Os alimentos geneticamente modificados são uma realidade cotidiana. Há grãos transgênicos usados no preparo de bolachas, cereais, óleo de soja, pães, massas, maionese, mostarda e papinhas para crianças. Além de ocupar prateleiras dos supermercados, os transgênicos ocupam também o noticiário, envolvido numa onda de acusações e defesas apaixonadas, pouco apropriadas ao esclarecimento da opinião pública. A lista de especulações a respeito dos riscos associados à ingestão dos alimentos modificados é enorme, e a resposta por parte da indústria não tem a isenção suficiente para ser aceita como verdadeira. Para tirar as principais dúvidas a respeito do assunto, a Revista Veja procurou cientistas ligados a alguns dos principais centros de pesquisa do Brasil, Estados Unidos, Inglaterra e Itália. Todos têm em comum o fato de serem pesquisadores independentes. Nenhum deles participa da produção nem pesquisa comercial de transgênicos.
1. ALERGIA
A ingestão do grão transgênico pode provocar mais alergias do que a versão natural?
O corpo humano cria anticorpos contra elementos estranhos, como bactérias, vírus e pó. Cerca de 2% dos adultos e 7% das crianças desenvolvem anticorpos contra proteínas presentes em alimentos, em geral soja, leite, ovos, peixes e frutos do mar. A lista de alimentos apontados como fonte alergênica contém mais de 180 itens não transgênicos. Como a transgenia envolve a troca ou adição de proteínas, os experimentos laboratoriais podem chegar a espécies que provocam, sim, novas alergias. Justamente em função disso, os fabricantes testam exaustivamente as sementes e destroem as espécies que causam alergia após a aplicação de testes. Recentemente, uma pesquisa com sementes de feijão realizada no Brasil foi encerrada depois que o laboratório descobriu - e anunciou - ter chegado a uma espécie alergênica. Para analisar a possibilidade de falhas no processo, cientistas independentes, não envolvidos com a produção de transgênicos, estudaram a segurança dos alimentos que, depois de testados e aprovados, foram colocados no mercado. Não se identificou o surgimento de alergias adicionais. Detectaram-se casos de alergia a grãos transgênicos apenas entre alérgicos ao grão comum.
2. FRACASSO
Qual o destino dos grãos experimentais quando as pesquisas com transgênicos fracassam e resultam em espécies que podem produzir alergias?
As experiências com genes são feitas sob rigorosa fiscalização, e apenas as espécies seguras deixam o laboratório. No caso dos clones, 97 de cada 100 experiências acabam abortadas porque os animais gerados são deformados. O mesmo vale para os transgênicos. Em meados dos anos 1990, a Embrapa tentou produzir um feijão que tinha o gene da castanha-do-pará. Esse gene estimulava a produção de aminoácidos que faltava ao feijão, deixando o alimento mais nutritivo. No entanto, descobriu-se que o gene podia causar alergia em quem o ingerisse, e o experimento foi abandonado. Tentativas feitas na Inglaterra para tornar batatas resistentes a um determinado inseto também fracassaram, porque a planta passou a ser vulnerável a outros insetos. Em todos esses casos, a produção dos laboratórios foi destruída, em geral incinerada.
3. CÂNCER
Passaram-se décadas até que se estabelecesse uma relação de causa e efeito entre o cigarro e o câncer. Por que acreditar que os transgênicos não oferecem riscos nessa área?
A fumaça do cigarro contém quase 5.000 substâncias das quais sessenta são consideradas cancerígenas. Sabe-se que o cigarro é responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão e por 35% dos vários outros tipos. Tais dados foram produzidos em estudos variados preparados pela comunidade científica. E é essa mesma comunidade científica que informa que até o momento não foram identificados casos de câncer provocados por transgênicos. Entre o início das pesquisas de um grão transgênico e o lançamento desse grão no mercado na forma de produto são gastos em média seis anos em estudos - equivalentes ao tempo consumido na pesquisa de novos medicamentos. Cientistas independentes garantem que o prazo é suficiente para estudar detalhadamente as espécies, avaliar seus impactos no ambiente e investigar eventuais riscos à saúde.
4. DNA
Os alimentos modificados são feitos com pedaços de DNA que não pertencem à semente original, muitas vezes retirados de vírus e bactérias. Tais 'corpos estranhos' não podem fazer mal ao homem?
