O censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) delimitou 36 dessas grandes aglomerações, as quais são denominadas regiões metropolitanas. Segundo esse órgão, 20 delas estão no Centro-Sul, como mostra a tabela abaixo.

REGIÕES METROPOLITANAS DO CENTRO-SUL
NÚMERO DE MUNICÍPIOS
ÁREA (KM²)
NÚMERO DE HABITANTES
(IBGE – 2010)
Belo Horizonte
48
14.240,50
5.414.701
Vale do Aço
26
6.701,00
615.297
Grande Vitória
7
2.331,00
1.687.704
Rio de Janeiro
19
5.326,80
11.835.708
São Paulo
39
7.947,30
19.683.975
Baixada Santista
9
2.405,90
1.664.136
Campinas
19
3.644,90
2.797.137
Curitiba
26
15.418,60
3.174.201
Londrina
11
5.564,50
801.817
Maringá
25
5.577,10
690.303
Florianópólis
22
7.465,70
1.012.233
Vale do Itajaí
16
5.006,40
689.731
Norte/Nordeste Catarinense
20
10.829,50
1.094.412
Foz do Rio Itajaí
9
1.012,40
532.771
Carbonífera
25
5.053,80
550.206
Tubarão
18
4.540,90
356.721
Porto Alegre
31
9.803,10
3.958.985
Goiânia
20
7.315,10
2.173.141
Chapecó
25
4.938,20
403.494
Lages
23
19.090,80
350.532
METROPOLIZAÇÃO E PROBLEMAS URBANOS NO CENTRO-SUL
  O crescimento exacerbado das metrópoles e das cidades médias brasileiras, inclusive as do Centro-Sul, ocasionou uma série de problemas ligados à infraestrutura urbana, como a falta de saneamento básico e de moradia, o aumento do preço da terra, o estrangulamento do sistema viário e a poluição atmosférica, hídrica e dos solos. Além disso, mesmo que o processo de industrialização tenha ampliado sensivelmente os postos de trabalho nos diversos setores de atividades urbanas, a oferta de emprego não cresceu na mesma proporção que a população, fato que tem gerado um gigantesco contingente de desempregados, isto é, pessoas que trabalham no setor informal.
Comércio popular na rua 25 de Março em São Paulo
  Com o empobrecimento de uma grande parcela da população, o processo de urbanização caracterizou-se pelo aumento das desigualdades sociais, imprimindo uma forte segregação socioespacial no interior das cidades, principalmente nas de médio e grande porte.
METRÓPOLES: CENTROS DE DECISÕES
  Ainda que os grandes centros urbanos do Centro-Sul sejam palco de profundos contrastes socioeconômicos, observa-se nessa região, como consequência do desenvolvimento da atividade industrial, um intenso processo de diversificação das atividades ligadas ao setor terciário (comércio e serviços) e um incremento daquelas relacionadas à área educacional e científica (com a implementação de faculdades, universidades e centros de pesquisa). O crescimento do volume das atividades ligadas à área administrativa-financeira transforma os grandes centros urbanos desse complexo regional em sedes de grandes corporações nacionais e multinacionais, de organizações estatais, de importantes instituições financeiras, como bancos, bolsas de valores e empresas de crédito e letras de câmbio, assim como de empresas ligadas à produção cultural e artística, como editoras, redes de televisão, jornais e outros segmentos da mídia. Por tudo isso, o Centro-Sul é considerado a região polarizadora das decisões econômicas, políticas e administrativas do país.
Bovespa - a maior bolsa de valores do Brasil
FONTE: Boligian, Levon. Geografia espaço e vivência, volume único / Levon Boligian, Andressa Turcatel Alves Boligian. -- 3. ed. -- São Paulo: Atual, 2011.

4 comentários:

  1. Muito bom, o estudo cientifico do professor me ajudou a ter mais conhecimento sobre a infraestrutura do centro sul do Brasil.

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  2. muito bom porem precisava que fosse diferente do livro de geografia do 2 ano obrigada

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  3. Procurava algo diferente do meu livro.
    Mas pra quem nao tem o livro esta otimo!!

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