terça-feira, 25 de abril de 2017

ARÁBIA SAUDITA: O MAIOR EXPORTADOR MUNDIAL DE PETRÓLEO

  A Arábia Saudita é o maior país do Oriente Médio, com 2.149.690 km², constituindo a maior parte da Península Arábica. Com a segunda maior reserva de petróleo e a sexta maior reserva de gás natural do mundo, a Arábia Saudita é o maior exportador mundial de petróleo e um dos mais poderosos do mundo, além de ser uma grande potência regional. O país é membro do Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo Pérsico, da Organização da Conferência Islâmica, do G20 e da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Mapa da Arábia Saudita
GEOGRAFIA
  A Península Arábica é uma região desértica, com poucas áreas propícias ao estabelecimento de núcleos de povoamento permanente (oásis e áreas litorâneas).
  A Península Arábica era, há muito tempo, conectada com o Norte da África. Nessa época, o Mar Vermelho não existia e, sob o ponto de vista físico, apresentava algumas similaridades com a atual região, dentre elas, a predominância do clima desértico. Isso é possível constatar pela presença do deserto da Arábia.
  Habitada historicamente por povos árabes, a Península Arábica compreende hoje Arábia Saudita, Kuwait, Iêmen, Omã, Emirados Árabes Unidos e Catar. Tais países se destacam pela produção de petróleo e, em contrapartida, pela escassez de água e solos disponíveis para a agricultura.
Caravana de viajantes e camelos no Deserto da Arábia
  O clima da Arábia Saudita é predominantemente desértico, com grande amplitude térmica diária, possuindo verões bastante quentes e secos e invernos suaves na costa e seco no interior. É frequente no país a ocorrência de tempestades de areia e poeira. O país conta também com oásis férteis e regiões de pastos. A região de Asir, localizada no sudoeste do país, é influenciada pelas monções do Oceano Índico, que geralmente acontecem entre outubro e março. Uma média de 300 milímetros de chuvas ocorre durante este período, que representa cerca de 60% da precipitação anual.
Paisagem do deserto da Arábia
  Na maior parte do país, a vegetação limita-se a ervas e arbustos. A tamareira é uma árvore típica do país, sendo encontrada principalmente nas áreas de oásis. A fauna saudita é composta por lobos, hienas, babuínos, gazelas, órix (um tipo de antílope), camelos e leopardos, dentre outros animais, principalmente de pequeno porte que habitam o deserto. Animais selvagens como o órix, têm sido exterminados por empresas de caça sauditas que recorrem ao uso de metralhadoras. A área costeira do mar Vermelho, em especial os recifes de coral, possui uma fauna marítima bastante rica.
  A principal característica topográfica da Arábia Saudita é o Planalto Central, que se eleva abruptamente do Mar Vermelho e desce gradualmente para o Néjede (região central da Península Arábica) e para o Golfo Pérsico. Na costa do Mar Vermelho há uma estreita planície costeira, conhecida como Tihamar. A província sudoeste de Asir é montanhosa e nela encontra-se o ponto culminante do país, o monte Jabal Sawda, com 3.133 metros.
Jabal Sawda - ponto culminante da Arábia Saudita
  Praticamente não há rios ou lagos no país, mas há numerosos uádis (leito seco de rio no qual as águas correm apenas na estação das chuvas). As poucas áreas férteis são encontradas nos depósitos aluviais em uádis, bacias ou oásis. Desertificação, esgotamento dos recursos aquáticos subterrâneos, a falta de rios ou lençóis permanentes de água doce levou à construção de grandes instalações de dessalinização da água do mar. Os constantes derrames de petróleo são responsáveis pela poluição costeira.
Uádi no deserto da Arábia - Arábia Saudita
  As fronteiras com a Jordânia, o Iraque e o Kuwait foram estabelecidas por uma série de tratados negociados nos anos 1920, que criaram duas "zonas neutras" - uma com o Iraque e outra com o Kuwait. A zona neutra Kuwait-Arábia Saudita foi administrada conjuntamente em 1971, com cada Estado partilhando igualitariamente os recursos petrolíferos da zona.
