quarta-feira, 30 de março de 2016

O DOMÍNIO DOS MARES DE MORROS

  O domínio dos Mares de Morros corresponde à área original da Mata Atlântica. "Mares de morros" é referência ao relevo que marca a paisagem, formado por uma sucessão de morros arredondados - relevo mamelonar -, esculpidos sobre rochas cristalinas e revestidos originalmente por extensa cobertura florestal.
  Mar de morros ou mares de morro é uma denominação criada pelo geógrafo francês Pierre Deffontaines e consagrada pelo geógrafo brasileiro Aziz Ab'Saber, que se utilizou dessa expressão para designar o relevo das colinas dissecadas do Planalto Atlântico (Serra Geral).
  Diz-se, também, que esse relevo é formado de "meias-laranjas", devido ao formato arredondado dos morros ao seu redor. Fala-se ainda em "relevo mamelonar".
Mares de Morros em Valença - RJ
  O domínio dos Mares de Morros ocupava originalmente todas as cadeias de morros e serras que acompanham o litoral brasileiro e adentram o interior dos estados da Bahia, Minas Gerais e São Paulo. Constituía uma área originalmente ocupada por florestas tropicais, conhecida pelo nome de Mata Atlântica. Atualmente, essas florestas correspondem a apenas 7% de sua formação inicial.
  O relevo do domínio dos Mares de Morros é bastante acidentado, com grande número de escarpas serranas e pequenas elevações.
  O domínio dos Mares de Morros destaca-se pela ação da erosão e do intemperismo sobre a estrutura cristalina, predominante na região, que produziu um relevo típico de morros arredondados e encostas suaves.
Mares de Morro, em Araxá - MG
  A exploração desse domínio natural iniciou-se com a extração do pau-brasil. A partir da colonização, importantes atividades econômicas avançaram sucessivamente sobre esse domínio, como o cultivo da cana-de-açúcar, a exploração de ouro e pedras preciosas e o cultivo do café. A expansão da agropecuária e, mais tarde, a extração de madeira para a construção civil e como fonte de energia, as atividades industriais e o crescimento urbano contribuíram para a intensificação da derrubada do restante da mata, reduzida atualmente a pequenos trechos fragmentados no território brasileiro.
  A urbanização e a industrialização provocaram a ocupação da região e a exploração dos elementos naturais desse domínio. Hoje, ele se restringe a poucas áreas preservadas do litoral brasileiro, principalmente na Serra do Mar, e a áreas do interior da Serra da Mantiqueira, no Sudeste do Brasil.
Mares de Morro na região do Vale do Paraíba - SP
  A formação florestal da Mata Atlântica apresenta características bem semelhantes às das florestas do Domínio Amazônico, com vegetação densa, ambiente bastante úmido, pouca luminosidade e uma grande biodiversidade.
  Originalmente, a Mata Atlântica estendia-se desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Atualmente, encontra-se bastante devastada, compreendendo áreas litorâneas desde o sul da Bahia até o norte do Paraná, principalmente nas escarpas úmidas da Serra da Mantiqueira e do Mar.
  Trata-se de uma formação heterogênea e fechada, com árvores latifoliadas e higrófilas, entre as quais há grande variedade de espécies de madeira de lei.
  A devastação dessa floresta teve início no período colonial, quando os portugueses começaram a extrair dela o pau-brasil. Posteriormente, passaram a devastá-la para dar lugar ao plantio de cana-de-açúcar. No século XVIII, iniciou-se a ampliação dos assentamentos urbanos em sua área, associada à mineração e à expansão da cafeicultura.
  A devastação da Mata Atlântica tem agravado os processos erosivos que atingem suas áreas de ocorrência. Sujeitas a chuvas intensas e concentradas nos meses do verão, essas áreas sofrem desmoronamentos, em especial nas escarpas mais íngremes.
Parque Estadual da Serra do Mar, em São Paulo
  A Bacia do Paraná forma o maior conjunto de água do núcleo dos Mares de Morros, cujos rios formadores atravessam relevo acidentado e possibilitam elevado aproveitamento energético. A construção de eclusas e barragens, a ocupação das margens dos rios por habitações e atividades agrícolas modernas, o uso de agrotóxicos e adubos químicos, o despejo de efluentes industriais e domésticos explicam a alteração dos cursos de alguns rios e da qualidade das águas. A retirada da cobertura da floresta deixou os solos desprotegidos e acelerou os processos erosivos.
  Os solos das áreas onde se encontram os Mares de Morros são de elevada profundidade, em função do longo tempo de exposição aos processos intempéricos. Ao mesmo tempo, observa-se que esses solos são muito desgastados, tendo passado por sucessivos processos de lixiviação (lavagem superficial do solo).
Área de Mares de Morros degradada, em Pinheiral - RJ
FONTE: Giardino Cláudio
Geografia nos dias de hoje, 7° ano / Cláudio Giardino, Lígia Ortega, Rosaly Braga Chianca. - 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012. - (Coleção nos dias de hoje).

