domingo, 28 de fevereiro de 2016

A REPÚBLICA DA MACEDÔNIA

  A República da Macedônia está localizada no interior da península Balcânica, sendo um país sem litoral, e limita-se com a Sérvia e com Kosovo a norte, a Bulgária a leste, a Grécia ao sul e a Albânia a oeste. É uma das ex-repúblicas da antiga Iugoslávia e, diferentemente das outras ex-repúblicas iugoslavas, seu processo de independência se deu de forma pacífica. A Bulgária foi o primeiro país a reconhecer a Macedônia como nação independente. A Grécia foi totalmente contra a independência em razão do emprego do nome e do símbolo da bandeira utilizada, visto que a Grécia tem uma província chamada Macedônia.
  A oposição da Grécia à independência da Macedônia, resultou num bloqueio comercial, em fevereiro de 1994. Somente com a modificação da bandeira e da Constituição nacional, em 1995, os dois países normalizaram as relações, retornando as exportações agrícolas pelo porto de Salônica, no mar Egeu.
Prilep - com uma população de 67.040 habitantes (estimativa 2016) é a quarta maior cidade da Macedônia
HISTÓRIA
  A história da República da Macedônia, em grande parte, está ligada ao Reino da Macedônia. O país foi colonizado pela primeira vez pelos eslavos no século VI e sofreu uma série de conquistas. No século VII foi conquistado pelos búlgaros, em 1014 pelos bizantinos, e pela Sérvia no século XIV. Passou a fazer parte do Império Otomano em 1355.
  Em 1864, o Império Otomano dividiu a Macedônia em três províncias: Salônica, Monastir e Kosovo. Entre 1893 e 1897, houve um desenvolvimento de movimentos nacionalistas macedônios. Em 1903, um levante macedônio, com o apoio da Bulgária, foi reprimido violentamente pelos turcos, onde houve a destruição de 105 vilas de macedônios eslavos.
  A Macedônia ficou dividida entre a Sérvia, a Bulgária e a Grécia depois da Guerra dos Balcãs, entre 1912 e 1913. Essa divisão foi fruto da guerra entre vários países contra o Império Otomano e entre os próprios países da região. Após a guerra, o território macedônio ficou dividido em: região costeira Macedônia - Grécia -, e região central e norte da Macedônia - atual República da Macedônia - Sérvia. 
  Após a Primeira Guerra Mundial, os sérvios da Vadar-Macedônia passaram a fazer parte do Estado Federal da Iugoslávia.
  Durante a Segunda Guerra Mundial, a Macedônia foi ocupada pela Bulgária entre 1941 e 1944, e no período após-guerra fez parte da Iugoslávia, porém continuaram as tensões entre a etnia da Vadar-Macedônia e dos sérvios.
Tetovo - com uma população de 53.549 habitantes (estimativa 2016) é a quinta maior cidade da Macedônia
  Após a morte do presidente iugoslavo General Tito, em 1980, a República da Iugoslávia começou a se esfacelar no início da década de 1990. Após a declaração de independência feita pela Eslovênia e pela Croácia, a República Socialista da Macedônia tentou a sua libertação em relação à Iugoslávia, mas a presença de uma parcela significativa de albaneses na população e as objeções impostas pelo governo grego sobre a ideia de nascer um Estado com o mesmo nome de uma região do norte da Grécia, dificultou de imediato esse desejo. Em 8 de setembro de 1991, finalmente a Macedônia conseguiu sua independência.
  Em abril de 1993, a República da Macedônia foi admitida como membro da Organização das Nações Unidas, com o nome de "Antiga República Iugoslava da Macedônia". A Grécia não aprovou e bloqueou o reconhecimento deste país junto à União Europeia, contestando o nome do país e a utilização, na bandeira, do Sol de Vergina de Alexandre, o Grande, e símbolo greco-macedônio.
Stip - com uma população de 48.369 habitantes (estimativa 2016) é a sexta maior cidade da Macedônia
  Seis países membros da União Europeia reconheceram o novo Estado, em dezembro de 1993, assim como os Estados Unidos em fevereiro de 1994. Em resposta ao reconhecimento da independência da Macedônia, a Grécia estabeleceu um embargo comercial à nova república. Em abril de 1994, a Comissão Europeia deu início a um processo contra a Grécia no Tribunal de Justiça Europeu, após sua recusa em retirar o embargo. Com a mudança da Constituição e da bandeira do país, a Grécia finalmente reconheceu a independência da Macedônia, em 1995, restabelecendo as relações entre os dois países.
