A criação de um Estado israelense segue mais ou menos a trajetória de formação de Estados na região do Oriente Médio, no transcorrer do século XX, a partir da influência de potências estrangeiras, especialmente do Reino Unido. A grande diferença de Israel em relação aos demais países é que os judeus, em sua imensa maioria, vieram de fora da região; eles não eram (a não ser uma minoria insignificante), habitantes que já ocupavam essas áreas, como é o caso dos árabes nos atuais países árabes, dos persas no Irã, dos turcos na Turquia etc.
Muro das Lamentações em Jerusalém
A criação de um Estado judaico foi ideia de um movimento denominado sionismo, que nasceu no fim do século XIX na Europa. Os judeus encontravam-se espalhados por vários países e continentes e, no fim do século XIX sofriam perseguições em alguns países, devido ao fato de serem estigmatizados pelos cristãos como aqueles que teriam crucificado Jesus Cristo, sejam porque alguns deles eram muito ricos e as autoridades locais queriam se apropriar de seus bens.
Theodor Herzl - fundador do sionismo
No início o sionismo não sabia exatamente onde fundar o Estado judaico, havendo várias possibilidades: na ilha de Chipre, no sul da Argentina ou no Congo, entre outros locais julgados propícios. Mas acabaram se decidindo pela Palestina, por ser a terra – que já foi chamada de Canaã e de Judeia na Antiguidade – onde os judeus residiram a mais de dois mil anos, antes de serem expulsos pelos romanos, quando ocorreu a diáspora judaica (dispersão dos judeus pelo mundo). Mas a escolha dessa região também se deveu ao fato de que no início do século XX alguns judeus ilustres – como o Lorde Rothschild, um dos banqueiros mais importantes do mundo na época, que simpatizava com o movimento sionista – tinham ótimas relações com as autoridades britânicas, e o Reino Unido ainda era a grande potência mundial e desejava tomar dos turco-otomanos aquela área onde hoje estão Israel, Síria, Jordânia etc.
Durante a Primeira Guerra Mundial os britânicos fizeram um jogo duplo: ao mesmo tempo em que prometiam toda aquela terra aos árabes, que os ajudaram na luta contra os turcos, também prometiam uma parte dela aos judeus, tendo o governo do Reino Unido feito a Declaração de Balfour, em 1917, que destinava à Palestina ao povo judeu caso eles (os britânicos) derrotassem o Império Otomano, que ainda dominava aquela região por ocasião da Primeira Guerra Mundial. Os britânicos não se opuseram as migrações em massa do povo judeu para a região, pelo contrário, até incentivaram. Só que depois, quando começaram a ocorrer sérios conflitos entre judeus e árabes na Palestina, eles acabaram por se omitir, entregando o problema para a ONU logo após a Segunda Guerra Mundial.
Assim, o movimento sionista promoveu uma intensa migração de judeus de diversas partes do mundo para a Palestina: de 50 mil logo no começo do século XX, os judeus dessa área passaram para mais de 480 mil em 1947. Em vista disso, os conflitos entre judeus e palestinos começaram a se multiplicar. No início eles até foram bem recebidos pelos árabes palestinos, pois durante séculos houve uma boa convivência de árabes com judeus e outros povos, como curdos, armênios etc., em várias partes do Império Otomano. Além disso, os judeus vinham com o valorizado dinheiro dos países europeus, principalmente com a libra esterlina inglesa, e conseguiram comprar propriedades palestinas por baixos preços. Mas quando eles se tornaram uma minoria significativa, na área, e também com a posse de inúmeras propriedades, isso passou a incomodar as lideranças árabes, que começaram a temer a perda de sua pátria.
Percebendo o enfraquecimento de sua dominação nessa área e a intensa rivalidade entre esses povos, em 1936 os britânicos propuseram um plano para a divisão da Palestina em três partes, o que foi recusado pelos interessados. Mas, após o fim da Segunda Guerra Mundial, foi fundada a ONU, que em 1947 propôs criar dois Estados na Palestina: um judeu e outro árabe. Essa divisão do território palestino, foi uma das consequências da Segunda Guerra, na qual as potências europeias começaram a perder suas colônias na Ásia e na África. Houve, assim, uma grande redefinição do mapa político no Oriente Médio. E, como uma das grandes vítimas da guerra e do nazismo havia sido o povo judeu, a opinião pública em geral era amplamente favorável à criação de uma pátria para esse povo, que vivia espalhado por inúmeros países, em vários continentes. Essa decisão da ONU, de 1947, estabelecia ainda que a cidade de Jerusalém, considerada pelas três principais religiões monoteístas do globo (cristianismo, judaísmo e islamismo) seria proclamada uma área internacional, não pertencente nem ao Estado judaico nem ao árabe ou palestino.
Os árabes – e a Liga Árabe, que havia sido criada em 1945 – discordaram veementemente dessa decisão da ONU, argumentando que o povo local era a maioria da população na área (70% do total) e não foi consultado. Além disso, eles reclamaram do fato de que uma minoria, os judeus, ficou com mais da metade das terras da Palestina (14,1 mil km², ou 57% do total). Mesmo assim, o Estado de Israel foi criado em 1948, apesar da reação dos vizinhos árabes. Logo que a independência de Israel foi proclamada, ele entrou em guerra com os países árabes vizinhos (Egito, Jordânia, Síria, Iraque e Líbano), fato que ocasionou a fuga de 800 mil árabes palestinos, que perderam suas casas e passaram a ser refugiados em países vizinhos. Aí começou o problema dos refugiados palestinos, aqueles que moram em outros países – muitas vezes em campos de refugiados, em tendas improvisadas – e almejam (pelo menos uma parte) um dia voltar à Palestina.
Reunião que criou o Estado de Israel
Esse primeiro conflito entre Israel e os árabes também ampliou a área territorial de Israel: logo o país se expandiu e passou a controlar 75% do território que seria destinado aos palestinos, além de se apossar da parte ocidental da cidade de Jerusalém. Apesar de terem uma população muito maior que a de Israel, os árabes foram derrotados nessa e em várias outras ocasiões porque, desde que foi criado, o Estado judaico conta com a ajuda das potências ocidentais, principalmente dos Estados Unidos, que lhes forneceram e ainda fornecem recursos financeiros e os mais modernos armamentos. Além disso, desde o início Israel conta com militares competentes, ao contrário dos árabes, que eram verdadeiras tribos, pois inúmeros judeus que serviram como oficiais ou soldados na marinha e no exército britânico foram para a nova pátria após a Segunda Guerra Mundial.
OS CONFLITOS ÁRABE-ISRAELENSES
Desde que foi criado, Israel já se envolveu em várias guerras contra os vizinhos árabes. Esse conflito entre Israel e os palestinos é o grande problema do Oriente Médio e fonte de inúmeros conflitos e atos terroristas. A primeira guerra ocorreu em 1948, a segunda em 1956, a terceira em 1967 e a quarta em 1973. Mas além dessas guerras convencionais, existem as guerras não declaradas, ou seja, os conflitos diários nos quais soldados israelenses matam palestinos, terroristas árabes matam israelenses etc.
Palestinos resgatam corpos após ataque israelense
GUERRA DE SUEZ (1956)
Essa guerra foi deflagrada com a nacionalização do Canal de Suez pelo governo do Egito. Israel, apoiado pelos franceses e ingleses, invadiu o norte do Egito, a região da Península do Sinai, de onde se retirou após a pressão da União Soviética e dos Estados Unidos.
Tropas israelenses no Sinai
GUERRA DOS SEIS DIAS
Essa guerra ocorreu após vários ataques terroristas contra Israel, que reagiu bombardeando zonas fronteiriças. Isso levou a uma situação de pré-guerra com os países vizinhos, que finalmente foram invadidos por tropas israelenses, se antecipando a um ataque ao seu território. Nesse conflito, Israel ocupou a Península do Sinai (Egito), as Colinas de Golã (Síria) e a Cisjordânia (Jordânia), além de ter se apossado da parte oriental de Jerusalém, ampliando enormemente a sua extensão territorial.
Em 1973, na guerra do Yom Kippur (o “dia do perdão para os israelenses”) ou do Ramadã (o “período de jejum”, para os árabes), o Egito e a Síria, ajudados pela Jordânia, tentaram, sem sucesso, retomar as áreas de seus territórios anexadas por Israel em 1967.
Com a assinatura dos Acordo de Paz de Camp David, em 1979, Israel concordou em devolver ao Egito a Península do Sinai. Após a devolução dessas terras ao Egito, Israel passou a ter uma área de 20.900 km². Porém, o Estado israelense ainda ocupa outras áreas que, oficialmente, não fazem parte do seu território: as Colinas de Golã (1.500 km²), a parte leste e oriental de Jerusalém (70 km²), a Cisjordânia (5.789 km²) e a Faixa de Gaza (378 km²), sendo que a Faixa de Gaza e a Cisjordânia constituiriam o virtual ou embrionário Estado palestino, onde essas duas áreas estão sob o controle da Autoridade Palestina. Essas áreas, objeto de disputas e negociações, são pleiteadas pelos árabes e, em tese, podem ser ou não devolvidas a eles após negociações que conduzam a uma situação de paz. São as áreas constantemente discutidas nos diversos processos ou negociações de paz que ocorreram nos últimos anos, geralmente promovidos com a intermediação dos Estados Unidos, pois sem a sua participação, dificilmente haverá paz nessa região.
ECONOMIA DE ISRAEL
País mais industrializado do Oriente Médio, Israel possui uma indústria de armamentos bastante desenvolvida, além de indústrias químicas, têxteis, de informática, de material de transportes, de lapidação de diamantes, de produtos eletrônicos etc.
O treinamento militar isralense é rigoroso, onde todos os cidadãos, exceto os judeus ultraortodoxos, deve servir às forças armadas, onde será bem treinado para o combate durante três anos (homens) ou um ano (mulheres). Praticamente, todos os isralenses possuem armas em casa, para a eventualidade de um conflito.
Em 1964, foi fundada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que se tornou a mais importante delas.
Existem várias dificuldades quase incontornáveis para a paz. Mas, o único caminho para selar a paz entre esses dois povos seria a troca de terras por paz, ou seja, Israel devolver as terras que ocupou, inclusive Jerusalém, e conceder uma efetiva soberania aos palestinos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Mas é improvável que isso ocorra, pois existem os radicais judeus que não apenas são contra a devolução de terras, como almejam tomar ainda mais. Eles querem construir um "grande Israel", argumentando que toda essa área seria a terra que Deus (Jeová) lhes teria prometido. E do lado dos árabes existem aqueles grupos radicais que pensam que a guerra só vai terminar no dia em que Israel não mais existir, o que significa que eles querem de volta toda a Palestina.
Um grande problema para Israel e para a paz é a existência dos colonos judeus - geralmente ortodoxos ou radicais - que constroem suas casas em terras palestinas, principalmente na Cisjordânia. Eles tornam difícil a ação do governo de Israel, pois este não consegue desalojá-los sem usar a violência, e se usar terá contra si a opinião pública do país.
Um outro importante problema para a paz é o desejo de retorno dos refugiados palestinos que residem em países vizinhos. As áreas destinadas para a criação do Estado Palestino - a Faixa de Gaza e a Cisjordânia - evidentemente não são suficientes para garantir a volta de todos esses refugiados.
A Faixa de Gaza já é uma das áreas mais superpovoadas do mundo, com baixíssimas condições de vida e sérios problemas de abastecimento de moradias, de abastecimento de água, de rede de esgotos etc. Por esse motivo, nas negociações internacionais, as autoridades israelenses sempre recusam colocar na pauta o direito de retorno dos refugiados palestinos. Essa atitude de Israel se explica pelo fato de que, se aceitar o direito de retorno dos refugiados, logo será pressionado pela comunidade internacional a devolver suas terras ou lhes dar uma indenização, algo em que nem querem pensar.
Em 2002, o governo israelense começou a construir uma obra polêmica e criticada por muitos e até mesmo dentro do país: um muro que irá separar Israel da Cisjordânia. Em 2004, a Corte Internacional de Justiça, que pertence à ONU, considerou esse muro "ilegal e contrário ao Direito Interncaional", mas mesmo assim, ele vem sendo edificado.
Ele impede a livre circulação de pessoas, principalmente de palestinos, muitos dos quais trabalham em Israel, e avança sobre a chamada "Linha Verde", isto é, os limites entre o território de Israel e da Cisjordânia, o que significa que amplia ainda mais a área de Israel. Uma vez terminado, esse muro terá uma extensão de 703 quilômetros, contornando o território da Cisjordânia.
O argumento israelense é que o muro é um instrumento de defesa contra os ataques terroristas. Mas ele passou por cima de muitas propriedades palestinas, cujos moradores foram desalojados e perderam as suas fontes de renda.
Fábrica da Intel em Kiryat Gat - Israel
A população é de aproximadamente 7 milhões de habitantes, sendo que 81% são judeus e 19% árabes, e há cerca de 300 mil trabalhadores de diversas nacionalidades. Israel gasta cerca de 25% a 35% de seu orçamento na defesa, um percentual elevadíssimo, provavelmente o mais elevado de todo o mundo.O treinamento militar isralense é rigoroso, onde todos os cidadãos, exceto os judeus ultraortodoxos, deve servir às forças armadas, onde será bem treinado para o combate durante três anos (homens) ou um ano (mulheres). Praticamente, todos os isralenses possuem armas em casa, para a eventualidade de um conflito.
Soldado israelense em momento de oração
Discute-se muito os motivos de os Estados Unidos apoiarem tão firmemente Israel, a ponto de terem usado seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, em várias ocasiões, para impedir que essa organização internacional pressionasse ou condenasse Israel por causa dos maltratos ou torturas contra os palestinos, ou do fato de ter se apropriado de terras de outros países.
Palestino carrega criança que foi atingida pelos ataques israelenses na Faixa de Gaza
Provavelmente, sem esse apoio estadunidense, Israel já teria sido massacrado pelos países vizinhos ou até mesmo sofrido sérias sanções por parte da comunidade internacional, da ONU.
Alguns chegaram a afirmar que esse apoio estadunidense se deve ao fato de Israel estar em uma região rica em petróleo, sendo assim, uma garantia pelo seu forte poderio militar a favor dos Estados Unidos. Porém, essa interpretação não se sustenta, pois Israel mais atrapalha do que ajuda os interesses petrolíferos e econômicos estadunidenses nessa região. Esse apoio a Israel suscita o ódio dos árabes, principalmente dos mais radicais, que fazem ataques terroristas até mesmo dentro dos Estados Unidos, além de indispor o país com os verdadeiros donos do petróleo, que já nacionalizaram as empresas estadunidenses que exploravam petróleo em suas terras, já fizeram boicotes aos Estados Unidos e subiram demasiadamente os preços desse combustível, fato que prejudica a população norte-americana.
Produção de petróleo no Oriente Médio
Outros afirmam que esse apoio estadunidense a Israel refere-se ao imenso peso da comunidade judaica nos Estados Unidos, que constituem um dos principais lobbies que existem no país, tendo uma grande influência sobre a política externa norte-americana devido ao seu poder na mídia e ao seu peso nas doações para as campanhas eleitorais de vários políticos estadunidenses.
Comunidade judaica nos Estados Unidos
A agricultura israelense baseia-se no cultivo de frutas cítricas, abacate, legumes, trigo, batata etc. Ela é conhecida em todo mundo pelas fazendas coletivizadas - os kibutzim - e pelo sistema de irrigação empregado, que permite aos israelenses cultivar produtos agrícolas em áreas do deserto de Neguev, onde se localiza grande parte dos seus solos.
Cultivo de trigo no deserto de Neguev - Israel
O kibutz - palavra hebraica que significa "ajuntamento", "comunidade", "colônia coletivista", "reunião", e que em Israel significa "grupo" - é uma propriedade coletiva inspirada num ideal socialista de igualdade. Apesar de geralmente se localizar numa zona rural, o kibutz não é voltado somente para a agropecuária. Nessas propriedades também se desenvolvem o artesanato, pesquisas de novas tecnologias para a produção agrícola e até atividades industriais.
Visão aérea de um Kibutz
Embora somente 3,5% da população do país more nos kibutzim, essas fazendas coletivizadas são responsáveis por 40% da produção agrícola exportada e por uma parte da produção industrial de Israel. Os kibutzim, contudo, vêm enfrentando dificuldades ultimamente. Por causa dos conflitos militares e do desinteresse dos jovens pelo ideal de vida coletiva, tem sido difícil a criação de novos kibutzim e até mesmo a manutenção dos já existentes.
Kibutz
Do ponto de vista de seu desempenho na economia e na tecnologia e a boa qualidade de vida, Israel apresenta todas as condições para ser classificado como um país do Norte. Mas, sua existência como Estado e seu desenvolvimento econômico estão intimamente ligados às relações tensas e conflituosas que, desde a sua criação, mantém com os seus vizinhos do Oriente Médio.
Tel Aviv
A DIFÍCIL CRIAÇÃO DE UM ESTADO PALESTINO
A situação do povo palestino constituiu a mais grave e dramática questão do Oriente Médio, com repercussões em todo o mundo por ser o principal motivo para o radicalismo árabe e islâmico, inclusive, para os principais grupos terroristas na região e no mundo.