sexta-feira, 25 de março de 2016

OS POVOS MAPUCHE

  O povo Mapuche (mapu = terra, che = gente; "gente da terra") corresponde aos indígenas que vivem no centro-sul do Chile e no sudoeste da Argentina, no sul do continente americano. São conhecidos também como araucanos.
  Os grupos localizados entre os rios Biobío e Toltén (atual Chile) conseguiram resistir com êxito aos conquistadores espanhóis na chamada Guerra de Arauco, uma série de batalhas que durou 300 anos, com longos períodos de trégua.
  Esses povos, como tantos outros que habitavam o continente americano antes da chegada dos colonizadores europeus, eram soberanos em suas terras, estabeleciam ali sua territorialidade que garantia seu sustento. Até o século XIX, o povo Mapuche conseguiu resistir à invasão espanhola.
  A Coroa da Espanha reconheceu a autonomia dos territórios ocupados pelo povo Mapuche em 1641, por meio do Tratado de Quilín.
  Durante o século XIX, a história começou a mudar. Os povos Mapuche, que habitam o centro-sul do Chile, por meio de leis criadas em 1870, perderam suas terras para o Estado chileno (constituído como um país independente da Espanha desde 1818). O governo pôde fazer sua expansão territorial ocupando as terras Mapuche, e os habitantes nativos foram convertidos em simples ocupantes do território. A partir daí começou a redução da territorialidade dos indígenas e o empobrecimento desse povo, pois a pouca terra a que eles ficaram confinados, foi insuficiente para suprir as necessidades básicas desse povo.
Mapa de localização da área ocupada pelo povo Mapuche
  Atualmente, os Mapuche vivem sob a ameaça da dissolução do seu território. Os maiores inimigos das terras indígenas são os projetos de investimentos privados, como os de plantações florestais, que afetam diretamente as comunidades.
  O movimento Mapuche luta pela recuperação do seu território ancestral, por mudanças constitucionais em prol dos direitos indígenas e reconhecimento por parte dos Estados de suas especificidades culturais, além da independência em relação ao Chile e à Argentina.
  O povo Mapuche ainda preserva suas línguas tradicionais, sua religião e estrutura sócio-política, apesar de muitos deles viverem nas periferias das grandes cidades, como Buenos Aires e Santiago, em situação de extrema pobreza.
  Os Mapuches falam a língua Mapudungun (em português, som da terra). A terra caracteriza e dá sentido existencial aos Mapuches, fazendo parte desde seu etnônimo (gente da terra) até a espécie de seus sobrenomes, geralmente toponímias do lugar em que historicamente vivem as diferentes linhagens de parentesco.
Mapuches do Chile
  O universo cosmogômico Mapuche possuiria duas dimensões: uma vertical e outra horizontal A primeira faz referência a uma série de plataformas que estariam superpostas no espaço, possuindo certa hierarquia, sendo as superiores relacionadas ao bem e as inferiores ao mal. A mapu, estaria em um grau intermediário, espaço de intersecção, lugar onde o bem e o mal permeiam sincronicamente.
  Na dimensão horizontal,  as plataformas seriam todas quadradas e de igual tamanho. Geograficamente, esta plataforma, que é a mapu, está orientada segundo os quatro pontos cardeais, tomando como referência o leste, materializado pela Cordilheira dos Andes, direção sagrada e positiva de onde nasce o sol, matriz da presente concepção espacial.
Mapuches da Argentina
FONTE: Geografia nos dias de hoje, 8º ano / Cláudio Giardino ... [et al.]. - 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012. - (Coleção nos dias de hoje)