  Tentativas de acordo para a partilha da zona neutra Kuwait-Arábia Saudita chegaram a um termo em 1981, sendo finalizadas em 1983. A fronteira sul do país com o Iêmen foi parcialmente definida em 1934 com o Acordo de Taif, pondo fim a uma breve guerra fronteiriça entre os dois Estados. Um tratado adicional assinado em junho de 2000 delineou porções da fronteira entre os dois países. A localização e status da fronteira entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos não está finalizada; a fronteira de fato reflete a um acordo de 1974. A fronteira entre a Arábia Saudita e o Catar foi definida em março de 2001.  A fronteira com o Omã ainda não está demarcada.
Peregrinos na cidade de Meca
HISTÓRIA
  Muitos povos têm vivido na península Arábica ao longo de mais de cinco mil anos. A cultura Dilmun, ao longo da costa do Golfo Pérsico, era contemporânea dos sumérios e dos antigos egípcios, e a maior parte dos impérios do mundo antigo estabeleceu trocas comerciais com os estados da península. O território que hoje faz parte da Arábia Saudita foi a pátria dos semitas que, desde o início do quarto milênio a.C., deslocaram-se para a Mesopotâmia e para a Palestina. Os sabeus habitavam o sudoeste dos atuais territórios da Arábia Saudita e do Iêmen por volta de 700 a.C.
  No primeiro milênio a.C., o reino Mineu estava bem estabelecido ao longo da costa do Mar Vermelho; era um povo nômade e pastores. Depois, os nabateus se estabeleceram um pouco mais ao norte. A região foi objeto de luta pela hegemonia entre os etíopes e os persas. A partir do século V, Meca substituiu, em importância, a cidade nabatea de Petra.
Cidade antiga de Petra, Arábia Saudita
  Por volta do século VI, mais de trezentas tribos de origem semita habitavam a região, incluindo as tribos urbanas que habitavam a faixa costeira do Mar Vermelho e do sul da península - área com melhores condições climáticas e maior fertilidade do solo. Essas tribos concentravam-se principalmente em Meca, sua principal cidade, e em Iatreb (atual Medina).
  A importância de Meca era decorrente de seu valor comercial e religioso, uma vez que lá se encontrava a Caaba, santuário em que depositavam as imagens dos diversos ídolos representando os deuses das tribos árabes. A tribo dos coraixitas detinha grande poder e prestígio e controlava a cidade de Meca.
Caaba
  Nascido em 570 e oriundo de uma família humilde da tribo coraixita, Maomé passou a difundir uma nova fé. Seus ensinamentos continham influências judaicas e cristãs e pregavam a existência de um deus único, Alá. Depois da morte de Maomé, os fundamentos de sua crença - denominada de islamismo - foram reunidos em um livro sagrado, o Corão ou Alcorão.
  Maomé condenava a peregrinação das tribos até Meca para idolatrar os vários deuses representados na Caaba. Sentindo-se ameaçados, os coraixitas repudiaram a nova religião e expulsaram Maomé e seus seguidores, os quais se instalaram na cidade vizinha de Iatreb (que teve seu nome mudado para Medina, que significa "cidade do profeta"). Essa fuga caracterizou, em 622, a Hégira, evento que foi tomado como marco do início do calendário muçulmano.
Profeta Maomé recitando o Alcorão em Meca (gravura do século XV)
  Bem recebido em Iatreb, o profeta conseguiu o apoio dos comerciantes locais e a ajuda dos beduínos, que formaram um exército para conquistar Meca. Em pouco tempo, todos os povos árabes da península converteram-se ao islamismo, o que os unificou.
