sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

APÓS CONFRONTOS, MULTIDÃO PEDE A RENÚNCIA DO PRESIDENTE DA TUNÍSIA

Na véspera, líder no governo há 23 anos disse que não tentará reeleição. Ele enfrenta onda de protestos contra desemprego, corrupção e repressão.

Do G1, com agências internacionais.
Milhares de pessoas saíram às ruas da capital da Tunísia, Túnis, e outras cidades do país nesta sexta-feira (14) para pedir a saída do presidente Zine El Abidine Ben Ali, apesar do discurso que ele fez na véspera na tentativa de diminuir a tensão em seu país.
Na capital, os manifestantes marcharam pela principal avenida da cidade, sem a intervenção da polícia. A princípio eram dezenas, depois centenas, mas o número foi aumentando.
O presidente enfrenta a pior onda de protestos em seus 23 anos de governo e disse que não vai concorrer novamente ao cargo quando seu mandato terminar, em 2014.
Tunisianos protestam nesta sexta-feira (14) em frente ao prédio do Ministério do Interior, na capital, Túnis. (Foto: Reuters)
Ele também determinou que as forças de segurança parem de usar armas de fogo contra manifestantes, e prometeu que os preços do açúcar, do leite e do pão serão reduzidos.
Os distúrbios continuavam se espalhando pelo país norte-africano, chegando inclusive ao centro da capital.
Dois jovens morreram baleados em confrontos com a polícia em Sliman, cerca de 40 quilômetros ao sul de Túnis, disseram testemunhas à Reuters. No centro de Túnis, pelo menos cinco pessoas ficaram feridas a tiros.
Os manifestantes dizem protestar conta o desemprego, a corrupção e a repressão governamental.Autoridades afirmam que uma minoria violenta se apossou das manifestações para tentar prejudicar o país.
Num emocionado discurso na tarde de quinta-feira, feito em um dialeto local, e não em árabe clássico, Ben Ali anunciou medidas para tentar controlar a situação.
Veículo é queimado durante confronto de rua em Douz, no centro da Tunísia, nesta quinta-feira (13). (Foto: AP)
"Entendo os tunisianos, entendo a suas reivindicações. Fico triste com o que está acontecendo agora, após 50 anos de serviço ao país, de serviço militar, de todos os diferentes cargos, de 23 anos da Presidência."
Ele disse que não pretende ser presidente vitalício e que não irá alterar a Constituição, que proíbe maiores de 75 anos de disputarem a Presidência.
Ben Ali está com 74 anos, e havia ampla expectativa de que promoveria uma reforma para poder concorrer a um novo mandato. Outra promessa de Ben Ali foi a de permitir a liberdade de imprensa.
Saiba mais sobre a Tunísia
Mapa da Tunísia. Fonte: lonelyplanet.com
Nome Oficial: República Tunisina
Gentílico: tunisino, tunisiano, tunetano
Capital: Túnis
Governo: Presidencialismo
Independência: 20 de março de 1956 (França)
Área: 163.610 km² (90º)
População: 10.216.000 hab. (78º)
Densidade: 62 hab./km²(133º)
Cidades mais populosas:
Túnis (993.000 hab.)
Túnis - capital da Tunísia. Fonte: Google Images
Sfax (904.900 hab.)
Sfax - segunda maior cidade da Tunísia. Fonte: Google Images
Nabeul (733.500 hab.)
Nabeul - terceira maior cidade da Tunísia. Fonte: Google Images
Lígua Oficial: Árabe
PIB (PPC): US$ 86,67 bilhões (63º)
Renda per capita: US$ 8.255 (71º)
IDH: 0,683 (81º)
Expectativa de Vida: 73,9 anos (73º)
Mortalidade Infantil: 19,8/mil nas. (95º)
Alfabetização: 74,3% (128º)
Moeda: Dinar Tunisiano
Aspectos Geográficos
A Tunísia, ou República Tunisina, é um país localizado no norte da África que limita a leste pelo mar Mediterrâneo pelo qual faz fronteira com a Itália, próxima à ilha de Pantalaria e ilhas Pelágas, além de fazer fronteira a leste e ao sul com a Líbia e a oeste com a Argélia.
Praia da Tunísia. Fonte: Google Images
As características climáticas que destacam é o mediterrâneo com invernos frios e verões quentes e secos. As temperaturas médias apresentam 12ºC em dezembro e 30ºC em julho, com chuvas moderadas, no sul o clima é desértico.Quanto à cobertura vegetal, apresenta ao norte cobertura do tipo mediterrâneo, além de plantas de característica subtropicais como hibiscos, buganvilles, os aromáticos jasmins, cítricos, oliveiras e videiras.
Vegetação de Garrigue - típica de clima mediterrâneo. Fonte: Google Images
O relevo apresenta, ao norte, áreas montanhosas onde encontra-se os Montes Atlas, no centro do país ocorre a planície, região quente e seca.
