sexta-feira, 16 de setembro de 2011

CUBA: UMA ILHA SOCIALISTA NO CARIBE

  Situado em uma ilha junto ao estreito da Flórida, e pertencente ao arquipélago das Grandes Antilhas, Cuba permaneceu sob o domínio dos espanhóis até o início do século XX, quando se transformou em uma espécie de protetorado dos Estados Unidos. Isso significa que Cuba alcançou a independência formal, mas quem mandava mesmo na ilha era o governo sediado em Washington.
  O cultivo da cana-de-açúcar para exportação, principal atividade econômica cubana, ficou muito tempo sob o controle de companhias estadunidenses: as grandes empresas de comercialização de produtos tropicais ganharam dinheiro e os cidadãos ricos daquele país, iam passar férias na ilha, para usufruir do sol, das praias paradisíacas e dos famosos cassinos então existentes em Havana, capital do país. A posse da terra era privilégio de alguns latifundiários, enquanto a maior parte da população camponesa vivia em condições de extrema miséria. Os ditadores que dominavam a política local eram amplamente apoiados pelo governo dos Estados Unidos.
Cana-de-açúcar - principal produto de exportação de Cuba
A REVOLUÇÃO CUBANA
  No início da década de 1950, um movimento de oposição começou a se formar em Cuba, reunindo os camponeses pobres e os trabalhadores das cidades. O objetivo era derrubar o ditador Fulgêncio Batista e tirar o país da zona de influência dos Estados Unidos. Os rebeldes, liderados por Fidel Castro, acreditavam que era preciso lutar com todas as armas pela liberdade do país e pela melhoria das condições de vida da população.
  Em 1959, o movimento revolucionário chegou ao poder, expulsando Fulgêncio Batista. A história de Cuba iria mudar para sempre.
Revolucionários caminham pelas ruas de Havana comemorando a Revolução Cubana
  Os primeiros anos do novo governo foram marcados pela nacionalização de empresas e pela reforma agrária.
  Tendo seus interesses prejudicados, o governo e os empresários dos Estados Unidos patrocinaram uma invasão ao país, expulsaram Cuba da OEA (Organização dos Estados Americanos) e pressionaram seus aliados no mundo inteiro para que rompessem relações com Cuba e se recusassem a comercializar os produtos do país.
Che Guevara conversa com Fidel Castro
  Uma das medidas rapidamente implantadas em Cuba foi a prisão e a pena de morte para aqueles que discordassem do novo governo, que passou a perseguir e prender os dissidentes políticos e os homossexuais. Os inimigos de Fidel Castro passaram a ser bem recebidos nos Estados Unidos, o que geralmente não acontece com os imigrantes caribenhos.
  A pressão de Washington não surtiu o efeito esperado. Fortemente pressionado, o governo de Cuba proclamou que a ilha era um Estado socialista e acabou pedindo ajuda ao país que, na época, era o maior rival dos Estados Unidos: a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Grande parte do comércio exterior cubano passou a se dirigir para a União Soviética, que, por sua vez, ganhou um aliado estrategicamente importante, pois a ilha está praticamente encostada na grande potência americana. Durante muito tempo, o petróleo, os carros e a maioria dos bens de produção (máquinas e equipamentos) que abasteciam o mercado cubano vinham da União Soviética e dos países socialistas da Europa, que compravam da ilha quase toda a produção de açúcar, tabaco, rum e couro.
Charuto cubano - uma das especialidades do país
  Enquanto isso, os revolucionários estatizaram as indústrias e o comércio, e implantaram um sistema misto para a produção rural em que as cooperativas de camponeses e as fazendas do Estado passaram a atuar conjuntamente. Houve estímulo à produção industrial, principalmente de bens de consumo não duráveis (roupas, remédios e alimentos), e o país passou por um rápido processo de urbanização.
Fidel Castro - ex-presidente cubano
O ATUAL CONTEXTO CUBANO
  Hoje, porém, Cuba carece de abastecimento de itens básicos, como papel higiênico, café, sabonete, pasta de dente e produtos de limpeza. Os carros que circulam no país são os mesmos de seis décadas atrás, e os jovens se ressentem da falta de acesso aos bens de consumo existentes em outros países - o telefone celular, por exemplo, é um artigo de luxo fora do alcance da maioria dos cubanos.
Carros cubanos - refletem o aspecto de atraso econômico decorrente do embargo que o país sofreu perante as exigências norte-americanas
  Um dos aspectos positivos do regime diz respeito aos investimentos em educação e saúde. Os analfabetos são quase inexistentes na ilha. A disseminação de hábitos simples, como o de ferver a água que será consumida, e os investimentos na área de saúde ajudaram a erradicar doenças que respondiam por altas taxas de mortalidade, sobretudo da população infantil. A mortalidade infantil é bastante baixa para os padrões da América Central e da América do Sul. O programa de saúde cubano serve de modelo para médicos e centros de pesquisa de países subdesenvolvidos, principalmente aqueles que trabalham com medicina preventiva (vacinação e controle de epidemias).
