quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A DÍVIDA EXTERNA BRASILEIRA

  A implantação da infraestrutura necessária ao processo de industrialização do país foi viabilizada por grandes investimentos públicos. Para realizar tais investimentos, o Estado brasileiro contraiu vários empréstimos em bancos e instituições financeiras internacionais, a maioria deles com sede nos países desenvolvidos.
  A dívida externa não é novidade: no período imperial, no século XIX, o Brasil já devia a bancos ingleses. No século XX, os débitos começaram a crescer na década de 1950, com o projeto desenvolvimentista nacional: os governos militares contraíram os maiores volumes de empréstimos, com os quais pretendiam sustentar o chamado milagre brasileiro (fenômeno caracterizado pelas altas taxas de crescimento do PIB nacional - cerca de 10% ao ano - durante a década de 1970, proporcionadas pelo vertiginoso crescimento da indústria do país).
  Acordos foram firmados entre os governos militares e as multinacionais, e o Estado criou a infraestrutura necessária ao estabelecimento dessas empresas. Tal fato lançou o Brasil, durante essa década, ao posto de país mais industrializado da América Latina. O ritmo intenso impresso ao crescimento econômico foi viabilizado pela injeção, nos setores produtivos, de dinheiro público adquirido por meio de empréstimos internacionais em instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BIRD) e o chamado Clube de Paris, grupo formado por várias instituições financeiras internacionais.
  O Clube de Paris é uma instituição informal constituída por 19 países desenvolvidos, cuja missão é ajudar financeiramente países com dificuldades econômicas.
  O primeiro encontro aconteceu em 1956, quando a Argentina concordou em reunir-se com seus credores na cidade de Paris. Atualmente, ocorrem cerca de 10 a 11 encontros por ano dos membros do Clube. O Brasil já realizou, desde 1961 - ano em que ocorreu o primeiro contrato - seis acordos com o Clube. Estes acordos foram totalmente quitados em janeiro de 2006, quando o governo federal despendeu cerca de R$ 2,6 bilhões para pagar antecipadamente as duas últimas parcelas do compromisso firmado em 1992 e que venceriam em dezembro de 2006.
Mapa do Clube de Paris
  A dívida externa brasileira continua sendo uma das maiores do mundo subdesenvolvido, ainda que venha sendo saldada com alguns de seus credores.
  Os empréstimos internacionais viabilizaram os investimentos estatais em infraestrutura e em fomento à produção, mas nas últimas décadas o crescimento da dívida externa comprometeu o desenvolvimento socioeconômico brasileiro. Grande parte dos recursos públicos obtidos por meio da arrecadação de impostos e dos lucros de empresas estatais, que deveriam ser aplicados nos setores produtivo (no caso da concessão de empréstimos a pequenos e médios empresários e produtores rurais) e social (como os investimentos na melhoria dos serviços de saúde, educação, habitação, etc.), foi destinada ao pagamento de parcelas  da dívida (acrescida de juros exorbitantes) aos bancos internacionais.
FONTE: Boligian, Levon. Geografia espaço e vivência, volume único / Levon Boligian, Andressa Turcatel Alves Boligian. -- 3. ed. -- São Paulo: Atual, 2011.

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