O Pan-arabismo foi uma corrente que aglutinou forças de oposição aos governos de países árabes que eram controlados pelas potências europeias. Essa corrente surgiu no contexto da crise do sistema colonial, a partir da junção das forças de resistência ao nazismo no Marrocos, na Líbia, na Tunísia, no Egito e no Sudão, com os grupos anticolonialistas da Arábia Saudita, do Iêmen, do Iraque, da Jordânia, do Líbano e da Síria.
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Mapa com os países que aderiram ao Pan-arabismo |
Esse movimento reuniu países de língua e da civilização árabe numa grande comunidade de interesses. Foi um movimento para a unificação entre entre as populações e nações árabes do Oriente Médio e do Norte da África e que possui estreita vinculação com o nacionalismo árabe. O movimento era baseado em princípios nacionalistas, seculares e estatizantes, opondo-se ao colonialismo e à política ocidental de envolvimento do mundo árabe.
As origens do Pan-arabismo podem ser encontradas desde o início da História Contemporânea do Oriente Médio, com o desmembramento do Império Otomano ao final da Primeira Guerra Mundial. Após a criação da Liga Árabe, em 1945, e do surgimento do Nasserismo - movimento político populista, laico, modernizador e vagamente "socialista" -, o movimento ganhou força.
Com a conquista do poder na Síria, em 1961, e no Iraque, em 1963, o Partido Baas (Partido Pan-Árabe Socialista) - partido reformista, modernizador e pan-árabe - passa a pregar a unificação dos Estados árabes, competindo com o Nasserismo e suplantando como um alternativa mais consistente na luta pelo Pan-arabismo, tanto em termos ideológicos como pragmáticos.
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Países árabes e de maioria religiosa islâmica |
O presidente egípcio, Gamal Abdel Nasser era o principal articulador do chamado pan-arabismo, e propunha a união de todos os países de maioria árabe-muçulmana como forma de fortalecer a cultura e a causa islâmica frente ao mundo Ocidental. Em função da identificação do Egito com o Islã, o país estava mais próximo do Oriente Médio, do ponto de vista cultural e político, do que dos países da África. Nasser lutava também contra os interesses estrangeiros no Egito e a descolonização da África por parte das potências europeias.
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Gamal Abdel Nasser (1918-1970) |
Durante a Segunda Guerra Mundial, os líderes árabes passaram a discutir a formação de uma instituição que congregasse as forças e os interesses das mais diferentes populações árabes. Ao final da Segunda Guerra Mundial, foi criada a Liga Árabe, que tinha como destaque primordial as gigantescas diferenças entre os objetivos de cada um de seus membros, e isso foi a grande característica do movimento pan-arábico: as eternas diferenças de objetivos entre os países e seus líderes.
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Riade - capital da Arábia Saudita |
Dois fatores contribuíram bastante para a consolidação do pan-arabismo: a criação do Estado de Israel, em 1948, e a derrota dos países da Liga Árabe na tentativa de destruir o recém- criado país. A derrota uniu, em parte, os árabes num sentimento de revanche contra Israel.
A implantação da Guerra Fria entre soviéticos e norte-americanos levou os árabes a adotar um certo sentimento terceiro-mundista que preconizava independência de ação ideal para com os Estados Unidos e com a União Soviética.
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Damasco - capital da Síria |
Dentro do contexto da Guerra Fria, o pan-arabismo passa a valorizar a independência do Terceiro Mundo e o movimento anti-sionista (Israel), surgindo daí, o mais importante líder do movimento: Gamal Abdel Nasser, que havia liderado, em 1952, uma revolta contra o rei Faruk - que acabou abdicando do trono. Nasser ganhou notoriedade mundial ao nacionalizar o Canal de Suez, que até então estava sob o domínio internacional (principalmente britânico) e utilizar os lucros oriundos da travessia do canal para a construção da Barragem de Assuã. Essa decisão fez com que Nasser submergisse do conflito como o maior porta-voz do mundo árabe, tanto nas relações com os Estados Unidos, Europa e ONU, quanto no conflito com Israel.
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Represa de Assuã, no Egito |
Uma das consequências dessa fase de auge do pan-arabismo foi o interesse árabe em redefinir as cláusulas estabelecidas com as empresas estrangeiras de exploração de petróleo. Essa discussão levou à criação da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), em 1960, e da Organização dos Países Árabes Exportadores de Petróleo (OPAEP), em 1968, bem como a finalização do Acordo de Teerã, em 1971. O conjunto dessas medidas redefiniu as relações entre produtores, exportadores e consumidores de petróleo.
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Teerã - capital do Irã |
Com a morte de Nasser, em 1970, o movimento enfraqueceu, tendo ressurgido - porém de forma tímida -, no início da década de 1990, com o presidente iraquiano, Saddam Hussein, que se declarava como grande líder do mundo árabe contra as potências capitalistas ocidentais e Israel.
A Guerra do Golfo (1990-1991), não só colocou Saddam Hussein como "grande inimigo" do Ocidente, como também fez com que o próprio mundo árabe acabasse por ficar na defensiva, fato este verificado pelos cinco anos seguintes à Guerra do Golfo, em que os membros da Liga Árabe não se reuniram.
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Bagdá - capital do Iraque |
A ascensão de Anuar Sadat no Egito, colocou o país numa trilha de aproximação com Israel e com o Ocidente, em especial os Estados Unidos. Como resultado dessa aproximação, foi assinado o Acordo de Camp David, em 1978, e que selou a paz entre Israel e Egito, sob a batuta do governo norte-americano. Esse posicionamento egípcio acabou isolando o país africano dos demais países árabes, que não aceitaram a política de aproximação egípcia com o Ocidente.
Atualmente, pouco restou das tentativas de unificação árabe. Hoje, há muito mais a intenção de cooperação do que propriamente integração ou união árabe.
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Cairo - capital do Egito |
FONTE: Terra Lygia
Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil / Lygia Terra, Regina Araújo, Raul Borges Guimarães - 2. ed. - São Paulo: Moderna, 2013.