Veles - com uma população de 44.240 habitantes (estimativa 2016) é a sétima maior cidade da Macedônia
REINO DA MACEDÔNIA
  A história do Reino da Macedônia está vinculada aos povos que habitavam a região da Grécia e da Anatólia na Antiguidade. A partir do ano 700 a.C., o povo denominado macedônio emigrou para o leste, a partir de sua terra natal às margens do rio Haliacmon. Com Amintas I, o reino se estendeu além do rio Áxio até a península de Calcídica. Egas foi a capital do reino até 400 a.C., quando o rei Arquelau a transferiu para Pela.
  A Macedônia alcançou uma posição hegemônica dentro da Grécia durante o reinado de Filipe II (359-336 a.C.). Alexandre III (O Grande), filho de Filipe, levou os exércitos da Macedônia ao Egito, onde derrotou o Império Aquemênida e chegou até a Índia.
  Durante um período de onze anos, o império Macedônico contribuiu para a difusão da cultura grega no Oriente. Alexandre fundou uma grande quantidade de cidades e promoveu a fusão da cultura grega com a dos povos conquistados, dando origem ao helenismo.
  No tempo da Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.), a Macedônia era uma potência secundária que se revezava, ora apoiando Esparta, ora apoiando Atenas. A Macedônia tornou-se cada vez mais influenciada pela cultura da cidade de Atenas durante este período, embora alguns atenienses de destaque consideravam os macedônios como bárbaros.
Reino da Macedônia durante a Guerra do Peloponeso
  Durante o governo de Filipe V (222-179 a.C.) e de seu filho Perseu (179-168 a.C.), o Reino da Macedônia entrou em choque com o crescente poder da República Romana, promovendo uma série de guerras contra o Império Romano, onde os macedônios saíram derrotados em várias delas, fato este que provocou o declínio do Reino da Macedônia. Em 146 a.C., a Macedônia se tornou uma província romana.
  Em 65 a.C., os romanos acabaram com os últimos resquícios do império Macedônico, quando conquistaram o reino Selêucida Macedônio na Ásia sob seu último rei, Antíoco VII. No ano 30 a.C., os romanos exterminaram o restante dos descendentes macedônios no Egito, com a derrota de Cleópatra VII.
Ohrid - com uma população de 42.507 habitantes (estimativa 2016) é a oitava maior cidade da Macedônia
GEOGRAFIA
  Grande parte do território da República da Macedônia é formado por planaltos, com altitudes entre 600 e 900 metros. O Monte Korab, localizado na fronteira entre a República da Macedônia e a Albânia, é o ponto culminante do país, com uma altitude de 2.764 metros. O solo macedônico é constituído principalmente por xisto e rochas vulcânicas.
  O clima predominante da República da Macedônia é o temperado mediterrâneo, com forte influência continental. O verão é quente e seco e o inverno é relativamente frio e com queda de neve.
Monte Korab - ponto culminante da República da Macedônia
  Na República da Macedônia existem cerca de 1.100 grandes fontes de água. Os rios deságuam em três bacias diferentes: Mar Egeu, Mar Adriático e Mar Negro. A bacia do Mar Egeu cobre 87% do território do país, com destaque para o rio Vardar, que é o maior rio do país e drena 80% do território macedônio. Seu vale desempenha um importante papel na economia e no sistema de comunicação do país.
  O rio Drin Negro forma a bacia do Mar Adriático, que abrange cerca de pouco mais de 12% do território macedônio. Ele recebe as águas dos lagos Prespa e Ohrid. A bacia do Mar Negro abrange menos de 1% do território macedônio, no norte do país, no monte Skopska Crna Gora, onde está a nascente do rio Morava Binachka, afluente do rio Danúbio.
Vale do rio Vardar - Macedônia
ECONOMIA
  A Macedônia é um dos países mais pobres da Europa, com elevadas taxas de desemprego. A renda per capita é de pouco menos de 5 mil dólares. Antes de se tornar independente da República da Iugoslávia, a Macedônia era a república mais pobre daquele país. Após sua independência, pouca coisa mudou, principalmente durante a década de 1990, devido aos conflitos existentes na região e ao bloqueio econômico imposto pela Grécia.