A hidrografia do país ao norte percorre um rio perene, no caso o único do país chamado de Medjerda, onde ocorre um grande vale que desenvolve a agricultura.
História
O territóri onde está a Tunísia, foi colonizado no ano de 1.000 a.C., pelos fenícios, povo de origem semita que fundaram Cartago, importante centro comercial do mar Mediterrâneo até a destruição pelos romanos em 146 a.C. Passou então a fazer parte do Império Romano.
Ruínas de Cartago. Fonte: Google Images
Os árabes conquistaram a região no século VII da Era Cristã e transformaram a cidade de Túnis no mais importante centro religioso islâmico do norte da África.
Em 1754, a Tunísia é incorporada ao Império Turco-Otomano e permanece administrada por governadores turcos (beis) até 1881, quando se torna protetorado da França. Na Segunda Guerra Mundial, o país foi ocupado pelos alemães, e tornou-se um palco de combates. Com o fim do conflito floresce o movimento nacionalista tunisiano.
Nacionalismo e ditadura
Em 1956, a França concede independência à Tunísia. Habib Bourguiba, o principal líder nacionalista, é eleito para a presidência em 1959, transformando-se posteriormente em presidente vitalício. Em 1964, seu partido torna-se o único legal.
Habib Bourguiba - principal líder e responsável pela independência da Tunísia. Foto: African Sucess
A invasão do sul do país pela Líbia, em 1980, é prontamente repelida. Greves e manifestações populares marcam os anos 80 e refletem a crescente insatisfação com o governo Bourguiba. Em 1987, o líder é considerado incapaz de governar, sendo substituído pelo primeiro-ministro Zine El Abidine Ben Ali, que revoga a presidência vitalícia e estabelece a liberdade partidária. 
Zine El Abidine Ben Ali - presidente da Tunísia. Foto: Tunisian Imagens
Há uma retomada do crescimento econômico, que chega a 4,8% em 1992, com o incremento do turismo e das relações com a União Européia (UE). Ben Ali e seu partido vencem as eleições de 1994. O governo, porém, é acusado de perserguir a oposição, que no ano seguinte ganha as eleições em 47 prefeituras.
O crescimento do fundamentalismo islâmico preocupa o governo. A condenação do presidente da Liga Tunisiana de Defesa dos Direitos Humanos a cinco anos de prisão, em janeiro de 1998, provoca protestos internacionais. Em maio de 1998, o governo anuncia o plano de privatização de 50 empresas estatais até o final de 1999.
Em novembro de 2001, o presidente Ben Ali anunciou reformas democráticas: criação de um segundo corpo legislativo para reforçar o poder legislativo, dando ao Conselho Constitucional mais poderes para verificar a regularidade de eleições presidenciais e legislativas. Todas as provisões eram parte de uma reforma constitucional adotada pelo referendo popular em maio de 2002. A Segunda Câmara Legislativa, foi inaugurada em agosto de 2005. A forma de Governo da Tunísia é mista. A Assembléia Nacional tem 182 membros eleitos por voto direto para mandato de 5 anos. A constituição está em vigor desde 1959.
Economia
A Tunísia tem uma economia diversificada, com importantes setores de agricultura, mineração, energia, turismo e manufaturas.
As paisagens paradisíacas e históricas contribuem para o desenvolvimento turístico da Tunísia
O controle governamental da economia, apesar de ainda intenso, tem sido gradualmente reduzido desde a última década, com crescente privatização, simplificação da estrutura tributária e um tratamento prudente do endividamento. A taxa real de crescimento atingiu 5% ao ano na década de 1990, e a inflação está diminuindo. O crescimento do turismo e o comércio crescente têm sido elementos chave neste crescimento sustentado. O acordo de associação da Tunísia com a União Européia ganhou força a partir de 1º de março de 1998, e foi o primeiro acordo entre a UE e países mediterrâneos não-europeus. Com o acordo, a Tunísia gradualmente removerá barreiras ao comércio com a UE na próxima década. O alargamento das privatizações, maior liberalização do investimento, principalmente estrangeiro, e melhorias na eficiência governamental estão entre os desafios para o futuro. Em 2008, a Tunísia se tornou um membro plenamente associado da União Européia (status comparável ao ocupado hoje pela Noruega e pela Islândia).
O país é o 40º no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial.

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