A região amazônica contém cerca de um terço das florestas tropicais de todo o planeta, abrigando nada menos que metade de toda a biodiversidade mundial. Ela é responsável por manter o equilíbrio climático e ecológico, além de oferecer abrigo e alimento para uma enorme variedade de animais e pessoas. Apesar de sua importância, a Floresta Amazônica é constantemente ameaçada pela ação do desmatamento.
Entre as causas históricas do desmatamento na Amazônia, podemos destacar a expansão urbana, a exploração madeireira e a expansão da fronteira agropecuária. Calcula-se que, desde a década de 1960 até os dias atuais, foram desmatados em torno de 700.000 km² da Amazônia, cerca de 18% de sua cobertura vegetal. Isso corresponde a uma área equivalente à dos estados do Maranhão, Piauí e Ceará juntos.
|
Mapa do desmatamento na Amazônia |
A devastação da Floresta Amazônica não tem ocorrido com a mesma intensidade em todas as áreas da região. Ela ocorre mais intensamente nas áreas de expansão da fronteira econômica e demográfica que se desloca do Centro-Sul em direção à Amazônia.
Desse modo, a devastação segue certa distribuição geográfica, estendendo-se pela área conhecida como "arco do desflorestamento". Esse arco estende-se desde o Maranhão, passando por Pará e Tocantins, norte de Mato Grosso, Rondônia e chegando ao Acre.
|
Em rosa, a área do Arco do Desmatamento da Amazônia |
A devastação acompanha, de maneira geral, os projetos de ocupação implantado pelo governo federal na região. No Tocantins e no Maranhão, a devastação é mais intensa ao longo da rodovia Belém-Brasília; no Pará, nas proximidades da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, do Projeto Grande Carajás e na região da cidade de Paragominas, onde foram implantados vários projetos agropecuários; no norte do Mato Grosso, ocorre principalmente nas áreas ocupadas pela expansão da monocultura da soja e da pecuária extensiva; estende-se até Rondônia, ao longo da rodovia Cuiabá-Porto Velho, e alcança os arredores de Rio Branco, capital do Acre.
Na Amazônia Legal, o desmatamento é bastante intenso nos estados de Rondônia, Mato Grosso, Maranhão e Pará, formando a área que se denomina arco do desmatamento.
Nos últimos anos, a abertura de pastagens para a pecuária na Amazônia é responsável por 75% das áreas desmatadas, muito delas de forma ilegal.
|
Imagem de satélite que mostra queimada e desmatamento em Rondônia |
O desmatamento da Amazônia é preocupante devido aos danos ambientais que provoca como a extinção de espécies vegetais e animais, a erosão do solo, o assoreamento dos rios e a emissão de gases de efeito estufa.
A devastação também afeta a precipitação, diminuindo a quantidade de chuvas e o volume dos rios. Calcula-se que o processo de evapotranspiração na Amazônia é responsável por mais de 50% da chuva que ocorre nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Com a cessação da evapotranspiração, países mais distantes também seriam afetados, causando prejuízos para a agricultura e para a produção de alimentos.
|
O desmatamento é a principal causa das constantes secas que a região da Amazônia vem enfrentando nos últimos anos |
As intervenções humanas na Amazônia, como em qualquer meio natural, não podem ser realizadas de forma irresponsável e predatória; é preciso planejá-las. Há também a necessidade de os governos estaduais e federal resolverem a questão da posse da terra entre os vários protagonistas sociais. Especialistas sugerem como solução para a exploração econômica da região a implantação do desenvolvimento sustentável. E para minimizar os conflitos sociais, apontam a urgência da aplicação de uma política fundiária ou de terras que contemple democraticamente todos os envolvidos na questão.
|
O desenvolvimento sustentável é uma das soluções para preservar a Floresta Amazônica |
Para muitos especialistas em ecologia e biologia, as rodovias Belém-Brasília e Cuiabá-Porto Velho, foram o berço da criação do arco do desmatamento da Amazônia. O sucesso de ambas as estradas deram vida à construção de mais rodovias, que tiveram um maior povoamento por sua extensão, o que acarretou no desmatamento de inúmeras regiões de diferentes estados.
Nos últimos anos, os satélites da NASA (Agência Espacial Norte-Americana) constataram que a agricultura mecanizada é responsável por desflorestar a Amazônia com bastante agressividade. Como resultado disso, a região sofre com alterações no solo, mudanças climáticas e perda da biodiversidade.
|
Imagem de satélite da NASA na região da Amazônia |
A gradual transformação da paisagem amazônica, ocasionada pelo avanço da fronteira econômica, produziu uma extensa mancha com cobertura florestal em franco declínio em forma de arco, facilmente visualizável em imagens de satélites. No final dos anos 1990, essa área - foco prioritário das políticas de combate ao desmatamento - passou a ser identificada como o "arco do desmatamento".
Atualmente, esse arco corresponde ao território de 256 municípios, onde a expansão do corte de florestas tem sido observada de forma mais intensa. Nessa área se concentra aproximadamente 75% do desmatamento bruto de toda a Amazônia brasileira. É também chamado de "arco do povoamento adensado" por alguns autores, uma vez que a conotação do nome pelo qual ficou mais conhecido é evidentemente negativa.
|
A expansão de áreas de pastagens é um dos fatores que contribuem para aumentar a área do "arco do desmatamento" na Amazônia |
O cultivo da soja é o principal responsável pelo desmatamento da região. As grandes empresas ocupam espaços no campo antes ocupado por culturas familiares diversificadas e pela floresta, reduzindo o emprego no campo e a capacidade de produção de alimentos tradicionais, comprometendo a segurança alimentar da população, além da extinção de espécies vegetais e animais.
|
O desmatamento na Amazônia ameaça muitas espécies de rãs de árvore, que são muito sensíveis às mudanças ambientais |
REFERÊNCIA: Valquíria, Garcia Pires
Projeto Mosaico: geografia /ensino fundamental / Valquíria Pires Garcia, Beluce Bellucci. - 1. ed. - São Paulo: Scipione, 2015.