Kavadarci - com uma população de 39.205 habitantes (estimativa 2016) é a nona maior cidade da Macedônia
  A agricultura é uma das principais atividades econômicas do país, ocupando cerca de 20% da População Economicamente Ativa (PEA). Os principais produtos agrícolas cultivados no país são trigo, arroz, tabaco, milho, frutas e uva. Os principais recursos minerais da Macedônia são chumbo, zinco, cobre e cromo.
  As principais indústrias existentes no país são de processamento de alimentos, bebidas, têxteis, produtos químicos, ferro, aço, cimento, energia e produtos farmacêuticos. Os principais parceiros econômicos da Macedônia são a Alemanha, a Rússia, a Itália, a Sérvia e o Reino Unido.
  Nos últimos anos, tentando diversificar sua economia, o país vem investindo pesadamente na indústria do turismo.
Gostivar - com uma população de 36.277 habitantes (estimativa 2016) é a décima maior cidade da Macedônia
ALGUNS DADOS DA MACEDÔNIA

NOME: República da Macedônia
CAPITAL: Escópia
Monumento ao Guerreiro, em Escópia - Macedônia
GENTÍLICO: macedônio (a)
LÍNGUA OFICIAL: macedônio
GOVERNO: República Parlamentarista
INDEPENDÊNCIA: da Iugoslávia
Declarada: 8 de setembro de 1991
Reconhecida: 8 de abril de 1993
LOCALIZAÇÃO: Península Balcânica (sudeste da Europa)
ÁREA: 25.713 km² (146º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2016): 2.072.482 habitantes (148°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 80,6 hab./km² (90°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - Estimativa 2015): 0,08% (197°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2016):
Escópia: 676.540 habitantes
Escópia - capital e maior cidade da Macedônia
Bitola: 96.529 habitantes
Bitola - segunda maior cidade da Macedônia
Kumanovo: 71.692 habitantes
Kumanovo - terceira maior cidade da Macedônia
PIB (FMI - 2015): US$ 10,198 bilhões (131º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2015): US$ 4.943 (98°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2015): 0,747 (81°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
  acima de 0,900
    0,850-0,899
   0,800-0,849
   0,750-0,799
   0,700-0,749
  0,650–0,699
   0,600–0,649
   0,550–0,599
   0,500–0,549
   0,450–0,499
  0,400–0,449
   0,350–0,399
   0,300–0,349
   abaixo de 0,300
   Sem dados
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2015): 74,22 anos (72º). Obs: a expectativa de vida ou esperança de vida, expressa a probabilidade de tempo de vida média da população. Reflete as condições sanitárias e de saúde de uma população.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2015): 11,18/mil (152º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2015): 8,77/mil (88º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2015): 8,32/mil (65°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2015): 1,5 filhos/mulher (178º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2015): 97,3% (75°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2015): 67,8% (68°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
MOEDA: Dinar Macedônio
RELIGIÃO: cristianismo (64,2%, sendo 61,4% de ortodoxos e 2,8% de outras religiões cristãs), islamismo (2,8%), ateísmo (1,4%), sem religião e outras religiões(6%).
DIVISÃO: a República da Macedônia está subdividida em 84 municipalidades, onde destas municipalidades, 10 constituem a cidade de Escópia, uma unidade distinta de governo local e a capital do país.
Adicionar legenda
FONTE: Projeto Araribá: geografia / organizadora Editora Moderna; editor  responsável: Fernando Carlo Vedovate. - 3. ed. - São Paulo: Moderna, 2010.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

MALI: UM DOS PAÍSES MAIS POBRES DO MUNDO, MAS QUE JÁ FOI UM DOS MAIORES E MAIS PODEROSOS REINOS DA ÁFRICA

  Mali é um país interior do continente africano, sendo cortado no meio pelo deserto do Saara. Faz divisa com sete países: Argélia ao norte, Níger ao leste, Mauritânia e Senegal a oeste, Costa do Marfim, Guiné e Burkina Fasso ao sul. É formado por oito regiões e seus principais recursos naturais são ouro, urânio e sal. O atual território do Mali foi sede de três impérios da África Ocidental que controlava o comércio transaariano: o Império de Gana, o Império de Mali (que deu o nome ao país), e o Império Songhai.