segunda-feira, 14 de março de 2016

AS ILHAS FIJI

  A República de Fiji, anteriormente conhecido como República das Ilhas Fiji, é um país insular da Oceania, composto por 332 ilhas no oceano Pacífico. Faz fronteira marítima com Tuvalu e com o território francês de Wallis e Futuna ao norte, com Tonga a leste, e com o território francês de Nova Caledônia, com Vanuatu e com as Ilhas Salomão a oeste. A sul, a ilha mais próxima corresponde às ilhas neozelandesas de Kermadec, mas estão bastante afastadas destas ilhas.
Mapa de Fiji
HISTÓRIA
  Os primeiros habitantes de Fiji chegaram do Sudeste Asiático muito tempo antes das ilhas serem descobertas por exploradores europeus. Evidências arqueológicas mostram que os primeiros colonos de Fiji, conhecidos como povos melanésios, chegaram navegando das Ilhas Santa Cruz (politicamente parte das Ilhas Salomão, mas seu ecossistema de florestas úmidas é o mesmo de Vanuatu) nas primeiras migrações do povo ancestral conhecido como Lápita (cujos melanésios são descendentes diretos desse povo) para a região do "crescente" Fiji-Tonga-Samoa, berço da cultura polinésia, em 1.500 a.C.
  As ilhas Vanua, Levu e Viti Levu, as principais do arquipélago de Fiji, foram descobertas em 1643 pelo navegador holandês Abel Tasman. As outras ilhotas que compõem o arquipélago foram descobertas no século seguinte pelo explorador inglês James Cook. Os europeus estabeleceram o primeiro posto de colonização em Fiji, no ano de 1804.
Pousada em Fiji
  Um Ratu (chefe), chamado Cakobau, ganhou o controle limitado sobre as ilhas ocidentais em 1850, mas as constantes anarquias levou uma convenção de chefes a ceder incondicionalmente as ilhas aos britânicos, que ficaram sob o controle do Reino Unido em 1874, com o estatuto de colônia. Entre 1879 e 1916,  mais de 60 mil indivíduos foram trazidos do subcontinente indiano para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar, o que dá a origem à comunidade indiana no país, que até os dias atuais exerce uma grande influência política e social, entrando constantemente em choque com os fijianos nativos.
  Na Segunda Guerra Mundial, soldados fijianos lutaram ao lado dos Aliados, ganhando uma boa reputação na dura campanha das Ilhas Salomão. Em 10 de outubro de 1970, uma conferência constitucional em Londres decidiu que Fiji deveria se tornar uma nação totalmente soberana e independente dentro da Comunidade Britânica de Nações (Commonwealth).
  Em 1990, foi proclamada uma Constituição que garantiu o controle do país pela população fijiana, mas deu origem à uma grande emigração de indianos. A perda da população, levou o país a passar por uma série de dificuldades econômicas, mas garantiu aos melanésios a maioria sobre a população do país.
Paisagem de Fiji
  Em 1992, ocorreram eleições livres, que são vencidas pelo Partido Político Fijiano. Uma revisão realizada em 1997, tornou a Constituição das Ilhas Fiji mais equitativa. Realizaram-se eleições livres e pacíficas em 1999, que resultaram na eleição de um governo liderado por um indo-fijiano. Em 1998, o governo foi deposto por um golpe de Estado liderado por George Speight, um nacionalista fijiano de linha dura.
  A partir de então, Fiji vem convivendo com períodos de calmaria, seguidos de outros de grande instabilidade, sendo a mais recente ocorrida em 2009, quando o presidente Ratu Josefa Iloilo revogou a Constituição, gerando uma crise institucional que suspendeu Fiji da Commonwealth.
Parlamento de Fiji, em Suva
GEOGRAFIA
  O arquipélago das ilhas Fiji tem origem nos recifes de coral formados em torno de vulcões inativos. São mais de 300 ilhas, um terço das quais são desabitadas, e se destacam as ilhas de Viti Levu, onde está a capital Suva, e a de Vanua Levu. Em Viti Levu se concentra quase três quartos da população do país.
  As ilhas são montanhosas, sendo que o Monte Tomanivi (antigamente conhecido como Monte Vitória) é ponto culminante do país, com uma altitude de 1.324 metros acima do nível do mar.
  Os recifes de coral cercam a maioria das ilhas. A floresta tropical úmida predomina em grande parte das ilhas, cuja floresta já foi, em grande parte, desmatada para dar lugar às pastagens e à agricultura. O clima dominante nas ilhas é o tropical, com grande umidade e fracas oscilações térmicas ao longo do ano.
Monte Tomanivi - ponto culminante de Fiji
ECONOMIA
  A economia de Fiji é pouco desenvolvida, tendo como principal fonte de receitas a agricultura, desenvolvida nos solos férteis do país. O principal produto cultivado em Fiji é a cana-de-açúcar. Outros produtos bastante cultivados são o coco, o gengibre, o arroz e a banana. O açúcar fijiano tem como principal destino a União Europeia. Os principais parceiros comerciais de Fiji são Austrália, Reino Unido, Nova Zelândia e Estados Unidos.