  Após a morte de Maomé, em 632, o esforço de expansão religiosa prosseguiu. Esse empenho é chamado no islamismo de Jihad, que significa a dedicação, a luta por conseguir a fé perfeita em sua própria consciência e na daqueles que ainda não a conhecem. Também foi tida como a "guerra santa" contra os infiéis ou inimigos do islã.
  Conquistada Meca, o Império Islâmico começava a se formar; conduzido pelo poder dos califas, como eram chamados os líderes árabes, ao mesmo tempo chefes religiosos e políticos.
Profeta Maomé orando na Caaba (gravura otomana do século XVI)
  Com a morte de Maomé a discordância eclodiu sobre quem iria sucedê-lo como líder da comunidade muçulmana. Abu Bakr, um companheiro e amigo próximo de Maomé, foi nomeado primeiro califa. Durante a liderança de Abu Bakr, os muçulmanos se expandiram para a Síria, depois de derrotar uma rebelião de tribos árabes em um episódio conhecido como as Guerras Ridda, ou Guerras de Apostasia. Nessa época, o Alcorão foi compilado em um único volume.
  A morte de Bakr, em 634, resultou na sucessão de Umar ibn al-Khattab como califa, seguido por Uthman ibn al-Affan, Ali ibn Abi Talib e Hasan ibn Ali. Os primeiros califas são conhecidos como al-khulafã ar-rashidun (califas bem orientados). No governo deles, o território sob o domínio muçulmano expandiu profundamente em regiões persas e em territórios bizantinos.
  Quando Umar foi assassinado pelos persas em 644, a eleição de Uthman como sucessor foi recebida com uma crescente oposição. Cópias padrão do Alcorão foram distribuídos em todo o Estado islâmico. Em 656, Uthman também foi morto e Ali assumiu o cargo de califa. Após a primeira guerra civil (Primeira Fitna), Ali foi assassinado por carijitas em 661. Após um tratado de paz, Muawiya I chegou ao poder e começou a disnastia Omíada. Ele transferiu a capital de Medina para Damasco, na Síria e a península Arábica começou a perder importância como centro político e religioso do Império.
Mapa da expansão islâmica
  Durante o século VIII, o Império Árabe abarcou à África do Norte, o sul da Espanha, o Afeganistão e o Paquistão. A partir de 750 começou a fragmentar-se em Estados menores. Durante mais de mil anos, muitas tribos guerreiras controlaram as diversas regiões que compõem a maior parte da Arábia. No início do século XVI, os turco-otomanos conquistaram Hejaz e partes de Asir.
  A Dinastia Saud, que em meados do século XV havia dominado uma pequena área ao redor da aldeia de Dariah, ocupou uma posição secundária nas disputas de poder até meados do século XVIII. Nessa época, o governante saudita Muhammad ibn Saud formou uma aliança com o reformador religioso Muhammad ibn Abd al-Wahhab, líder da seita vaabita.
  Ibn Abd al-Wahhab condenava o crescente abandono dos ensinamentos do islamismo na Arábia e pregava a obediência do povo às leis muçulmanas. O movimento vaabita rapidamente tomou conta da maior parte da Arábia. A família Saud ampliou o Estado saudita, assumindo o controle das regiões convertidas ao vaabismo.
Al Hofuf - com uma população de 1.229.807 habitantes (estimativa 2017) é a quinta maior cidade da Arábia Saudita
  No início do século XIX, o governante otomano do Egito atacou o Estado saudita para pôr fim à sua expansão. A família Saud lutou para reconquistar os territórios perdidos nesse conflito e, por volta de 1843, seu exército havia reconquistado a maior parte da Arábia.
  O Reino Unido criou protetorados ao longo das costas sul e leste da Arábia durante o século XIX. Mas os líderes tribais árabes ainda governavam a maior parte da imensa região do interior.
  Depois de 1865, disputas entre clãs provocaram uma guerra civil e o consequente enfraquecimento do poder saudita. Por volta de 1891, a maior parte da Arábia encontrava-se dividida entre os diversos chefes tribais e os otomanos. Abud al-Raman ibn Saud, teve que exilar-se no Kuwait.
