segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

AS DIVISÕES REGIONAIS DO CENTRO-SUL

  As diferenças nas paisagens naturais e nas formas de ocupação do espaço permitem subdividir a região Centro-Sul em quatro áreas distintas: o sul, o nordeste, o noroeste e a área das grandes metrópoles globais (São Paulo e Rio de Janeiro), também conhecida como megalópole brasileira. Além das diferenças que apresentam entre si, essas áreas possuem contrastes sociais e econômicos, criando regiões específicas dentro de cada uma delas.
O SUL DO CENTRO-SUL
  Essa área merece destaque em decorrência da grande presença de pessoas que descendem de imigrantes, trazendo para essa região o predomínio da população de origem europeia e uma cultura influenciada por hábitos e costumes dos imigrantes.
  A chegada de imigrantes para trabalhar nas lavouras deixou como legado uma tradição agrícola que hoje é representada pela agroindústria de fumo, óleo, álcool, vinho, café, laticínios etc.
  Italianos, alemães, poloneses, ucranianos e japoneses, estabeleciam-se em pequenas e médias propriedades, realizando a prática da policultura. Até hoje, algumas áreas mantêm as características do período em que a região foi colonizada. A policultura é prática comum na região, muitas vezes com caráter comercial, sendo o feijão, a mandioca, o milho, o arroz, a batata, a abóbora, a soja, o trigo, as hortaliças e as frutas os produtos mais cultivados.
Produção de uva no Vale dos Vinhedos - RS
  Destacam-se no norte dessa subrregião as áreas de solo fértil, as terras roxas, que foram ocupadas inicialmente pela lavoura cafeeira. A baixa resistência dos cafezais à ocorrência de geadas durante o inverno determinou a substituição desse cultivo pelo plantio de algodão e de cana-de-açúcar e, principalmente, de soja. O restante do estado do Paraná tem uma produção agropecuária ampla e variada, além da exploração madeireira, com destaque para a indústria de papel e papelão, que utiliza madeira de eucalipto das áreas reflorestadas.
Cultivo de eucalipto na região de Maringá - PR
  A criação de animais também é um dos destaques dessa subrregião. A existência de extensas áreas de pastagens naturais favoreceu o desenvolvimento da pecuária extensiva de corte. Os rebanhos de ovinos, bovinos e suínos representam as maiores criações do país. A pecuária recebeu nos últimos anos grandes investimentos, que propiciaram o aumento da produtividade. Além disso, a instalação de frigoríficos confirma uma tendência regional - a associação entre as atividades ligadas à terra e à indústria.
Produção de carnes - uma das atividades que mais cresceram nos últimos anos
  A partir da década de 1970, a mecanização marcou o espaço agropecuário dessa parte do país. Muitos pequenos proprietários, sem condições de modernizar suas lavouras, venderam suas terras e migraram para outras regiões do país ou para os grandes centros urbanos, modificando as paisagens agrárias do Sul. O norte do Paraná é caracterizado por uma intensa atividade agropecuária, bem como pela presença de várias indústrias. O setor industrial é bem desenvolvido na região, fortemente ligada à atividade agropecuária. Porto Alegre e Curitiba destacam-se por terem indústrias diversificadas, atividades também em crescimento em outras cidades da região.
A agropecuária é uma das principais atividades do Paraná
  No estado de Santa Catarina, na área do vale do Itajaí, encontramos as cidades de Blumenau e Brusque com grande parque industrial. No litoral norte, próximo ao vale do Itajaí, encontra-se Joinville, com indústrias alimentícias, têxteis e de materiais de construção, que empregam muitos trabalhadores e movimentam a economia regional.
Perini Business Park ou Parque Industrial de Joinville - SC
  Com relação aos recursos minerais, a atividade de destaque é a exploração de carvão mineral, usado em usinas termelétricas para gerar eletricidade e também nas indústrias siderúrgicas para aquecer os fornos na produção do aço. Santa Catarina detém a maior produção nacional, onde o carvão apresenta menos impureza e é mais facilmente explorado nos municípios catarinenses de Criciúma, Içara, Siderópolis e Lauro Müller. Sua exploração sempre esteve ligada a graves problemas ambientais, sendo que somente uma pequena porcentagem do material é aproveitada e a maior parte, considerada rejeito, é abandonada a céu aberto, comprometendo o solo para o plantio. Os rios da região, em especial os da bacia do rio Tubarão, também são ameaçados pelos poluentes lançados em suas águas. O ar fica poluído com a emissão de gases tóxicos, que trazem riscos à saúde da população.
Mina de carvão mineral em Criciúma - SC
O NOROESTE E NORDESTE DO CENTRO-SUL
  As porções noroeste e nordeste do Centro-Sul brasileiro também são marcadas pela diversidade de paisagens naturais, culturais e econômicas. Entre as áreas específicas do Centro-Sul, destacam-se: o Pantanal Matogrossense, Goiás, Mato Grosso do sul e Minas Gerais.
