segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O FMI E O BANCO MUNDIAL

  Quando, no final da Segunda Guerra Mundial, imaginaram uma ordem internacional para o pós-guerra, os Estados Unidos não se limitaram à política. A superpotência também se preocupava com a ordem econômica. Evitar graves crises econômicas ajudaria a manter a estabilidade política e, além disso, contribuiria para a prosperidade de sua economia.
  Antes ainda do encerramento da grande guerra, o governo norte-americano convidou os países capitalistas a uma reunião destinada a organizar a ordem econômica dos novos tempos de paz. A Conferência de Bretton Woods reuniu-se em julho de 1944, nas proximidades de Washington. Nela, ficou decidido que a moeda norte-americana cumpriria as funções de uma "moeda mundial". Desde aquele momento, com exceção dos países socialistas, o dólar tornou-se o principal meio de pagamento internacional.
Líderes mundiais durante a Conferência de Bretton Woods, em 1944
  A Conferência de Bretton Woods criou duas instituições que deveriam garantir a estabilidade da economia mundial: o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Os dois fazem parte, formalmente, do sistema das Nações Unidas, mas são autônomos e não se subordinam ao Conselho de Segurança nem à Assembleia Geral da ONU.
  O FMI surgiu para conceder empréstimos de emergência a países que enfrentassem crises econômicas. Seu capital provém de contribuições de países-membros. Suas decisões são adotadas por voto, mas os direitos de voto dependem da parcela do capital de cada país-membro.
Edifício sede do FMI em Washington - EUA
  Oito potências econômicas controlam quase metade dos direitos de voto. O voto dos Estados Unidos vale bem mais que o de qualquer outro país-membro.
  Ao longo do tempo, surgiram outras fontes de empréstimo internacional. Os países passaram a tomar dinheiro emprestado em fontes privadas, como os grandes bancos e os fundos de investimento financeiro. Atualmente, o FMI é credor de uma pequena parte das dívidas externas acumuladas por grandes devedores, como Brasil, Rússia, Argentina, México e Indonésia.
  O novo cenário provocou uma mudança nas funções do FMI. O fundo continua a realizar empréstimos, mas tornou-se também uma espécie de supervisor das relações entre os credores e os países devedores. As negociações entre eles, que ocorrem quando os devedores enfrentam dificuldades para cumprir os pagamentos, geralmente envolvem o FMI. Nessas ocasiões, técnicos do FMI visitam os países devedores, promovem reuniões com seus governos e apresentam programas de reformas econômicas destinados a assegurar a retomada dos pagamentos.
Reunião do Conselho Fiscal do FMI
  O Banco Mundial surgiu com a função principal de coordenar a reconstrução dos países europeus devastados pela Segunda Guerra Mundial. Esse processo durou cerca de duas décadas e foi iniciado por um amplo programa de empréstimos dos Estados Unidos aos países da Europa Ocidental, denominado Plano Marshall. Depois, o Banco Mundial passou a atuar, prioritariamente, no financiamento de programas de desenvolvimento na América Latina, na Ásia e na África.
Sede do Banco Mundial em Washington - EUA
  FMI e Banco Mundial são instituições gêmeas. Para ingressar no segundo, os países devem ser membros do primeiro. As estruturas de poder do Banco Mundial são semelhantes às do FMI. As grandes potências econômicas controlam as maiores fatias do capital do banco, o que garante a elas peso maior na distribuição dos direitos de voto.
  As duas instituições financeiras que nasceram em Bretton Woods funcionam como reguladoras da economia mundial. Durante a Guerra Fria, sua influência não alcançava os países socialistas. Atualmente, porém, com a admissão da Rússia e da China como membros de ambas, suas decisões têm impacto global.
FONTE: Magnoli, Demétrio. Estudos geográficos, 9° ano / Demétrio Magnoli. - 1. ed. - São Paulo: Atual, 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário