quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

LÍDER DE GUERRILHA CHECHENA ASSUME ATAQUE A AEROPORTO DE MOSCOU

Em vídeo, Doku Umarov disse que suicida estava sob suas ordens. Explosão em terminal em Domodedovo matou 36 pessoas em 24 de janeiro.

Da EFE

    Doku Umarov, líder da guerrilha islâmica chechena Emirado do Cáucaso, reivindicou o atentado terrorista de 24 de janeiro contra o aeroporto de Domodedovo, em Moscou, que deixou 36 mortos e outras 200 pessoas feridas.
  Em um vídeo divulgado na noite desta segunda-feira (7) pela internet, Umarov assegurou que o terrorista suicida que detonou a bomba no terminal de Domodedovo atuou sob suas ordens e ameaçou a Rússia com novos ataques.
   Uma fonte dos serviços secretos russos disse à agência "Interfax" nesta terça (7) que a declaração de Umarov era "esperada", pois "necessita permanentemente ser lembrado pela imprensa". "Estamos aprofundando em todas as linhas de investigação e sem falta acharemos o organizador do atentado terrorista", acrescentou.
 Doku Umarov reivindicou atentado contra aeroporto de Moscou através de um vídeo. (Foto: The Kavkaz Center/AP)
   Outro porta-voz dos serviços de segurança disse à agência oficial "Itar-Tass" que "declarações de delinquentes e terroristas não se comentam".
   Poucos dias depois do atentado, o Comitê de Instrução da Rússia declarou que o terrorista suicida foi identificado e que se tratava de um homem de 20 anos oriundo de uma das repúblicas russas do norte do Cáucaso, mas que seu nome seria mantido em segredo para não atrapalhar as investigações.
Posteriormente, a imprensa russa revelou que o terrorista era um antigo estudante de contabilidade procedente da república da Inguchétia, vizinha da Chechênia, chamado Magomed Yevlóev, informação não confirmada pelas fontes oficiais.
Momento do ataque terrorista que matou várias pessoas em Moscou. Fonte: noticias.br.msn
   Os avanços na investigação levaram algumas autoridades a declarar que o atentado havia sido esclarecido, o que originou na semana passada uma forte reprimenda do presidente russo, Dmitri Medvedev, voltada às forças de segurança.
   "Este crime ainda não foi resolvido, embora haja avanços. É preciso trabalhar e não fazer publicidade", afirmou Medvedev ao se reunir com Aleksandr Bórtnikov, chefe do Serviço Federal de Segurança (FSB, antiga KGB).
   O ataque terrorista no aeroporto de Domodedovo foi o mais grave ocorrido na Rússia desde março de 2010, quando um duplo atentado suicida cometido por dois jovens do Cáucaso em estações do metrô de Moscou causou a morte de 40 pessoas e deixou mais de 100 feridos.

Saiba quem é Doku Umarov, o líder da guerrilha chechena

'Emir do Cáucaso' enfrenta Rússia desde luta pela independência chechena. Grupo assumiu atentado que matou 36 no aeroporto de Moscou.
  O "emir do Cáucaso" e chefe do movimento checheno de guerrilha, Doku Umarov, sempre lutou contra as forças russas, primeiro para obter a independência da Chechênia e depois em nome de Alá.
   Este homem, de longa barba escura, transformou-se em junho de 2006 em "presidente" separatista da Chechênia, assumindo as rédeas da guerrilha antirrussa após a morte de seu predecessor, Abdul Khalid Saidulayev, em uma operação militar.
  Na época, era considerado um aliado do movimento radical do sanguinário senhor da guerra Shamil Basayev, a quem nomeou vice-presidente pouco antes de sua morte, em julho de 2006, promovendo-o a Generalíssimo como título póstumo.
   Em outubro de 2007, porém, Umarov distanciou-se dos líderes históricos do combate pela independência da Chechênia - como o "ministro das Relações Exteriores" refugiado em Londres Ahmed Zakayev - e proclamou-se chefe de um "Emirado do Cáucaso", do qual a Chechênia seria apenas uma província, assim como as outras repúblicas caucasianas russas.
  O "Parlamento" checheno no exílio o expulsou da presidência, e Umarov se propôs a propagar o combate para todas as repúblicas da região, como a Inguchétia e o Daguestão, que lentamente afundaram no caos da insurgência islâmica.
  Nascido em 13 de abril de 1964, Umarov cresceu em Harsenoi, uma aldeia do oeste da Chechênia, e formou-se em engenharia numa universidade local. Dois de seus irmãos, Musa e Isa, morreram em enfrentamentos com as forças russas.
  Combatente da primeira guerra da Chechênia (1994-1996), que terminou com o grau de General de Brigada e condecorado com as ordens de "Honra da Nação" e "Heroi da Nação", Umarov foi companheiro de armas de todos os dirigentes separatistas.
Imagens de Grózni, capital da Chechênia após bombardeios russos. Fonte: brasilescola.com
  Sob a "presidência" de Aslan Maskhadov (1997-2005), ocupou vários postos vitais, com destaque para a chefia do Conselho de Segurança e do Estado Maior de Luta contra a Criminalidade, embora tenha sido acusado de sequestros e de ataques contra colaboradores da justiça separatista.
  Sob sua direção, a guerrilha chechena manteve a decadência, dominada pelas forças de Moscou e seus aliados chechenos, dirigidos pelo atual presidente pró-russo Ramzan Kadirov.
  O destino do líder insurgente, chamado por seus colaboradores de Doku Abu Usman, é objeto frequente de especulações. Assim, em junho do ano passado, a imprensa russa o deu por morto após uma operação especial das forças russas.
Doku Abu Usman Fonte: wordpress
  Umarov reivindicou os atentados no metrô de Moscou, que deixaram 39 mortos em março de 2010, afirmando que a ação foi uma vingança contra as operações das forças russas no Cáucaso.
  No último vídeo, gravado - segundo Umarov - no mesmo dia do atentado contra o aeroporto, em 24 de janeiro, que matou 36 pessoas, o líder checheno diz que agiu em nome de Alá e com o objetivo de criar um Estado islâmico livre no Cáucaso do Norte.
Conheça um pouco a Chechênia
Nome: República da Chechênia
Independênciad a Rússia:
Declarada: 1990
Reconhecida: não foi
Capital: Grózni
Imagens de Grózni, capital da Chechênia. Fonte: wordpress
Área: 17.300 km² ()
População: 1,2 milhão de habitantes
Moeda: Rublo
Línguas oficiais: russo e checheno
Geografia e Geopolítica
  Localizada entre os mares Cáspio e Negro, a República tem o predomínio de um relevo acidentado, originado por dobramentos modernos e marcado por montanhas elevadas e pontiagudas.
Montanhas da Chechênia. Foto: Google images
  Seu clima é predominantemente temperado seco, com baixas temperaturas no inverno e nas áreas de elevadas altitudes. Para o governo russo, essa república é estratégica, principalmente em razão da passagem de oleodutos os poços de petróle da região do Mar Cáspio à rede de dutos da Rússia. Parte significativa do petróleo que a Rússia exporta para a Europa vem do Mar Cáspio e passa por esta região.
Imagens do Mar Cáspio. Fonte: Wikipedia
História
  Como parte do Império Russo desde 1959, a região checheno-inguchétia foi incorporada como República Autônoma Socialista Soviética da ChechenoInguchétia durante a fundação da União Soviética. 
Mapa da antiga URSS
  Durante o regime soviético, os chechenos, acusados de colaboração com a Alemanha Nazista (que não chegaram a conquistar a Chechênia), sofreram uma deportação - de natureza genocida - para a então República Socialista Soviética Cazaque (o atual Cazaquistão independente) e depois para a Sibéria, durante a Segunda Guerra Mundial. A república foi abolida entre 1944 e 1957, tornando-se o oblast de Grózni. Depois do colapso da União Soviética, um movimento de independência surgiu na Chechênia, enquanto a Rússia recusava-se a permitir a secessão.