  O turismo é outra importante fonte de renda. O país recebe todos os anos cerca de 650 mil turistas. O atrativo está nas paisagens paradisíacas dos atóis de coral, com suas praias de areias brancas e o mar de águas claras e quentes.
Labasa - com uma população de 29.161 habitantes (estimativa 2016) é a quarta maior cidade de Fiji
CULTURA
  A culinária e as tradições de Fiji foram alteradas durante os 96 anos de colonização inglesa, iniciada em 1874. Na capital do país, Suva, existe o Mercado Municipal de Suva, presença obrigatória aos visitantes pelas suas exóticas comidas, como frutas, vegetais, peixes, frutos-do-mar e condimento. Esse mercado apresenta um cardápio multicultural, com camelôs vendendo coloridos e ricos doces indianos e bebidas de frutas de tanques de vidro.
  Kava é a bebida nacional, levemente forte e alcoólica, feita de raízes da planta sakau. É utilizada principalmente em cerimônias ou eventos importantes e sempre servida na metade de um casco de coco. Segundo os nativos fijianos, essa bebida reduz a ansiedade, combate à depressão e é um ótimo redutor da pressão sanguínea.
Mercado de Suva - Fiji
ALGUNS DADOS DE FIJI
NOME: República de Fiji
CAPITAL: Suva
Região central de Suva
GENTÍLICO: fijiano
LÍNGUA OFICIAL: inglês, fijiano e hindi
GOVERNO: República Parlamentarista
INDEPENDÊNCIA: do Reino Unido, em 10 de outubro de 1970
LOCALIZAÇÃO: Oceania (Melanésia)
ÁREA: 18.274 km² (152º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2016): 875.158 habitantes (163°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 47,89 hab./km² (127°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - Estimativa 2015): 0,62% (153°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2016):
Suva: 92.101 habitantes
Suva - capital e maior cidade de Fiji
Lautoka: 54.486 habitantes
Lautoka - segunda maior cidade de Fiji
Nadi: 44.119 habitantes
Nadi - terceira maior cidade de Fiji
PIB (FMI - 2015): US$ 3,946 bilhões (151º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2015): US$ 4.605 (101°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2015): 0,727 (90°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
  acima de 0,900
    0,850-0,899
   0,800-0,849
   0,750-0,799
   0,700-0,749
  0,650–0,699
   0,600–0,649
   0,550–0,599
   0,500–0,549
   0,450–0,499
  0,400–0,449
   0,350–0,399
   0,300–0,349
   abaixo de 0,300
   Sem dados
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2015): 68,8 anos (121º). Obs: a expectativa de vida ou esperança de vida, expressa a probabilidade de tempo de vida média da população. Reflete as condições sanitárias e de saúde de uma população.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2015): 22,37/mil (85º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2015): 5,65/mil (158º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2015): 10,73/mil (84°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2015): 2,47 filhos/mulher (81º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2015): 93,7% (101°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2015): 52,4% (110°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
MOEDA: Dólar Fijiano
RELIGIÃO: cristianismo (53%, sendo 34,5% de metodistas, 7,2% de católicos, 3,8% da Assembleia de Deus, 2,6% de adventistas, e 4,9% de outras religiões cristãs), hinduísmo (34%), islamismo (7%), outras religiões e/ou sem religião (6%).
DIVISÃO: o arquipélago de Fiji está dividido em quatro regiões administrativas (Central, Norte, Leste e Oeste), que por sua vez, estão subdivididas em 14 províncias. Cada divisão é chefiada por um Comissário, indicado pelo governo de Fiji. As divisões são basicamente agrupamentos de províncias e possuem poucas funções administrativas. Cada província possui uma Câmara Provincial, que podem, dentro de suas províncias, criar leis e impostos sujeitos a aprovação do governo de Fiji. O governo de Fiji também é responsável pela nomeação do Roko Tui, chefe executivo da Câmara Provincial.
  A ilha de Rotuma, ao norte do arquipélago, tem status de dependência. Ela está incluída na divisão Oeste para fins estatísticos, porém, administrativamente, ela possui autonomia interna, com sua própria câmara e poderes para legislar sobre a maioria dos assuntos locais.
Divisão administrativa de Fiji
FONTE: Geografia espaço e vivência: a dinâmica dos espaços da globalização, 9º ano / Levon Boligian. [et al.]: 4. ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.