  No final do século XIX, o Mali ficou sob o controle da França, tornando-se parte do Sudão Francês. Em 1960, conquistou a independência, juntamente com o Senegal, tornando-se a Federação do Mali. Um ano mais tarde, a Federação do Mali se dividiu em dois países: Mali e Senegal. Atualmente, quase a metade de sua população vive abaixo da linha de pobreza, com menos de 1 dólar por dia.
Mapa de localização de Mali
HISTÓRIA
  Com uma antiga história de ricos reinos africanos, entre os quais o famoso Império de Gana e Império de Mali, o Mali foi ocupado pelos franceses no final do século XIX, fazendo parte do Sudão Francês, em 1890, com um governador estacionado em Kayes.
  O Reino de Mali se consolidou quando o príncipe Sundiata Keita, por volta de 1230, tornou-se o soberano de Mali, fixando a capital em Niani. Ampliando progressivamente seus domínios, no início do século XIV esse reino já alcançava a costa do Atlântico e o interior do Saara e controlava várias cidades e as rotas comerciais saarianas. Ficaram famosas, pelo luxo e riqueza das caravanas, as peregrinações de seus governantes a Meca, a terra santa dos muçulmanos. O Reino de Mali também se destacou pela fundação de mesquitas e centros de estudos que contavam com arquitetos trazidos do Oriente Próximo.
  A sociedade do Império do Mali foi dividida em trinta grandes clãs, alguns de artesãos, outros de guerreiros, outros de homens livres. Os casamentos eram regulados por castas, sendo proibidos casamentos entre castas diferentes. O Império Mali era agrícola, com o domínio da cultura do algodão e do amendoim.
Mapa do Império Mali
  O apogeu do Império do Mali teve início no século XIV com o governo de Mansa Mussa. O governo de Mansa Mussa, foi o responsável por converter todo o império ao islamismo. Em sua peregrinação à Meca, Mansa Mussa teve o acompanhamento de cerca de 15 mil homens, 100 camelos e uma quantidade expressiva de ouro. Nessa peregrinação, ele trouxe para Mali vários mercadores e sábios que ajudaram na divulgação da religião islâmica. Trouxe também o poeta-arquiteto Abu Issak, conhecido também como Esseheli, que planejou a grande mesquita Djingareiber.
  Quando retornou ao seu Império, Mansa Mussa determinou a construção de escolas islâmicas na capital do Império, Niani. Assim, a capital, que era conhecida por ser um grande centro comercial, ficou conhecida também como um grande centro de estudos religiosos.
Grande Mesquita de Djingareiber, em Tombuctu - Mali
  A queda do Império do Mali está relacionada às lutas internas pela posse do trono, o crescimento do Império de Gao e os levantes dos reinos vassalos. Os Peules, iniciaram um movimento de resistência liderados por Djadjé, no começo do século XV, ao mesmo tempo em que povos do Tekrur se aliaram aos estados Volofos, e as províncias do leste eram anexados por Gao.
  No século XVI, em razão de frequentes invasões e saques, o Reino de Mali foi sobrepujado pelo Reino de Songai, até então seu vassalo. O Império Songai ganhou a independência do Império Mali gradualmente, abrangendo a extremidade oriental deste império. Sua queda foi resultado de uma invasão berbere em 1591, marcando o fim do papel regional da encruzilhada comercial. Após o estabelecimento de rotas marítimas pelas potências europeias, as rotas comerciais transaarianas perderam sua importância.
Rotas transaarianas entre os séculos XV e XVI
  Na era colonial, Mali ficou sob o controle francês no fim do século XIX. Em 1905, todo o seu território estava sob o controle francês, fazendo parte do Sudão Francês. No início de 1959, Mali e Senegal se uniram formando a Federação do Mali, que conquistou sua independência em 20 de agosto de 1960. A retirada da Federação Senegalesa permitiu que a ex-república sudanesa formasse a Federação do Mali, em 22 de setembro de 1960. Modibo Keita, que foi primeiro-ministro da Federação do Mali até sua dissolução, foi eleito o primeiro presidente. Keita estabeleceu o unipartidarismo, adotando uma orientação africana independente e socialista, com fortes laços com a União Soviética, realizando uma ampla nacionalização dos recursos econômicos.