O PANTANAL MATOGROSSENSE
  O Pantanal, cortado pelo rio Paraguai e seus afluentes, é a maior planície inundável do mundo. A pequena declividade do terreno faz com que as águas demorem a escoar, tornando o ambiente alagadiço em determinado período do ano. Duas estações destacam-se no Pantanal: a época das cheias (que começa em outubro e vai até março/abril), quando são inundadas imensas áreas, ficando a salvo somente as regiões mais altas, onde se localizam, geralmente, as sedes das fazendas; o período de seca, em que as áreas, antes inundadas e enriquecidas com sedimentos orgânicos, tornam-se excelentes para pastagem.
Pantanal Matogrossense
  Estendendo-se por parte das terras dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a paisagem pantaneira é marcada pela grande diversidade de espécies animais e vegetais, específicas desse local.
O Pantanal é rico em biodiversidade

  O Pantanal não é apenas uma paisagem natural, hábitat de inúmeras espécies animais e vegetais. As atividades econômicas estão presentes nessa região e representam uma grande ameaça à biodiversidade pantaneira.
  A história da ocupação da região está ligada às atividades mineradoras e à pecuária extensiva, praticada nos campos naturais da planícies e nos cerrados. A implantação de eixos rodoviários nas últimas décadas facilitou a vinda de migrantes e gerou grande impacto na economia, na cultura e no meio ambiente local.
Pecuária - atividade que contribuiu para o povoamento do Pantanal
  Áras de mata e de cerrado foram substituídas por campos para pastagens e espaços para a agricultura. O cultivo de soja para a exportação e de outros gêneros agrícolas, sem planejamento de impacto ambiental, acelerou o processo erosivo, gerando grande acúmulo de sedimentos nos cursos de água das áreas inundáveis. Os fertilizantes químicos e agrotóxicos, usados intensivamente, elevaram a contaminação dos rios pantaneiros.
Cultivo de soja em área do Pantanal Matogrossense - uma ameaça para a biodiversidade local
  Outros problemas também são responsáveis pela degradação ambiental da planície do Pantanal, como a busca de ouro, que contaminou rios da região com mercúrio, usado no garimpo. Aves e peixes que vivem na área pantaneira já foram contaminados por esse produto.
Rio Taquari - MS. Afluente do rio Paraguai, sofre com o assoreamento e com a contaminação por agrotóxicos e mercúrio
GOIÁS E MATO GROSSO DO SUL
  A partir da década de 1960, muitos gaúchos, paranaenses e catarinenses migraram para essa região, que se apresentava como pioneira, principalmente por apresentar terras mais baratas. Atraídos por incentivos oferecidos pelo governo, ocuparam áreas do sul do Mato Grosso do Sul e de Goiás, justificando o aumento populacional da região e o crescimento de algumas cidades no estado de Goiás, como Goiânia, Anápolis, Rio Verde, Jataí e Itumbiara.
Itumbiara - GO
  Essa área corresponde a um importante espaço agrícola para o país. Os solos do Cerrado, inicialmente com maior acidez, foram corrigidos com o uso de calcário. Essa técnica conhecida como calagem, permitiu que as fazendas pudessem realizar a agricultura em áreas que até então eram consideradas inadequadas. A presença de extensas áreas planas favoreceu a mecanização agrícola. Destacam-se o cultivo do arroz e da soja.
  A pecuária de corte, realizada no sul de Goiás e também no sul de Mato Grosso, expandiu-se muito nos últimos anos. Destacam-se nessa região as imensas áreas de pastagens, concentrando o maior rebanho bovino brasileiro.
Cultivo de arroz em Santo Antônio de Goiás - GO
MINAS GERAIS
  Entre 1730 e 1750, o ouro teve seu período de maior extração em Minas Gerais, atraindo muitas pessoas para a região. Para alimentar toda essa população, desenvolveu-se nessa região uma agricultura variada, com o cultivo do milho, feijão, trigo, arroz, cana-de-açúcar etc. A pecuária também se desenvolveu, embora chegassem do Sul e do Nordeste grandes quantidades de gado para abastecer a população.
  A área tornou-se, então, uma importante região de agropecuária. Destaque para o cultivo do café na Zona da Mata e no Triângulo Mineiro, além da grande criação de gado de corte e leiteiro, contando atualmente com um dos maiores rebanhos bovinos do Brasil.
