quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Mineiro boliviano que ficou soterrado no Chile está pobre e esquecido


Carlos Mamani, o boliviano que ficou soterrado por quase 70 dias junto com outros 32 mineiros na mina San José, no norte do Chile, vive atualmente na pobreza em Copiapó e acompanha de longe o sucesso alcançado pelos outros.

"Acho que cometi um erro no início, porque fechei a porta à imprensa. Não dei entrevistas como alguns de meus companheiros", disse Mamani ao jornal "Las Últimas Noticias".

Jorge Bernal/AF Carlos Mamani (à direita) e sua mulher, Veronica Quispe, foram recebidos pelo presidente da Bolívia, Evo Morales

Segundo ele, enquanto seus companheiros aparecem em programas na televisão americana, são fotografados com os jogadores do Manchester United e estão ganhando dinheiro, Mamani procura emprego e ainda vive o trauma da tragédia na mina.

Mamani, quem vive com sua esposa e a filha em uma casa que não tem água nem rede de esgoto, foi à Prefeitura de Copiapó atrás de um terreno para construir uma casa e não recebeu ajuda.

"A única coisa que me ofereceram foi uma habitação para emergências e nada mais. Esperei e esperei e não deu em nada. Também fui ao governo e me disseram que não podiam fazer nada. Talvez possa sair algo em janeiro, segundo eles, mas não é nada certo", revelou.

Por enquanto, sua única renda é a ajuda de US$ 500 mensais, paga a todos os 33 mineiros que ficaram soterrados de 5 de agosto até 13 de outubro na mina San José.

Em relação à oferta de emprego feita pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, em seu país, Mamani disse: "Não quero comentar o que aconteceu com esse trabalho". "Por enquanto quero ficar no Chile, para ver se aparece algum contrato do filme que querem fazer. Quero estar aqui para assinar e assegurar meus direitos", afirmou.

"Também não sei muito bem em que trabalhar mais adiante. Voltar para uma mina me dá medo, ainda tenho pesadelos", destacou o boliviano de 24 anos. Ele diz que se cansou de pedir ajuda: "Já tenho vergonha de pedir", acrescentou.

Johnny Quispe, sogro de Mamani e que também é mineiro, disse ao jornal "Las Últimas Noticias" que o jovem precisa de mais apoio: "Ele não deu tantas entrevistas nem apareceu como os outros. É que ele é muito humilde".

Omar Reygadas, que também ficou soterrado e se tornou muito amigo de Mamani, ressaltou que o boliviano é muito humilde, mas "muito esforçado" e o aconselhou a ficar no Chile, onde "há mais e melhores oportunidades" em operação de maquinaria pesada, área de interesse de Mamani.
FONTE: BLOG MARI FUXICO

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