A Primeira Guerra da Chechênia
  Djokhar Dudaiev, presidente nacionalista da República da Chechênia, declarou a independência Chechênia em 1991. Em 1994 o presidente da Rússia Boris Iéltsin enviou quarenta mil soldados para evitar a separação da região da Chechênia - importante produtora de petróleo -, e a Rússia entrou numa guerra que alguns comparam ao que foi a Guerra do Vietnã para os EUA.
Tropas russas na Chechênia
  Os insurgentes chechenos infligiram grandes baixas aos russos. As tropas russas não tinham conseguido capturar a capital chechena, Grózni, até o fim daquele ano. Os russos finalmente tomaram Grózni, em fevereiro de 1995, após pesada luta. Em agosto de 1996 Iéltsin concordou com um cessar-fogo com os líderes chechenos, e um tratado de paz foi formalmente assinado em maio de 1997.
A Segunda Guerra da Chechênia
  O confronto armado foi retomado em setembro de 1999, dando início à Segunda Guerra da Chechênia, tornando sem sentido o acordo de 1997. Os separatistas chechenos ainda pretendiam a independência da Chechênia e organizaram operações na própria república da Chechênia, como também ataques terroristas em outras regiões da Rússia, incluindo Moscou.
  Uma década de guerra deixou a maior parte do território sob controle militar. Guerrilheiros islâmicos chechenos invadiram a vizinha república russa do Daguestão e anunciaram a criação de um estado islâmico. A maioria da população, em ambas as repúblicas, é muçulmana sunita. Os militares russos expulsaram os rebeldes para a Chechênia em setembro, mês em que atentados contra diversos edifícios em cidades russas mataram mais de 300 pessoas. O governo responsabilizou diretamente os separatistas e enviou tropas à Chechênia.
Mortos em uma vala na Chechênia. Fonte: Google images
  Apesar da pressão por um cessar-fogo, o governo da Rússia rejeitou a mediação internacional. Mas as denúncias de massacres, estupros e torturas cometidos pelas tropas russas contra centenas de civis levaram o governo russo a aceitar, em março de 2000, a visita de representantes da ONU à Chechênia. Mas as emboscadas e os ataques suicidas contra as tropas russas prosseguiram, assim como os bombardeios aéreos russos. Em junho de 2000, o presidente Vladimir Putin colocou a Chechênia sob administração direta da Presidência da Federação.
Vladimir Putin
  Em março de 2003, o governo russo organizou um referendo na Chechênia, sobre a nova constituição local, que estabelece subordinação da república a Moscou. A lei foi aprovada por 96% dos eleitores, mas o referendo foi considerado irregular e condenado internacionalmente. Num pleito igualmente criticado, em outubro de 2003, Akhmad Kadyrov, foi eleito presidente da Chechênia, com 81% dos votos.
Akhmad Kadyrov
  Em setembro de 2004, uma escola em Beslan, na república da Ossétia do Norte, foi palco de uma das maiores barbáries da atualidade. Terroristas chechenos aprisionaram, torturaram e mataram crianças, pais e professores. O líder separatista Shamil Bassaiev assumiu a autoria desse e de outros ataques, como a explosão no metrô de Moscou, em fevereiro do mesmo ano.
Escola alvo dos terroristas chechenos em 2004. Beslan - Ossétia do Norte
Repercussões internacionais
  Ao longo dos anos 1990 e até pelo menos meados dos anos 2000, países como a Arábia Saudita e os Estados Unidos se declararam favoráveis à independência da Chechênia. Os governos saudita e paquistanês apoiaram discretamente os separatistas da Chechênia, estabelecendo laços com os grupos de muçulmanos do Cáucaso, que muitas vezes receberam apoio financeiro de organizações árabes muçulmanas do Oriente Médio.
  O apoio da Arábia Saudita aos separatistas chechenos tornou as relações russo-sauditas mais tensas por ocasião do atentado terrorista em Beslan, levando o então Presidente da Rússia, Vladmir Putin, a ameaçar publicamente o governo saudita de retaliação militar, caso um novo atentado daquele tipo ocorresse em território russo.
  O apoio da Geórgia aos separatistas chechenos também é considerado um dos fatores que ajudou a deteriorar as relações russo-georgianas na última década.
  Os países da Organização de Cooperação de Xangai condenam fortemente qualquer iniciativa do tipo separatista, classificadas como associadas ao extremismo e terrorismo. Em 2007 esses países realizaram simulações de uma intervenção militar para imposição da paz em área conflagrada por rebeldes separatistas, em um país fictício no Cáucaso.
Em 2008, em apoio à Ossétia do Sul, a Rússia se envolveu em guerra contra a Geórgia, ao sul da Chechênia.
Tropas da Geórgia lançando foguetes contra os russos em 2008

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