sábado, 26 de maio de 2012

ENTENDA A CRISE ECONÔMICA NA IRLANDA

  A situação financeira da Irlanda está no topo da agenda de um encontro entre autoridades da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Entre temores de que uma crise na economia irlandesa possa desencadear um contágio no resto do continente, o governo tem sido pressionado a aceitar ajuda do bloco comum.
  Apelidada de "Tigre Celta" por causa do seu elevado ritmo de crescimento econômico, a Irlanda foi do boom ao desastre financeiro em um espaço de três anos. Muito da expansão do período pode ser atribuída à expansão do mercado imobiliário, que desde 2008 se retraiu dramaticamente.
  O preço dos imóveis caiu entre 50% e 60% e os empréstimos de risco - sobretudo na forma de crédito para as construtoras - se acumularam no portfólio dos principais banco do país.
  Só para ajudar essas instituições foram necessários recursos de emergência da ordem de 45 bilhões de euros, o que deixou um déficit no orçamento do governo irlandês equivalente a 32% do PIB. As finanças do país também estão sendo afetadas pela queda na arrecadação de impostos. A diferença  entre o que o governo gasta em serviços públicos e o que recebe em impostos e taxas atinge o insustentável patamar de 12% do PIB. À medida que a economia se retrai, cresce o desemprego e aumentam os temores de que o país esteja à beira de uma volta à recessão.
  A situação financeira da Irlanda preocupa especialmente os países financeiramente menos sólidos da zona do euro, como Espanha e Portugal, que também estão com as finanças apertadas. O temor é que esses países não sejam capazes de pagar os seus credores, que por sua vez tendem a restringir os empréstimos.
  O maior impacto dessa desconfiança é a elevação dos custos de empréstimos no mercado internacional. Por ora, esta não é uma preocupação da Irlanda, que se diz plenamente capacitada a honrar seus pagamentos até pelo menos meados do ano que vem. Entretanto, outros países têm recorrido ao mercado para levantar recursos e assim são afetados pelas incertezas que rondam as contas públicas irlandesas.
  Se recursos dessas intituições forem usados, a Grã-Bretanha pagará uma parte da conta. Por outro lado, se a economia irlandesa colapsar, as empresas britânicas perderão negócios de um cliente que compra delas mais mercadorias que Brasil, Rússia, Índia e China juntos.
Manifestante empunha a bandeira da Irlanda na capital, Dublin
  A república se orgulha de sua solvência e de sua independência financeira, e uma ajuda europeia seria vista como sinal de uma humilhante dependência em relação ao bloco. A Irlanda teme que, junto com a UE, venham condições como a elevação de seu imposto sobre pessoa jurídica que, em 12,5%, é um dos principais instrumentos para atrair investimentos externos. Por outro lado, uma grande preocupação são os bancos privados. Como vários foram parcialmente nacionalizados, a dívida que era das instituições também passou a ser assumida pelo governo. Estes bancos estão tendo dificuldades para levantar empréstimos no mercado e dependem do suporte do Banco Central Europeu.
  Uma estimativa do banco britânico Barclays Capital indica que mais de 10% de todos os empréstimos e financiamentos feitos pelos bancos irlandeses estão sendo financiados com recursos do BCE. Há indícios de que o BCE pretende convencer a Irlanda a aceitar a ajuda de emergência, que poderia então ser investida nos bancos para blindá-los contra possíveis perdas no futuro.
  Para ser bem-sucedido, a ajuda teria de ser volumosa o suficiente para afastar os temores de contágio da economia europeia por possíveis perdas registradas no futuro pelo sistema financeiro irlandês. Algumas estimativas indicam que o montante teria de chegar a 80 bilhões de euros. Há diversas possíveis fontes de financiamento, incluindo o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (EFSM, na sigla em inglês), que poderia prover até 60 bilhões de euros, e o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF), constituído por 440 bilhões de euros em garantias de governos da zona do euro. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já afirmou que poderia entrar no pacote, emprestando até 50% do total provido pela União Europeia.
  Outras fontes de financiamento podem aparecer, na medida em que os países devem tentar evitar que os recursos de fundos como o EFSM sejam esgotados em uma única operação de salvamento. Há ainda o caso de países europeus que não fazem parte da zona do euro, como a Grã-Bretanha, que contribui para o caixa da União Europeia e do FMI.
  O governo irlandês tem buscado traçar uma linha clara entre o que são os problemas de seu sistema financeiro e as preocupações envolvendo as suas próprias contas. A administração acredita que as medidas já anunciadas e as ainda por anunciar reforçarão a confiança na economia do país.
FONTE: globo.com
BBC Brasil

2 comentários:

  1. É uma pena ver a Europa com tantas dificuldades financeiras, ainda mais um país tão bonito quanto a Irlanda.
    Eu espero que o Governo Irlandês e a União Europeia arrume algum jeito de melhorar a situação por lá.

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