Podem, mas a chance estatística é a que tem uma pessoa de ser atingida por um raio ao atravessar um campo de futebol numa tarde de chuva. Ou seja, trata-se de hipótese cientificamente possível, mas estatisticamente improvável. Uma vez ingerido, o DNA da planta transgênica é decomposto no processo de digestão da mesma maneira que o DNA de uma planta convencional. Se ele não for digerido, há a possibilidade de que seja incorporado de alguma forma pelo corpo humano e desenvolva alguma doença. A mesma possibilidade de ser atingido por um raio, afirmam os estudiosos.
5. ANTIBIÓTICO
Alguns transgênicos recebem genes de bactérias resistentes a antibióticos. Quando esses alimentos são ingeridos, as bactérias presentes no corpo humano não vão se tornar resistentes aos antibióticos e impedir o combate a uma doença?
Avicultores e pecuaristas utilizam antibióticos regularmente para que os animais desenvolvam certas doenças que, ao atingir o sistema imunológico, prejudicam o ritmo de engorda. Há vários estudos mostrando o efeito no corpo humano da ingestão de carne cujo animal foi tratado com antibiótico. Calcula-se que as pessoas tenham no corpo 200 vezes mais bactérias do que o total de seres humanos nascidos desde o surgimento do homem. O que se sabe é que o antibiótico, se utilizado de forma incorreta ou descontrolada, pode aumentar a resistência de algumas dessas bactérias. Em caso de doença, reduz-se a gama de antibióticos que atuam de forma eficaz contra a bactéria causadora do mal. É diferente com os transgênicos. Os grãos transgênicos possuem um gene resistente a um antibiótico, e não o antibiótico em si. É o contrário dos animais, cuja carne contém os antibióticos que receberam durante o período de engorda. O risco de as bactérias presentes no sitema digestivo se tornarem mais resistentes ao se combinar com o gene da planta transgênica é outra hipótese científica de efeito estatístico irrelevante. Em sete anos de consumo em larga escala de alimentos transgênicos, principalmente soja, milho e canola, nunca foi registrado um só caso de doença relacionado ao produto geneticamente modificado.
6. MUTAÇÃO
Para a produção de transgênicos são usadas cadeias de DNA que não existem na natureza. A ingestão de alimentos geneticamente modificados não pode alterar a cadeia de DNA do próprio homem?
Os ecologistas muitas vezes se referem ao mal da vaca louca como se fosse um caso pertinente à discussão a respeito de alimentos modificados. Naquele episódio, o rebanho bovino, exclusivamente vegetariano, foi alimentado por criadores europeus com rações preparada com restos de outros animais. O uso de animais doentes para alimentar os sadios gerou uma epidemia que levou à morte 200.000 animais somente na Inglaterra. O causador seria uma proteína mutante dos animais, capaz de provocar a degeneração do tecido cerebral. Embora a história seja assustadora, não há relação entre uma coisa e outra. Primeiro, a ração dos bois não era resultado de modificação genética, mas de simples mistura. Depois, o DNA das plantas transgênica em geral não é modificado de forma aleatória, mas controlada. No processo digestivo, o DNA do transgênico é fragmentado, da mesma forma que o DNA presente em pelos de ratos e restos de baratas identificados em diversos alimentos convencionais, até mesmo em orgânicos.
Qual o risco de uma semente transgênica em fase de teste ser roubada do laboratório e contaminar a natureza?
Na Inglaterra, em 1978, uma amostra do vírus varíola vazou no laboratório de uma universidade, contaminando uma pesquisadora. Nos Estados Unidos, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) é um órgão do governo que estuda vírus e desenvolve vacinas. Na sede de Atlanta estão guardados em cofres-fortes frascos com alguns dos mais temíveis vírus, entre eles o da varíola e o ebola. Muito já se escreveu sobre as terríveis consequências para a humanidade se ocorresse ali um acidente ou um atentado. E no caso dos laboratórios que pesquisam os transgênicos, não é possível acontecer a mesma coisa? Uma semente não pode escapar e contaminar a natureza? Na fase em que as sementes são 'batizadas' com genes de microorganismos, o trabalho é interno, feito em laboratórios. Elas são inicialmente plantadas em ambientes fechados. Numa etapa seguinte, após vários testes, as sementes são plantadas em fazendas experimentais, totalmente monitoradas para evitar acidentes. Elas são mantidas a uma distância muito grande de outra plantação convencional ou de ambientes selvagens. Em tese, uma dessas sementes ou o pólen podem se espalhar pelo ambiente. Mas aqui novamente a estatística trabalha a favor da ciência. A probabilidade de proliferação de uma planta fora da lavoura é de 0,1%, segundo estudo divulgado pelo governo inglês.