Taif - com uma população de 1.142.818 habitantes (estimativa 2017) é a sexta maior cidade da Arábia Saudita
  Em 1902, Abd al-Aziz ibn Saud, filho de Abud, apoiado pelos vaabitas, comandou do Kuwait uma ofensiva e conquistou Riad. Durante os anos que se seguiram, Ibn Saud empenhou-se na conquista do território, anteriormente governado por seus antepassados, e no restabelecimento do movimento vaabita. Em 1932, ele proclamou a união do Reino da Arábia Saudita. Com as divisas do petróleo, desenvolveu um amplo programa de modernização, fortaleceu as relações com outros estados do Oriente Médio e adotou uma política de amizade com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha.
Mapa da Arábia Saudita, em 1914
  Em 1953, foi sucedido por Ibn Abdul Aziz Saud, que defendeu a neutralidade árabe na Guerra Fria. Como consequência da nacionalização do Canal de Suez e depois do ataque dos israelitas, britânicos e franceses sobre o Egito em 1956, a Arábia Saudita rompeu relações diplomáticas com a Grã-Bretanha e com a França, e lhes cortou o suprimento de petróleo. Em 1957, iniciou acordos com os Estados Unidos. As relações com o Egito haviam se deteriorado e, após a revolução do Iêmen, em 1962, rompeu relações diplomáticas, pois o governo egípcio apoiava o novo governo republicano.
  O príncipe Faysal sucedeu no trono a Saud em 1964. Em 1967, diante da intensificação do conflito árabe-israelense, na Guerra dos Seis Dias, o rei manifestou seu apoio ao presidente egípcio Gamal Abdel Nasser, que enviou soldados para enfrentar Israel.
  Durante a guerra árabe-israelense, em 1973, a Arábia Saudita participou do boicote do petróleo árabe aos Estados Unidos e aos Países Baixos. Como membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), o país juntou-se a outros países-membros, elevando moderadamente o preço do petróleo, em 1971.
 Em 1975, o rei Faysal foi assassinado e sucedido pelo príncipe Jalid, embora o príncipe herdeiro Fahd ibn Abd al-Aziz tenha tomado o poder.
Imagem de satélite da Arábia Saudita
  O país manteve sua linha conservadora e sua influência na OPEP para manter o incremento do preço do petróleo no mercado internacional. A inflação interna e o difícil cumprimento de programas de desenvolvimento foram problemas contínuos. Em 1977, a Arábia Saudita mostrou-se contra a política conciliadora do presidente egípcio Anwar Al Sadat, colocando-se contra Israel. Depois do Acordo de Camp David, em 1978, entre Israel e Egito, a Arábia Saudita rompeu relações com o Egito em 1979.
  Em junho de 1982, o então rei Khalid faleceu e Fahd tornou-se rei e Primeiro-Ministro numa suave transição. Um outro meio-irmão, o Príncipe Abdalá, comandante da Guarda Nacional Saudita, foi nomeado príncipe herdeiro e principal Primeiro-Ministro. Outro irmão do rei Fahd, o príncipe Sultan, então ministro da Defesa e da Aviação, tornou-se o vice Primeiro-Ministro.
Dammam - com uma população de 1.045.281 habitantes (estimativa 2017) é a sétima maior cidade da Arábia Saudita
  A Arábia Saudita apoiou a navegação neutra no Golfo Pérsico durante a guerra Irã X Iraque e ajudou a economia iraquiana a se erguer após a guerra. O rei Fahd desempenhou um importante papel na realização do cessar fogo entre o Irã e o Iraque, assim como na organização e no fortalecimento do Conselho de Cooperação do Golfo, um grupo de seis países árabes dedicados à implementação da cooperação econômica regional e do desenvolvimento pacífico.
  Em 1990-91, o rei Fahd desempenhou um papel-chave antes e depois da Guerra do Golfo: a Arábia Saudita acolheu a família real kuwaitiana, além de 400.000 refugiados e de permitir que as tropas norte-americanas e aliadas se instalassem em seu território. Forças sauditas lutaram contra o Iraque na Guerra do Golfo.
Caças F-15 ES dos Estados Unidos estacionados na Arábia Saudita durante a Guerra do Golfo
  Quando o então rei Fahd sofreu um enfarte, em novembro de 1995, seu sucessor, o príncipe-herdeiro Abdallah assumiu o trono, que durou até 22 de janeiro de 2015, quando faleceu. O seu sucessor foi seu meio irmão, Salman bin Abdalazis Al Saud, que depois passou o trono para o seu sobrinho Mohammed bin Nayef.
  Em meados da década de 1990, a situação econômica do país agravou-se. Em primeiro lugar, a era de abundância de dólares tinha chegado ao fim, pois, além da concorrência dos países filiados à OPEP, os países não-filiados passaram a adotar uma política comercial agressiva no mercado mundial de petróleo. Em segundo lugar, os gastos militares realizados durante e depois da Guerra do Golfo geraram um grande déficit fiscal.
  Em 1995, o governo saudita procurou ajuda financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI). Nessa época, a oposição fundamentalista islâmica realizou alguns atentados terroristas contra as tropas ocidentais no país. A crise econômica do Sudeste Asiático, em 1997, acarretou a redução da demanda de petróleo no mercado mundial, baixando os preços do produto.
  Em 1999, a OPEP adotou diretrizes para diminuir a produção e pressionar o aumento do preço do petróleo. A ação da OPEP, a recuperação econômica dos Tigres Asiáticos e a manutenção do crescimento da economia norte-americana fizeram o consumo do produto aumentar, elevando o preço do barril de petróleo.
Paisagem do deserto da Arábia, na divisa entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes
  Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, a Arábia Saudita rompeu relações diplomáticas com o Afeganistão. Mas, apesar de apoiar a luta contra o terror, o país não permitiu que os norte-americanos usassem seu território como base para atacar o Afeganistão.
  A partir de 18 de dezembro de 2010, uma onda revolucionária de manifestações e protestos ocorreram no Oriente Médio e no Norte da África. Os protestos compartilharam técnicas de resistência civil em campanhas sustentadas envolvendo greves, manifestações, passeatas e comícios, bem como o uso das mídias sociais para organizar, comunicar e sensibilizar a população e a comunidade internacional em face de tentativas de repressão e censura na Internet por parte dos Estados.
  Na Arábia Saudita, a minoria xiita da região oriental petrolífera implementou uma manifestação pacífica para exigir a libertação de ativistas detidos e contra o autoritarismo do governo. Essa minoria foi às ruas e fez pequenos protestos, sendo sufocados pela própria falta de visibilidade garantida pela censura da monarquia sunita, conhecida por seu conservadorismo.
  Para controlar a rebelião, o governo saudita realizou um pacote de subsídios de 35 bilhões de dólares para a população saudita, além de uma ajuda para os jovens desempregados, empréstimos para habitação e aumentos salariais de 15% para funcionários públicos.
Protestos durante a Primavera Árabe, na Arábia Saudita
ECONOMIA
  A Arábia Saudita é o mais rico dos países da Península Arábica. Possui em seu território, além de grandes reservas de petróleo, gás natural em abundância. Cerca de 75% das receitas orçamentais e 90% das receitas de exportação do país vêm da indústria petrolífera. Nos últimos anos, o governo árabe vem tentando promover o crescimento do setor privado através da privatização de setores como a energia e as telecomunicações.
  Na década de 1990, a Arábia Saudita sofreu uma contração significativa das receitas de petróleo, combinados com uma elevada taxa de crescimento populacional. A renda per capita saudita caiu abruptamente. Porém, o aumento do preço do produto entre 2008 e 2009, provocou um boom econômico.
Produção de petróleo na Arábia Saudita
  A agricultura e a pecuária são atividades básicas na Arábia Saudita. Os principais produtos agrícolas do país são a tâmara e cereais. As áreas que cultivam tais culturas se encontram nas proximidades do Mar Vermelho, locais que apresentam uma umidade significativa. Para tentar aumentar a produção agrícola do país, o governo saudita vem promovendo a irrigação artificial em áreas desérticas, dessalinizando a água do Mar Vermelho e usando para a produção agrícola.
  Na pecuária, destaca-se a criação de camelos, além de cavalos da raça árabe, jumentos, cabras e ovelhas. As principais indústrias do país são, além da petroquímica, a de peles, tapetes, material elétrico, cimento, gesso e adubos químicos.
Khamis Mushait - com uma população de 728.784 habitantes (estimativa 2017) é a oitava maior cidade da Arábia Saudita
  Outra atividade bastante crescente no país é o turismo religioso, graças as cidades históricas de Meca e Medina.
As cidades históricas de Meca e Medina
  A fé islâmica apresenta cinco pilares centrais: a oração (salat), a peregrinação anual à cidade sagrada de Meca (hadj), o jejum realizado no mês do Ramadã (sanm), a doação do dízimo (zakat) e a submissão a Deus e a seu profeta Maomé (shahada). Dentre esses pilares, o mais difícil de concretizar para a maioria dos muçulmanos é o hadj, já que este envolve, em alguns casos, longas viagens e um gasto considerável de dinheiro e tempo. Ainda assim, é considerado um dever de todo muçulmano realizar o hadj ao menos uma vez na vida e, há muitos séculos, pessoas de várias partes do mundo, do oeste da África à Indonésia, realizam a peregrinação. Dentre estes, a maioria segue o costume milenar de visitar, ao longo do caminho, centros importantes do islamismo, como a cidade de Damasco, na Síria, e principalmente a cidade de Medina, também na Arábia Saudita, a segunda cidade mais sagrada do Islã, pois foi o local onde o profeta Maomé fundou sua comunidade.
  Já para os governantes dessas cidades, o hadj sempre representou uma fonte de poder político e econômico; em contrapartida, eles são responsáveis por garantir a segurança e oferecer a infraestrutura necessária para acomodar os fiéis durante as preces coletivas e também nas horas de descanso. Em Medina foram erguidas grandes estruturas para proteger os fiéis do sol do Deserto da Arábia.
Medina - com uma população de 1.365.914 habitantes (estimativa 2017) é a quarta maior cidade da Arábia Saudita
DEMOGRAFIA
  A população da Arábia Saudita é composta principalmente por árabes, que corresponde a cerca de 56% da população. Uma minoria importante é a de imigrantes, que representa cerca de 18% da população. Esses imigrantes começaram a chegar no país a partir da década de 1950. Os beduínos (povos nômades), representam cerca de 23% da população. O restante da população é de outras minorias.
  A língua nacional é a árabe e quase todos os sauditas seguem a religião islâmica, sendo que a grande maioria é sunita. Estima-se que 240 mil palestinos moram na Arábia Saudita e eles não estão autorizados a manter ou até mesmo solicitar a cidadania saudita por causa de instruções da Liga Árabe, que impede que os Estados árabes lhes concedam cidadania.
  Os árabes são descendentes de antigas tribos de origem caucasiana, que foi miscigenada aos negroides (escravos trazidos da África). Cerca de 80% dos árabes são sauditas, sendo o restante desse povo de outros países árabes. No país é proibida a entrada de judeus.