quarta-feira, 2 de março de 2016

O PLANO COLLOR

  Fernando Collor de Melo, eleito em 1989 para suceder o então presidente José Sarney, foi o primeiro presidente ao chegar ao poder via voto popular após o fim do regime militar.
  Um dia depois da posse, o novo governo lançou um plano de desestabilização econômica, que ficou conhecido como Plano Collor, baseado no confisco generalizado por dezoito meses dos depósitos bancários em dinheiro superior a 50 mil cruzeiros (cerca de R$ 8.200,00, em valores de janeiro de 2016 usando o IPCA como indexador). Com isso, a equipe econômica esperava reduzir o consumo e, consequentemente, frear a inflação. A falta de dinheiro em circulação reduziu a inflação, de 85% ao mês em março, para 14% em abril de 1990.
  O Plano Collor é o nome dado ao conjunto de reformas econômicas e planos para estabilização da inflação criados durante a presidência de Fernando Collor de Melo (1990-1992), sendo este plano estendido até 31 de julho de 1993. O plano era oficialmente chamado Plano Brasil Novo, mas ele se tornou associado fortemente a figura de Collor.
Fernando Collor, em reunião com seus ministros
  O Plano Collor foi instituído em 16 de março de 1990, um dia depois de Collor assumir a presidência e combinava a liberação fiscal e financeira com medidas radicais para a estabilização da inflação. A liberação antecipada dos recursos retidos poderia ser feita pelo Ministério da Fazenda, que estudava os pedidos caso a caso. Podiam ser liberados depósitos de empresas para pagamento de salários e dinheiro de pessoas doentes que necessitavam de tratamento médico, entre outros casos. Como haviam exceções que permitiam a liberação dos recursos bloqueados, aumentavam as pressões exercidas por políticos e lobistas para obtê-las, o que se tornou grande fonte de corrupção.
  As principais medidas de estabilização da inflação foram acompanhadas de programas de reforma de comércio externo, a Política Industrial e de Comércio Exterior, mais conhecida como PICE, e um programa de privatização intitulado Programa Nacional de Desestatização, mais conhecido como PND.
  A teoria do plano econômico foi desenvolvida pelo economista Antônio Kandir. O plano efetivamente implementado, foi desenvolvido pelos economistas Zélia Cardoso de Mello, Antônio Kandir, Ibrahim Eris, Venilton Tadini, Luís Otávio de Motta Veiga, Eduardo Teixeira e João Maia.
Zélia Cardoso de Melo - Ministra da Fazenda que idealizou o Plano Collor
  O Brasil sofreu por vários anos com a hiperinflação: em 1989, um ano antes da posse de Collor, a média mensal da inflação foi de 28,94%. O Plano Collor procurava estabilizar a inflação pelo "congelamento" do passivo público e restringindo o fluxo de dinheiro para parar a inflação.
  A rápida e descontrolada demonetização da economia é tida como a causa das falhas dos planos de estabilização da inflação adotados anteriormente. O governo Collor teria de garantir uma desmonetização "ordenada" e "lenta", a fim de manter a inflação para baixo. Para o controle da velocidade da desmonetização, poderia utilizar-se uma combinação de ferramentas econômicas, tais como impostos, taxas de câmbio, crédito e taxas de juros.
  O congelamento causou forte redução no comércio e na produção industrial. Com a redução da geração de dinheiro de 30% para 9% do PIB, houve uma retração de 80% da moeda em circulação. O governo enfrentou duas escolhas: poderia segurar o congelamento e arriscar uma recessão devido à redução aos ativos, ou remonetizar a economia através do descongelamento e correr o risco do retorno da inflação.
Prateleiras vazias: símbolo da recessão do Brasil durante o Plano Collor
  As políticas planejadas do Plano Collor incluíam:
  • 80% de todos os depósitos de overnight (conjunto de aplicações financeiras feitas no mercado aberto em um dia, para resgate no dia seguinte ou no dia útil) das contas correntes ou das cadernetas de poupança que excedessem a NCz$ 50 mil (cruzado novo) foram congelados por 18 meses, recebendo durante esse período uma rentabilidade equivalente a taxa de inflação, mais 6% ao ano;
  • substituição da moeda corrente, o cruzado novo, pelo cruzeiro, à razão de NCz$ 1.000,00 = Cr$ 1,00;