Militantes do grupo radical Hamas
Com a criação de Israel e as subsequentes guerras, os palestinos em grande parte foram expulsos de suas terras e de suas casas. Boa parte deles foi exilada, passando a viver como refugiados em países vizinhos - ou até em países distantes, como o Brasil. Os que ficaram na Palestina hoje concentram-se em duas áreas: na Cisjordânia (onde há 2,5 milhões de habitantes, sendo que 300 mil deles são colonos judeus) e na Faixa de Gaza (onde há 1,4 milhão de habitantes em apenas 360 km², o que resulta numa das mais elevadas densidades demográficas do mundo: quase 4 mil hab./km²).
Prédios completamente destruídos na Faixa de Gaza pelo Exército israelense
Tendo perdido o seu território e em 1948 e passando a viver como refugiados - ou como populações vigiadas, verdadeiros "cidadãos de segunda classe" nas áreas controladas por Israel -, os palestinos começaram a reagir por meio de ações armadas, entre o fim da década de 1950 e início da década de 1960. Assim, fundaram-se várias organizações palestinas com o objetivo de retomar as suas terras ou de criar o seu Estado.Em 1964, foi fundada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que se tornou a mais importante delas.
Yasser Arafat (1929-2004) - fundador da OLP
Em 1993, depois dos acordos de Oslo, na Noruega, onde palestinos e israelenses discutiram a paz com a intermediação dos Estados Unidos, a OLP passou a constituir a Autoridade Palestina (AP), com jurisdição na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Yitzhak Rabin e Yasser Arafat mediado pelo ex-presidente dos EUA Bill Clinton durante o Acordo de Oslo, na Noruega em 1993.
Mas a morte de Arafat, líder carismático palestino e fundador da OLP, em 2004, e as frequentes denúncias de corrupção de seus líderes, fizeram com que a OLP perdesse grande parte de sua popularidade perante os palestinos. Em 2006 os palestinos votaram a favor da organização terrorista e islâmica fundamentalista Hamas, que passou a controlar a Faixa de Gaza.
Políticos do grupo Hamas
A convivência entre israelenses e palestinos sempre foi problemática, cheia de violência, pelo menos desde 1948. De um lado, as tropas israelenses agem de forma truculenta e não respeitam os direitos dos palestinos, às vezes nem mesmo nos próprios territórios destes: invadem acampamentos, prendem pessoas, espancam mulheres e crianças etc. E de outro lado os grupos terroristas palestinos fazem frequentes ataques terroristas, muitas vezes suicidas, matando dezenas de civis.
Equipe de socorro atendendo vítimas de ataque terrorista em Israel
Um dos capítulos ou momentos mais famosos desse conflito entre palestinos e israelenses começou a ocorrer em 1987, quando a população palestina, sobretudo jovem, inclusive crianças, iniciou um forte movimento de protesto contra a ocupação israelense lançando pedras contra as tropas. Esse movimento, que causou a morte de centenas de jovens palestinos e de alguns soldados israelenses, recebeu o nome de Intifada (rebelião). Também é conhecido como "Revolta das Pedras", pois os jovens palestinos fazem das pedras o seu instrumento de luta.
Jovens palestinos participando da Intifada
Mas as outras intifadas que ocorreram, principalmente no início do século XXI, não foram de pedras, e sim de fuzis, metralhadoras e até lança-foguetes, pois os palestinos passaram a receber ajuda financeira do Irã e eventualmente da Síria.Existem várias dificuldades quase incontornáveis para a paz. Mas, o único caminho para selar a paz entre esses dois povos seria a troca de terras por paz, ou seja, Israel devolver as terras que ocupou, inclusive Jerusalém, e conceder uma efetiva soberania aos palestinos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Mas é improvável que isso ocorra, pois existem os radicais judeus que não apenas são contra a devolução de terras, como almejam tomar ainda mais. Eles querem construir um "grande Israel", argumentando que toda essa área seria a terra que Deus (Jeová) lhes teria prometido. E do lado dos árabes existem aqueles grupos radicais que pensam que a guerra só vai terminar no dia em que Israel não mais existir, o que significa que eles querem de volta toda a Palestina.