Buraydah - com uma população de 710.382 habitantes (estimativa 2017) é a nona maior cidade da Arábia Saudita
ALGUNS DADOS DA ARÁBIA SAUDITA
NOME: Reino da Arábia Saudita
FORMAÇÃO:
Declaração da independência: 8 de janeiro de 1926
Reconhecida: 20 de maio de 1927
Unificação: 23 de setembro de 1932
CAPITAL: Riad
Centro Financeiro de Riad
GENTÍLICO: saudita
LÍNGUA OFICIAL: árabe
GOVERNO: Monarquia Absolutista Islâmica Wahhabista
LOCALIZAÇÃO: Oriente Médio
ÁREA: 2.149.690 km² (12º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2017): 32.933.577 habitantes (40°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 15,32 hab./km² (174°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2015): 2,24% (40°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2017):
Riad: 6.163.694 habitantes
Riad - maior cidade da Arábia Saudita
Jeddah: 3.998.200 habitantes
Jeddah - segunda maior cidade da Arábia Saudita
Meca: 1.938.065 habitantes
Meca - terceira maior cidade da Arábia Saudita
PIB (FMI - 2016): US$ 653,219 bilhões (20º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2016): US$ 20.813 (34°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2016): 0,847 (38°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
  acima de 0,900
    0,850-0,899
   0,800-0,849
   0,750-0,799
   0,700-0,749
  0,650–0,699
   0,600–0,649
   0,550–0,599
   0,500–0,549
   0,450–0,499
  0,400–0,449
   0,350–0,399
   0,300–0,349
   abaixo de 0,300
   Sem dados
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2016): 74,3 anos (97º). Obs: a expectativa de vida ou esperança de vida, expressa a probabilidade de tempo de vida média da população. Reflete as condições sanitárias e de saúde de uma população.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2016): 29,1/mil (53º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2016): 2,58/mil (194º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2016): 15,61/mil (113°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2016): 2,12 filhos/mulher (105º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2016): 86,6% (141°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2016): 82,7% (29°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
MOEDA: Riyal
RELIGIÃO: cerca de 97% população da Arábia Saudita praticam o islamismo e os 3% restantes são cristãos ou praticam outras religiões. A grande maioria dos islâmicos da Arábia Saudita são sunitas, que representa cerca de 85% do total. No país, a liberdade de religião não é reconhecida ou protegida sob a lei. Nenhuma outra religião, que não seja o islamismo, pode ser praticada no país, e os cristãos são quase todos estrangeiros.
  Na Arábia Saudita, igrejas ou outros templos não-muçulmanos são proibidos. Mesmo a realização de orações de forma privada é proibida na prática e a polícia religiosa saudita supostamente investiga as casas dos cristãos. Os trabalhadores estrangeiros têm que comemorar o Ramadã, mas não estão autorizados a celebrar o Natal ou a Páscoa.
Mesquita Al-Masjid an-Nabawi, em Medina
DIVISÃO: a Arábia Saudita é dividida em 13 províncias, que são (os números em negrito correspondem à província no mapa e entre parêntese estão as capitais): 1. Al Jawf (Sakaka) 2. Fronteira do Norte (Arar) 3. Tabuk (Tabuk) 4. Hail (Hail) 5. Medina (Medina) 6. Al Qasim (Buraydah) 7. Meca (Meca) 8. Riad (Riad) 9. Província Oriental (Dammam) 10. Al Bahah (Al Bahah) 11. Asir (Abha) 12. Jizan (Jizan) 13. Najran (Najran).
Mapa da Arábia Saudita com sua divisão política
REFERÊNCIA: Furquim Júnior, Laércio
Geografia cidadã, 9º ano: ensino fundamental II / Laércio Furquim Jr. 1ª ed. - São Paulo: Editora AJS, 2015. - (Coleção geografia cidadã).

sábado, 15 de abril de 2017

O CULTIVO DE COCA NA AMÉRICA LATINA

  Coca (do quíchua kuka) é uma planta da família Erythroxylaceae, seu nome científico é Erythroxylum cocaA coca é uma planta nativa da região dos Andes. Considerada sagrada para os povos andinos, era utilizada em antigos rituais pré-colombianos. Por ser comestível, a coca também é utilizada para combater o mal-estar causada por grandes altitudes e tem usos cosméticos e medicinais. O cultivo do arbusto de coca nos Andes é muito antigo. Segundo os povos nativos, mascar folhas de coca potencializa as energias para enfrentar o desgaste provocado pela altitude. Atualmente, em alguns países da América Latina, principalmente Bolívia, Colômbia e Peru, é possível encontrar lavouras de coca em várias propriedades agrícolas.