Se o vento espalhar sementes de uma lavoura transgênica, outras espécies naturais não podem sofrer mutações perigosas?
O que se constatou até o momento é que, em alguns casos, ervas daninhas se cruzam com as plantas transgênicas e adquirem suas características, como a resistência a um inseticida ou herbicida.
No Canadá, onde há liberdade total para o plantio de determinadas variedades de canola tolerantes a herbicidas, há casos de ervas daninhas que adquiriram a mesma característica. Os cientistas avisam que a capacidade de gerar espécies resistentes a herbicidas não é exclusiva dos transgênicos. Nos últimos quarenta anos, surgiram em todo o mundo cerca de 120 espécies de plantas não transgênicas resistentes a herbicidas. Todas proliferaram apenas nas lavouras, não em ambiente selvagem.
9. SOLO
As plantas liberam DNA no solo, pelas raízes. Os cientistas já pesquisaram qual é o efeito do acúmulo de DNA modificado no solo?
A maior parte do DNA é destruída durante o processo de decomposição natural da planta, mas há uma pequena possibilidade de que seus genes sejam incorporados por microorganismos que vivam ao redor de sua raiz. Ou seja, as bactérias que habitam o solo podem adquirir os genes das plantas, sejam elas transgênicas ou não-transgênicas. No caso dos alimentos modificados, que muitas vezes recebe os genes adquiridos pela bactéria que mora no solo forem justamente aqueles que pertenciam a outra bactéria. Os estudos realizados em lavouras sugerem que o efeito desse processo tende a ser insignificante para o microorganismo, mas os cientistas recomendam que o fenômeno deve ser analisado com mais profundidade.
10. FAUNA
Há indício de que algum animal, seja ele grande ou pequeno, como um inseto, possa sofrer em função dos transgênicos?
Os estudos sobre o efeito dos transgênicos na fauna apontaram para duas conclusões. A primeira identificou que, em algumas plantações de grãos modificados, a população de minhocas, mariposas e outros insetos registrou uma pequena redução. No que diz respeito a eventuais consequências em outros animais que se alimentaram de sementes transgênicas, não se descobriu até o momento nenhuma alteração no mapa genético original nem mesmo a ocorrência de alguma doença.
1. ALERGIA
A ingestão do grão transgênico pode provocar mais alergias do que a versão natural?
O corpo humano cria anticorpos contra elementos estranhos, como bactérias, vírus e pó. Cerca de 2% dos adultos e 7% das crianças desenvolvem anticorpos contra proteínas presentes em alimentos, em geral soja, leite, ovos, peixes e frutos do mar. A lista de alimentos apontados como fonte alergênica contém mais de 180 itens não transgênicos. Como a transgenia envolve a troca ou adição de proteínas, os experimentos laboratoriais podem chegar a espécies que provocam, sim, novas alergias. Justamente em função disso, os fabricantes testam exaustivamente as sementes e destroem as espécies que causam alergia após a aplicação de testes. Recentemente, uma pesquisa com sementes de feijão realizada no Brasil foi encerrada depois que o laboratório descobriu - e anunciou - ter chegado a uma espécie alergênica. Para analisar a possibilidade de falhas no processo, cientistas independentes, não envolvidos com a produção de transgênicos, estudaram a segurança dos alimentos que, depois de testados e aprovados, foram colocados no mercado. Não se identificou o surgimento de alergias adicionais. Detectaram-se casos de alergia a grãos transgênicos apenas entre alérgicos ao grão comum.
2. FRACASSO
Qual o destino dos grãos experimentais quando as pesquisas com transgênicos fracassam e resultam em espécies que podem produzir alergias?
As experiências com genes são feitas sob rigorosa fiscalização, e apenas as espécies seguras deixam o laboratório. No caso dos clones, 97 de cada 100 experiências acabam abortadas porque os animais gerados são deformados. O mesmo vale para os transgênicos. Em meados dos anos 1990, a Embrapa tentou produzir um feijão que tinha o gene da castanha-do-pará. Esse gene estimulava a produção de aminoácidos que faltava ao feijão, deixando o alimento mais nutritivo. No entanto, descobriu-se que o gene podia causar alergia em quem o ingerisse, e o experimento foi abandonado. Tentativas feitas na Inglaterra para tornar batatas resistentes a um determinado inseto também fracassaram, porque a planta passou a ser vulnerável a outros insetos. Em todos esses casos, a produção dos laboratórios foi destruída, em geral incinerada.
3. CÂNCER
Passaram-se décadas até que se estabelecesse uma relação de causa e efeito entre o cigarro e o câncer. Por que acreditar que os transgênicos não oferecem riscos nessa área?
A fumaça do cigarro contém quase 5.000 substâncias das quais sessenta são consideradas cancerígenas. Sabe-se que o cigarro é responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão e por 35% dos vários outros tipos. Tais dados foram produzidos em estudos variados preparados pela comunidade científica. E é essa mesma comunidade científica que informa que até o momento não foram identificados casos de câncer provocados por transgênicos. Entre o início das pesquisas de um grão transgênico e o lançamento desse grão no mercado na forma de produto são gastos em média seis anos em estudos - equivalentes ao tempo consumido na pesquisa de novos medicamentos. Cientistas independentes garantem que o prazo é suficiente para estudar detalhadamente as espécies, avaliar seus impactos no ambiente e investigar eventuais riscos à saúde.
4. DNA
Os alimentos modificados são feitos com pedaços de DNA que não pertencem à semente original, muitas vezes retirados de vírus e bactérias. Tais 'corpos estranhos' não podem fazer mal ao homem?
Podem, mas a chance estatística é a que tem uma pessoa de ser atingida por um raio ao atravessar um campo de futebol numa tarde de chuva. Ou seja, trata-se de hipótese cientificamente possível, mas estatisticamente improvável. Uma vez ingerido, o DNA da planta transgênica é decomposto no processo de digestão da mesma maneira que o DNA de uma planta convencional. Se ele não for digerido, há a possibilidade de que seja incorporado de alguma forma pelo corpo humano e desenvolva alguma doença. A mesma possibilidade de ser atingido por um raio, afirmam os estudiosos.
5. ANTIBIÓTICO
Alguns transgênicos recebem genes de bactérias resistentes a antibióticos. Quando esses alimentos são ingeridos, as bactérias presentes no corpo humano não vão se tornar resistentes aos antibióticos e impedir o combate a uma doença?
Avicultores e pecuaristas utilizam antibióticos regularmente para que os animais desenvolvam certas doenças que, ao atingir o sistema imunológico, prejudicam o ritmo de engorda. Há vários estudos mostrando o efeito no corpo humano da ingestão de carne cujo animal foi tratado com antibiótico. Calcula-se que as pessoas tenham no corpo 200 vezes mais bactérias do que o total de seres humanos nascidos desde o surgimento do homem. O que se sabe é que o antibiótico, se utilizado de forma incorreta ou descontrolada, pode aumentar a resistência de algumas dessas bactérias. Em caso de doença, reduz-se a gama de antibióticos que atuam de forma eficaz contra a bactéria causadora do mal. É diferente com os transgênicos. Os grãos transgênicos possuem um gene resistente a um antibiótico, e não o antibiótico em si. É o contrário dos animais, cuja carne contém os antibióticos que receberam durante o período de engorda. O risco de as bactérias presentes no sitema digestivo se tornarem mais resistentes ao se combinar com o gene da planta transgênica é outra hipótese científica de efeito estatístico irrelevante. Em sete anos de consumo em larga escala de alimentos transgênicos, principalmente soja, milho e canola, nunca foi registrado um só caso de doença relacionado ao produto geneticamente modificado.
6. MUTAÇÃO
Para a produção de transgênicos são usadas cadeias de DNA que não existem na natureza. A ingestão de alimentos geneticamente modificados não pode alterar a cadeia de DNA do próprio homem?
Os ecologistas muitas vezes se referem ao mal da vaca louca como se fosse um caso pertinente à discussão a respeito de alimentos modificados. Naquele episódio, o rebanho bovino, exclusivamente vegetariano, foi alimentado por criadores europeus com rações preparada com restos de outros animais. O uso de animais doentes para alimentar os sadios gerou uma epidemia que levou à morte 200.000 animais somente na Inglaterra. O causador seria uma proteína mutante dos animais, capaz de provocar a degeneração do tecido cerebral. Embora a história seja assustadora, não há relação entre uma coisa e outra. Primeiro, a ração dos bois não era resultado de modificação genética, mas de simples mistura. Depois, o DNA das plantas transgênica em geral não é modificado de forma aleatória, mas controlada. No processo digestivo, o DNA do transgênico é fragmentado, da mesma forma que o DNA presente em pelos de ratos e restos de baratas identificados em diversos alimentos convencionais, até mesmo em orgânicos.