Minas Gerais se destaca com a grande produção de leite do Brasil
  Na região do Triângulo Mineiro, no oeste do estado de Minas Gerais, delimitada pelos municípios de Uberlândia, Uberaba e Araguari, desenvolve-se a pecuária de corte com seleção de espécies e as pastagens cultivadas. Em algumas propriedades, o gado é criado solto, de forma extensiva, ocupando grandes extensões de terra, com boa rentabilidade. A agricultura também é praticada nessa região, e a falta de cuidado com o uso do solo, principalmente com a realização de queimadas, tem provocado graves problemas ambientais.
Uberlândia - maior cidade do Triângulo Mineiro
  Na Zona da Mata mineira, destaca-se a pecuária leiteira, que deu origem a uma importante atividade: a indústria de laticínios, que produz iogurtes, queijo, leite em pó, creme de leite, requeijão, doce de leite e manteiga.
Queijo de Minas - destaque na culinária nacional
  Em Minas Gerais, destaca-se a atividade extrativa mineral. O estado detém a liderança na produção brasileira de minérios. A região denominada Quadrilátero Ferrífero distingue-se por ter uma alta produção de minério de ferro. A área onde esse minério é explorado apresenta a forma de um quadrilátero, tendo como pontos principais as cidades de Belo Horizonte, Santa Bárbara, Mariana e Congonhas.
Produção de minério de ferro no Quadrilátero Ferrífero
  Nessa região, são encontradas também reservas de manganês e bauxita. Parte do minério de ferro e o de manganês são usados na produção de aço, importante para a construção civil, e também na de equipamentos e máquinas, abastecendo as indústrias siderúrgicas nacionais. A outra parte é destinada ao mercado externo.
  A produção mineral obtida em Minas Gerais é escoada pelo vale do Rio Doce e vale do Paraopeba, por estradas de ferro que chegam aos portos de Tubarão, em Vitória, no Espírito Santo, e de Sepetiba no município de Itaguaí, no Rio de Janeiro.
Estrada de Ferro Vitória-Minas - principal responsável pelo escoamento da produção de minérios do Quadrilátero Ferrífero
  A grande metrópole que polariza essa área é Belo Horizonte, junto com sua região metropolitana. Cidades como Contagem, Betim e Sabará formam um importante cinturão industrial ao redor da capital.
Belo Horizonte - capital de Minas Gerais e quarta cidade mais populosa do Brasil
A MEGALÓPOLE BRASILEIRA
  Centro de referência cultural, política e econômica, São Paulo e Rio de Janeiro exercem influência, não só nas cidades próximas a elas, mas em todo o país. São também consideradas metrópoles globais em razão de sua importância no cenário mundial. Essas duas cidades cresceram com a contribuição de imigrantes e migrantes e somam juntas 17.581.949 de habitantes (IBGE - 2010), sendo 11.253.503 de São Paulo e 6.320446 do Rio de Janeiro.
São Paulo - SP
  A Região Metropolitana de São Paulo (Grande São Paulo) é composta por 39 municípios, formando uma grande área urbana e a maior região metropolitana do Brasil. Com uma população de 19.683.975 (IBGE 2010), a capital e suas cidades vizinhas e interligadas - como Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires, e também as cidades de Guarulhos, Mogi das Cruzes e Osasco - agregam quase todos os tipos de indústria, como as automobilísticas, as siderúrgicas, as petroquímicas, as eletrônicas, entre outras. Além das indústrias, a Grande São Paulo apresenta um comércio extremamente fortalecido e, ainda, grandes áreas agrícolas.
Região Metropolitana de São Paulo
  A Região Metropolitana do Rio de Janeiro (Grande Rio de Janeiro) possui uma população de 11.838.752 habitantes (IBGE 2010), e é a segunda maior região metropolitana do Brasil. É formada por 19 municípios, e engloba, além da cidade do Rio de Janeiro, importantes cidades como Niterói, Nova Iguaçu, Duque de Caxias e São Gonçalo, além de outras, que juntas, apresentam um diversificado parque industrial.
Região Metropolitana do Rio de Janeiro
  Distantes cerca de pouco mais de 400 quilômetros, essas duas metrópoles estão unidas pela Via Dutra (BR-116), uma das mais importante e mais movimentadas rodovias do país.
Via Dutra - principal elo de ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro
  Embora essas duas metrópoles sejam símbolo do desenvolvimento industrial e econômico do Centro-Sul, elas também apresentam vários problemas devido ao crescimento desordenado e ao inchaço populacional. Dentre os problemas mais graves destacam-se: as ocupações irregulares de terrenos urbanos para moradia, representadas principalmente pelas favelas; o alto índice de violência e criminalidade; o desemprego, além de outros, como a poluição, lixo, falta de infraestrutura etc. Essa realidade revela o grande contraste social que essas e outras metrópoles brasileiras apresentam.
A falta de moradia é um dos principais problemas das grandes cidades
FONTE: Geografia / Cláudia Magalhães ... [et al.]. - São Paulo: Editora do Brasil, 2009. (Coleção perspectiva)

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