  Porém, o cultivo da coca passou a ter maior interesse comercial para determinados grupos (guerrilheiros e narcotraficantes) que utilizam suas folhas para a produção da pasta base de cocaína, uma droga de consumo proibido na maioria dos países do mundo.
  Com isso, muitos pequenos proprietários foram, então, estimulados a plantar coca, deixando de cultivar produtos tradicionalmente comerciais, como frutas, cereais e cana-de-açúcar, e passaram a sobreviver do cultivo de coca, já que seu comércio é mais rentável.
Produção de coca na Bolívia
  A folha de coca apresenta em sua composição uma quantidade muito pequena de cocaína, substância tóxica que atualmente é uma das drogas mais difundidas no mundo, especialmente na América e na Europa.
  Nas últimas décadas, a produção dessa folha tem sido cada vez mais voltada para a obtenção da pasta de coca, que, depois de refinada, é transformada em cocaína. Isso ocorre principalmente na Colômbia, o maior produtor mundial dessa droga. Desse país, a cocaína é escoada por várias rotas e levada aos centros de distribuição e consumo no mundo.
  A partir da década de 1980, grande parte da produção de coca, na Colômbia, passou a ser controlada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o que contribuiu para intensificar a exploração do narcotráfico.
Mapa da produção de coca na Colômbia
  O governo dos Estados Unidos, maior consumidor mundial de cocaína, tem pressionado a Bolívia, o Peru e a Colômbia a adotar uma série de medidas para deter a produção e comercialização dessa droga. Essa pressão está ocorrendo porque os Estados Unidos querem deter o crescimento do consumo de cocaína no país. Isso tem sido tentado por meio da desarticulação do poder dos narcotraficantes nesses países, bem como da oferta ao pequeno agricultor de vantagens, como incentivos fiscais, subsídios para a compra de sementes e insumos, para que ele deixe de cultivar o arbusto de coca.
  Os governos desses países, no entanto, têm encontrado muitas dificuldades para adotar as medidas exigidas pelo governo dos Estados Unidos, apesar de este oferecer-lhes apoio militar e financeiro. Essas dificuldades são resultados dos seguintes fatores:
  • os agricultores não se mostram muito animados em substituir suas plantações de coca por cultivos tradicionais, uma vez que, nas últimas décadas, o preço desses produtos no mercado internacional caiu muito;
  • o poder dos narcotraficantes nesses países é bem maior do que se imaginava, pois grande parte das autoridades desses países foi corrompida por esses grupos;
  • o aumento do consumo de cocaína no mundo, especialmente nas cidades mais ricas dos Estados Unidos e da Europa, funciona como um estímulo ao aumento da produção dessa droga.
Aviões do Exército colombiano lançando herbicida contra plantações de coca na Colômbia
  Na Colômbia, os problemas ainda são maiores, pois nesse país existe uma guerra civil, a qual determina que uma parte do país fique fora do controle político do governo oficial.
  Após quase 50 anos de conflitos entre as Farc e o governo colombiano, ambas as partes começaram a discutir um possível acordo de paz. Nesse acordo, previa-se a substituição dos cultivos ilegais de coca com consentimento e participação dos camponeses.
  Em maio de 2014, Farc e governo firmaram um acordo de parcial. Em 2015, ambas as partes ainda dialogavam um acordo final de paz.
Soldados destruindo plantações de coca na Bolívia
REFERÊNCIA: Garcia, Valquíria Pires
Projeto mosaico: geografia: ensino fundamental / Valquíria Pires Garcia, Beluce Bellucci - 1. ed.  - São Paulo: Scipione, 2015