Apesar de todas as dificuldades, Cuba apresenta um eficiente setor de saúde
  Atualmente Cuba enfrenta muitos problemas.  Com o fim da União Soviética, o país deixou de receber ajuda externa e de contar com um mercado certo para suas exportações. O bloqueio comercial dos Estados Unidos persiste: os empresários da superpotência capitalista são proibidos de investir na ilha. Na década de 1990, o bloqueio tornou-se ainda mais rígido: desde 1992, empresários de qualquer parte do mundo que mantêm negócios em Cuba tiveram limitado seu acesso ao mercado dos Estados Unidos.
  Apesar da pressão internacional contra essa política, Washington não abre mão do bloqueio e continua fazendo pressão para derrubar o regime socialista vigente no país. Ao mesmo tempo, aumentam as manifestações contra o governo local.
Protesto de cubanos exigindo maior liberdade política em Cuba
  Diante disso, o regime socialista teve de fazer concessões. Alguns serviços urbanos foram liberados para pequenos empresários. Negócios com táxis, bares, restaurante e hotéis passaram a ser incentivados pelo governo, com o objetivo de melhorar a infraestrutura e aumentar as divisas provenientes do turismo. Os cubanos foram autorizados a possuir dólares, o que era rigorosamente proibido até 1993.
  Essa medidas, porém, não têm sido suficientes para evitar o envelhecimento do reduzido parque industrial (já que não há mais dinheiro para comprar máquinas e equipamentos), a crise energética (pois os preços vantajosos do petróleo fornecido pela União Soviética não existe mais) e a redução da oferta de bens de consumo (roupas e produtos de limpeza, principalmente).
  Há ainda a questão da falta de liberdade política. Em julho de 2006, em razão de um problema de saúde, o grande líder Fidel Castro, após 49 anos no poder, foi afastado da presidência nacional. Seu irmão, Raúl Castro, que participou da Revolução Cubana, assumiu o cargo, mas Fidel continua como líder do Estado cubano. O fato de o poder ser sido transferido de um irmão para outro, praticamente como se Cuba fosse uma dinastia, vem suscitando críticas em âmbito nacional.
Raúl Castro - atual presidente cubano
  Durante o novo governo, foi liberada a aquisição de computadores, no entanto, o uso da Internet é restrito. Outra medida foi o acesso a celulares, contudo, o serviço é muito caro, sendo inacessível à maioria da população.
  As pressões internacionais e os constantes embargos econômicos fizeram com que Cuba, em 2004, libertasse cinco presos políticos. Como consequência dessa atitude, a União Europeia e outros países da América, reataram relações diplomáticas com Cuba. A nação estuda a possibilidade de reintegração à Organização dos Estados Americanos (OEA). Para que isso ocorra, Cuba deve respeitar os princípios elementares da organização.
Protesto de cubanos exigindo a libertação de todos os presos políticos do país
VEJA ALGUNS DADOS SOBRE CUBA
NOME OFICIAL: República de Cuba
INDEPENDÊNCIA: da Espanha
Declarada: 10 de outubro de 1898
República Declarada: 20 de maio de 1902
Revolução Cubana: 1º de janeiro de 1959
LOCALIZAÇÃO: país insular do norte do Caribe
LIMITES: ao norte, Estados Unidos e as Bahamas; ao sul, Ilhas Cayman e a Jamaica; a oeste, o México; e ao sudeste o Haiti e a República Dominicana.
CAPITAL: Havana
Catedral de Havana
ÁREA: 110.861 km²  (104º)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 11.423.952  habitantes (72º)

DENSIDADE DEMOGRÁFICA (ONU): 103,04 hab./km² (71°)
CIDADES MAIS POPULOSAS (2010):
Havana: 2,7 milhões de habitantes
Havana - capital e maior cidade de Cuba
Santiago de Cuba: 525.337 habitantes
Santiago de Cuba - segunda maior cidade cubana
Camagüey: 330.754 habitantes
Camagüey - terceira maior cidade de Cuba
LÍNGUA: castelhano
IDH (ONU - 2010): 0,863 (51°)
PIB (FMI - 2010): U$ 57,490 bilhões (68°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 78,3 anos (37º)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010): 5,1/ mil (28°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008): 76% (42°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 99,8% (1°)
MOEDA: peso
RELIGIÃO (2010): apesar de ser um Estado laico, 41,9% são cristãos (católicos 39,5%, protestantes 2,4%), sem filiação (57,9%) e outras (0,2%).
DIVISÃO: Cuba está dividida em 14 províncias que subdivide-se em municipalidades.
FONTE: Araújo, Regina. Observatório de geografia: 8° ano: fronteiras e nações / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - São Paulo: Moderna, 2009.

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