quinta-feira, 10 de maio de 2012

NOVAS FORMAS DE VER O MUNDO

A RAZÃO CONTRA A FÉ
  No contexto das revoluções do séculos XVIII e XIX, que permitiram às burguesias tomar o poder, teve início também uma grande secularização. Isso se deveu a fatores econômicos, políticos e culturais.
  • Do ponto de vista econômico, é necessário destacar o processo de urbanização: com o êxodo rural, a população camponesa escapou do controle social exercido pelas igrejas.
  • A legislação produzida pela Revolução Francesa debilitou a Igreja ao confiscar grande parte de suas propriedades; além disso, o Estado substituiu a Igreja no papel de regulador da vida pública e privada.
  • O desenvolvimento de uma mentalidade científica. Fé e razão se tornaram conflitantes e incompatíveis.
  Nesse novo mundo marcado por grandes transformações, a Igreja teve seu poder político reduzido e começou a perder influência na sociedade.
A REVOLUÇÃO TÉCNICA E CIENTÍFICA
  Desde o final do século XVIII, grande parte da Europa Ocidental conhecia o modelo de fábrica e o tomava como uma melhoria para a sociedade. Os problemas sociais e a piora nas condições de vida e de trabalho começavam a ser esquecidos para celebrar a tecnologia como algo positivo.
  No século XIX, a acelerada industrialização da Europa e o enorme avanço da ciência, da técnica e da tecnologia mudaram a mentalidade científica e cultural. Um dos principais responsáveis por essa mudança foi o naturalista inglês Charles Darwin.
Charles Darwin
UMA TEORIA QUE ESTREMECEU A CIÊNCIA
  A teoria da evolução desenvolvida por Darwin afirmava que o ambiente exercia influência fundamental sobre o ser humano. A sobrevivência e a reprodução das espécies estariam ligadas ao processo de seleção natural, o que significava que apenas os seres mais aptos de cada espécie, que apresentassem características mais favoráveis à adaptação ao meio ambiente, conseguiriam sobreviver.
Processo da evolução humana
  A partir dessa teoria, Darwin concluiu que nós, seres humanos, somos o resultado de uma seleção natural. Concluiu também que nós e as espécies que têm um parentesco evolutivo conosco - os chimpanzés, os orangotangos e os gorilas - somos o resultado da evolução de um ancestral comum. As conclusões de Darwin foram publicadas no livro A origem das espécies, em 1859.
CRÍTICOS E SEGUIDORES
  A teoria de Darwin contradizia as tradicionais explicações religiosas sobre o surgimento da vida, a existência do homem e a morte. Para Darwin, o ser humano não havia surgido pela obra de Deus, mas pelo resultado de uma lei natural. Com isso, a trajetória dos homens deixava de ser determinada apenas pela vontade do criador e passava a ser vista como resultado da relação entre o ser humano e o ambiente.
Charles Darwin observou as girafas para formular a sua teoria
  O reconhecimento do parentesco evolutivo com símios também contrariou princípios religiosos que relacionavam a figura do homem à imagem de Deus. Representantes de várias igrejas cristãs reagiram ao pensamento darwinista, mas não foram suficientes para impedir  que suas ideias ganhassem muitos seguidores.
  Nem sempre o conceito de evolução foi bem compreendido. Muitos cientistas associaram e ainda associam a ideia de evolução à de melhoria. Segundo essa noção equivocada, a humanidade passaria por um processo de aperfeiçoamento contínuo e cada conquista científica seria um passo em direção ao progresso, sempre de caráter positivo.
Darwin observou também uma grande variedade de aves
  Não foi apenas a mentalidade científica daquela época que manifestou essa crença no progresso e nas conquistas tecnológicas. Muitos escritores, artistas e intelectuais acreditavam, no século XIX, que o presente era melhor que o passado e que o futuro seria melhor que o presente.
A SENSIBILIDADE ROMÂNTICA
  O Romantismo foi um amplo movimento sociocultural que atravessou os últimos anos do século XVIII e as primeiras décadas do século XIX. Trouxe novas formas de comportamento, de pensamento político e social e de criação artística e literária.
  Destacam-se três características fundamentais do Romantismo:
  • A rebeldia dos românticos se manifestou em oposição ao racionalismo iluminista e ao modelo clássico de beleza. Outros se rebelaram contra a destruição da paisagem, das formas de vida tradicionais e contra a degradação das novas cidades, reforçando a crença de que o passado deveria ser recuperado.
  • A nova atitude diante da natureza consistiu em um sentimento de comunhão com ela. Os românticos não viram na natureza apenas um modelo de beleza; eles a perceberam como um ser vivo do qual eles mesmos faziam parte.
  • A nova visão de mundo e do ser humano. Reagindo ao racionalismo iluminista, parte dos românticos afirmavam ser impossível ao ser humano conhecer a realidade por meio da razão. Eles valorizavam a utopia e defendiam a superioridade do sentimento e da capacidade criativa.
A dama de Shalott, de John William Waterhouse, 1888
TÉCNICA OU POÉTICA?
  Na segunda metade do século XIX, o Realismo foi o estilo predominante, tanto na literatura quanto na pintura. Os artistas realistas demonstravam uma grande confiança na capacidade humana de conhecer e expressar a realidade e alguns alimentaram o otimismo científico da época.
  Os artistas realistas se diferenciavam dos românticos principalmente na valorização da observação como a qualidade mais importante de um artista. Numa clara expressão da racionalidade científica, os realistas buscavam a objetividade para expressar uma visão fria e distanciada das coisas.
Os quebradores de pedra. Obra de 1850 do pintor realista francês Gustave Coubert
  Os artistas realistas se dedicavam a temas de sua própria época e da realidade cotidiana: os camponeses, os trabalhadores urbanos, a vida nos subúrbios das grandes cidades, sempre procurando investigar e examinar a realidade social.
FONTE: Projeto Araribá: história / organizadora
Editora Moderna: obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna; editora responsável: Maria Raquel Apolinário. - 2. ed. - São Paulo: Moderna, 2007. p. 201-203 

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