Um grande problema para Israel e para a paz é a existência dos colonos judeus - geralmente ortodoxos ou radicais - que constroem suas casas em terras palestinas, principalmente na Cisjordânia. Eles tornam difícil a ação do governo de Israel, pois este não consegue desalojá-los sem usar a violência, e se usar terá contra si a opinião pública do país.
Um outro importante problema para a paz é o desejo de retorno dos refugiados palestinos que residem em países vizinhos. As áreas destinadas para a criação do Estado Palestino - a Faixa de Gaza e a Cisjordânia - evidentemente não são suficientes para garantir a volta de todos esses refugiados.
A Faixa de Gaza já é uma das áreas mais superpovoadas do mundo, com baixíssimas condições de vida e sérios problemas de abastecimento de moradias, de abastecimento de água, de rede de esgotos etc. Por esse motivo, nas negociações internacionais, as autoridades israelenses sempre recusam colocar na pauta o direito de retorno dos refugiados palestinos. Essa atitude de Israel se explica pelo fato de que, se aceitar o direito de retorno dos refugiados, logo será pressionado pela comunidade internacional a devolver suas terras ou lhes dar uma indenização, algo em que nem querem pensar.
Caminhões transportando material de construção na Faixa de Gaza
O MURO DE ISRAELEm 2002, o governo israelense começou a construir uma obra polêmica e criticada por muitos e até mesmo dentro do país: um muro que irá separar Israel da Cisjordânia. Em 2004, a Corte Internacional de Justiça, que pertence à ONU, considerou esse muro "ilegal e contrário ao Direito Interncaional", mas mesmo assim, ele vem sendo edificado.
Ele impede a livre circulação de pessoas, principalmente de palestinos, muitos dos quais trabalham em Israel, e avança sobre a chamada "Linha Verde", isto é, os limites entre o território de Israel e da Cisjordânia, o que significa que amplia ainda mais a área de Israel. Uma vez terminado, esse muro terá uma extensão de 703 quilômetros, contornando o território da Cisjordânia.
O argumento israelense é que o muro é um instrumento de defesa contra os ataques terroristas. Mas ele passou por cima de muitas propriedades palestinas, cujos moradores foram desalojados e perderam as suas fontes de renda.
Desenho feito no muro no lado palestino
Alguns críticos desse muro, inclusive israelenses, afirmam que o seu propósito seria anexar mais terras para as crescentes colônias judaicas da Cisjordânia. A construção desse muro já provocou o confisco de alguns dos principais recursos das aldeias palestinas que ficam no seu percurso, como terras férteis e reservas hídricas. Dezenas de aldeias palestinas ficaram isoladas do lado de dentro do muro, o que obrigou as pessoas a virar mão de obra barata para a indústria israelense.
Fonte: VESSENTINI, José William. Geografia: o mundo em transformação. 1ª edição. Editora Ática: São Paulo, 2009.
Esta é, sem dúvida, uma das melhores explicações que já vi.
ResponderExcluirMuito grata ao autor José Willian e ao professor transmissor do conteúdo Marciano Dantas.
Na certeza que contribuíram muito para enriquecimento do nosso conhecimento.
Abraço de Carla Silbene de Cuiabá-MT.
Valeu Carla, obrigado por acessar o meu blog.
ResponderExcluirPrezado Professor, e a JOSÉ Willian, estão de parabéns !!!
ResponderExcluirAdoro a história de Israel.
Eu estava procurando por mapas do antigo testamento e os países correspondentes hoje em dia, e me deparei com esta maravilhosa explanação sobre o Estado de Israel. Não pude deixar de ler.
Parabéns !! Muito enriquecedor.
Grande abraço de Paulo Roberto - Rio de Janeiro - RJ
* Por acaso teria uma transposição dos mapas mostrando quem são hoje, os paises do VT?
Grato.
Prezados José Willian e ao Prof. Marciano Dias, estava procurando por mapas que relacionassem os países do Velho Testamento c/ os países atuais, na área do Oriente Médio de Ásia, e me deparei com está maravilha de Blog, e não pude deixar de ler todo o artigo, pois sou apreciador da história de Israel.
ResponderExcluirParabéns a todos os colaboradores desta pérola preciosa que só vem enriquecer o nosso conhecimento !!
* Por acaso alguém tem está relação dos países ou um mapa de transposição?
Grato e abraço a todos.
Paulo Roberto. Rio de Janeiro-RJ
Muito obrigado Paulo Roberto, eu vou ver se consigo elaborar esses mapas.
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