  • Criação do IOF, um imposto sobre operações financeiras, sobre todos os ativos financeiros, transações com ouro e ações e sobre todas as retiradas das contas de poupança;
  • foram congelados os preços e salários, sendo determinados pelo governo, posteriormente, ajustes que eram baseados na inflação esperada;
  • eliminação de vários tipos de incentivos fiscais: para importações, exportações, agricultura, os incentivos fiscais das regiões Norte e Nordeste, da indústria de computadores e a criação de um imposto sobre as grandes fortunas;
  • indexação imediata dos impostos aplicados no dia posterior à transação, seguindo a inflação do período;
  • aumento de preços dos serviços públicos, como gás, energia elétrica, serviços postais, etc.;
  • liberação do câmbio e várias medidas para promover uma gradual abertura na economia brasileira em relação à concorrência externa;
  • extinção de vários institutos governamentais e anúncio de intenção do governo de demitir cerca de 360 mil funcionários públicos, para redução de mais de 300 milhões de cruzeiros em gastos administrativos.
Cena comum durante o Plano Collor: fila de desempregados
  As práticas de corrupção, comandadas pelo tesoureiro da campanha eleitoral de Collor, foram amplamente divulgadas pela imprensa. As demais empresas e trabalhadores receberam seu dinheiro de volta em dezoito meses de confisco.
  Segundo cálculos divulgados na época, o poder de compra do dinheiro devolvido havia se reduzido em aproximadamente 40%, uma vez que os índices de reajuste utilizados foram menores que os da inflação.
  A permissão para a elevação dos preços de alguns serviços privados e tarifas públicas levou ao retorno da espiral inflacionária já no início de 1991, antes que o plano completasse seu primeiro ano.
  Os índices de inflação ocorrida após o Plano Collor foram menores que os índices anteriores a esse plano porque havia falta de dinheiro em circulação no mercado.
  A consequente recessão levou a um grande aumento do desemprego e da economia informal, uma vez que o plano não promoveu crescimento econômico, distribuição de renda, nem combate ao deficit público.
  Além do confisco monetário, o Plano Collor apoiava-se em três outros pontos:
  • diminuição da participação do Estado no setor produtivo por meio da privatização de empresas estatais e da concessão à iniciativa privada da exploração de rodovias, portos, ferrovias e hidrelétricas, entre outros;
  • eliminação dos monopólios do Estado em telecomunicações e petróleo, e fim da discriminação ao capital estrangeiro, que, entre outros investimentos, poderia participar dos leilões de privatização;
  • abertura da economia ao ingresso de produtos e serviços importados por meio da redução e/ou eliminação dos impostos de importação, reservas de mercado e cotas de importação.
  Essas medidas tiveram continuidade durante os governos de Itamar Franco (que sucedeu Fernando Collor) e Fernando Henrique Cardoso (que sucedeu Itamar Franco).

Estudantes e população brasileira pedem o afastamento de Fernando Collor de Melo da presidência do Brasil

  O fracasso do Plano Collor no controle da inflação é creditado pelos economistas keynesianos e monetaristas à falha do governo Collor de controlar a remonetização da economia. O governo abriu várias "brechas" que contribuíram para o aumento do fluxo de dinheiro: os impostos e as contas do governo emitidos antes do congelamento poderiam ser pagos com o velho Cruzado, criando uma forma de "brecha de liquidez", que foi plenamente explorada pelo setor privado.
  Em 10 de março de 1991, Zélia Cardoso de Mello foi substituída do Ministério da Fazenda por Marcílio Marques Moreira, um economista formado pela Georgetown University e que era embaixador do Brasil nos Estados Unidos na época de sua nomeação.
  O Plano Marcílio foi considerado mais gradual de que seus antecessores, utilizando uma combinação de altas taxas de juros e uma política fiscal restritiva. Ao mesmo tempo, os preços foram liberados e um empréstimo de US$ 2 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI) garantiu as reservas internas.
Marcílio Marques Moreira - sucedeu Zélia Cardoso no Ministério da Fazenda
FONTE: Sene, Eustáquio de
Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - 2. ed. reform. - São Paulo: Scipione, 2013.