Animais sacrificados por causa do mal da vaca louca na Espanha
7. EBOLAQual o risco de uma semente transgênica em fase de teste ser roubada do laboratório e contaminar a natureza?
Na Inglaterra, em 1978, uma amostra do vírus varíola vazou no laboratório de uma universidade, contaminando uma pesquisadora. Nos Estados Unidos, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) é um órgão do governo que estuda vírus e desenvolve vacinas. Na sede de Atlanta estão guardados em cofres-fortes frascos com alguns dos mais temíveis vírus, entre eles o da varíola e o ebola. Muito já se escreveu sobre as terríveis consequências para a humanidade se ocorresse ali um acidente ou um atentado. E no caso dos laboratórios que pesquisam os transgênicos, não é possível acontecer a mesma coisa? Uma semente não pode escapar e contaminar a natureza? Na fase em que as sementes são 'batizadas' com genes de microorganismos, o trabalho é interno, feito em laboratórios. Elas são inicialmente plantadas em ambientes fechados. Numa etapa seguinte, após vários testes, as sementes são plantadas em fazendas experimentais, totalmente monitoradas para evitar acidentes. Elas são mantidas a uma distância muito grande de outra plantação convencional ou de ambientes selvagens. Em tese, uma dessas sementes ou o pólen podem se espalhar pelo ambiente. Mas aqui novamente a estatística trabalha a favor da ciência. A probabilidade de proliferação de uma planta fora da lavoura é de 0,1%, segundo estudo divulgado pelo governo inglês.
Forma de transmissão do vírus ebola
8. O VENTOSe o vento espalhar sementes de uma lavoura transgênica, outras espécies naturais não podem sofrer mutações perigosas?
O que se constatou até o momento é que, em alguns casos, ervas daninhas se cruzam com as plantas transgênicas e adquirem suas características, como a resistência a um inseticida ou herbicida.
No Canadá, onde há liberdade total para o plantio de determinadas variedades de canola tolerantes a herbicidas, há casos de ervas daninhas que adquiriram a mesma característica. Os cientistas avisam que a capacidade de gerar espécies resistentes a herbicidas não é exclusiva dos transgênicos. Nos últimos quarenta anos, surgiram em todo o mundo cerca de 120 espécies de plantas não transgênicas resistentes a herbicidas. Todas proliferaram apenas nas lavouras, não em ambiente selvagem.
9. SOLO
As plantas liberam DNA no solo, pelas raízes. Os cientistas já pesquisaram qual é o efeito do acúmulo de DNA modificado no solo?
A maior parte do DNA é destruída durante o processo de decomposição natural da planta, mas há uma pequena possibilidade de que seus genes sejam incorporados por microorganismos que vivam ao redor de sua raiz. Ou seja, as bactérias que habitam o solo podem adquirir os genes das plantas, sejam elas transgênicas ou não-transgênicas. No caso dos alimentos modificados, que muitas vezes recebe os genes adquiridos pela bactéria que mora no solo forem justamente aqueles que pertenciam a outra bactéria. Os estudos realizados em lavouras sugerem que o efeito desse processo tende a ser insignificante para o microorganismo, mas os cientistas recomendam que o fenômeno deve ser analisado com mais profundidade.
10. FAUNA
Há indício de que algum animal, seja ele grande ou pequeno, como um inseto, possa sofrer em função dos transgênicos?
Os estudos sobre o efeito dos transgênicos na fauna apontaram para duas conclusões. A primeira identificou que, em algumas plantações de grãos modificados, a população de minhocas, mariposas e outros insetos registrou uma pequena redução. No que diz respeito a eventuais consequências em outros animais que se alimentaram de sementes transgênicas, não se descobriu até o momento nenhuma alteração no mapa genético original nem mesmo a ocorrência de alguma doença.
FONTE: SCHELP, Diogo. Veja. São Paulo: Abril. n. 1.826, 29 out. 2003.
valeu ,...esse assunto me ajudou bastante no eu procuava.
ResponderExcluirMuito boa essa postagem! Sou estudante de Engenharia Agronômica e curso área de concentração em biotecnologia agrícola e achei bastante pertinentes os esclarecimentos, que foram abordados de forma clara para o público leigo.
ResponderExcluirMuito boa a postagem. Sou estudante de Engenharia Agronômica com área de concentração em biotecnologia e gostei muito da forma como foram abordados essas questões pertinentes sobre organismos transformados. Linguagem simples e muito interessante para leigos que estejam dispostos a ler algo mais preciso do que reportagens divulgadas pela mídia.
ResponderExcluirObrigado Leonardo.
ResponderExcluir