Modibo Keita (1915-1977) - primeiro presidente do Mali
  Em 1968, como resultado de um crescente declínio econômico, o mandato de Keita foi derrubado por um sangrento golpe militar liderado por Moussa Traoré. O regime militar subsequente, sob a liderança de Traoré, realizou amplas reformas econômicas. Seus esforços, porém, foram frustrados pela instabilidade política e uma devastadora seca que ocorreu entre 1968 e 1974. O regime de Traoré enfrentou distúrbios estudantis que começaram no final dos anos 1970, além de três tentativas de golpes de Estado. As divergências foram suprimidas no final da década de 1980.
  O governo tentou implantar reformas econômicas, mas sua popularidade entre a população diminuiu cada vez mais. Em resposta à crescente demanda por uma democracia pluripartidária, Traoré consistiu uma liberalização política limitada, mas negou a marcar o início de um pleno sistema democrático.
Moussa Traoré - ex-presidente do Mali
  Em 1990, começaram a surgir novos movimentos de oposição coerentes, mas estes processos foram interrompidos pelo aumento da violência étnica no norte do país, devido ao retorno de vários tuaregues que estavam exilados.
  Novos protestos contra o governo ocorreram em 1991, levando a um novo golpe de Estado, que seguiu-se a um governo de transição e a realização de uma nova Constituição. Em 1992, Alpha Oumar Konaré venceu as primeiras eleições democráticas do país. Após sua reeleição, em 1997, Konaré impulsionou reformas político-econômicas e lutou em combater a corrupção. Em 2002, Konaré foi substituído por Amadou Toumani Touré, general que liderou um outro golpe de Estado contra os militares e impôs a democracia.
  O Mali vinha sendo um dos países mais estáveis da África no âmbito político e social. Em outubro de 2011, porém, rebeldes da etnia tuaregue lançaram uma rebelião, após conseguirem armas na Líbia. Em 21 de março de 2012, um golpe militar derrubou o governo do presidente Touré. Meses depois, grupos islâmicos capturaram Timbuktu, Kidal e Gao, que estavam sob o controle dos tuaregues, e começaram a destruir lugares e manuscritos sagrados para os muçulmanos, além de imporem a sharia, como é chamada a lei islâmica.
Koutiala - com uma população de 120.564 habitantes (estimativa 2016), é a quarta maior cidade do Mali
  Em janeiro de 2013, a França enviou tropas ao Mali para combater radicais islâmicos, que haviam capturados diversos territórios no norte do país. Um dos locais capturados pelos extremistas ligados à rede terrorista Al-Qaeda, foi a antiga cidade de Timbuktu, que fica no deserto e é um centro histórico do estudo do islamismo.
  Em 20 de novembro de 2015, durante um cerco, mais de 170 pessoas foram feitas reféns e dezoito foram mortas em um hotel na capital do país, Bamako. A Al-Qaeda do Magreb Islâmico e um de seus ramos na região, o grupo radical islâmico Al-Murabitoun, reivindicaram a autoria do atentado.
  Jihadistas radicados no deserto, frequentemente lançam ataques com foguetes e mísseis contra as bases da ONU (Organização das Nações Unidas), especialmente quando a lua está cheia, pois a maior luminosidade ajuda na identificação dos alvos nos campos.
Kayes - com uma população de 118.272 habitantes (estimativa 2016) é a quinta maior cidade do Mali
GEOGRAFIA
  Mali é um país sem saída para o mar, situado na África Ocidental. Possui 7.243 km de fronteiras com sete países que limita: Argélia ao norte e a leste, Mauritânia e Senegal ao oeste, Níger a leste, Burkina Fasso a sudeste, Costa do Marfim ao sul, e Guiné a sudoeste. A maior parte do país é cortado pelo deserto do Saara, o que faz com que Mali tenha um clima quente, sendo comum a ocorrência de tempestades de poeira que se formam durante o período de secas.
  O território do Mali é essencialmente plano, com algumas regiões montanhosas. O relevo do país é formado por planícies e planaltos, sendo que o ponto culminante é o monte Hombori Tondo, com uma altitude de 1.155 metros acima do nível do mar, que está localizado no sudeste de Mali. No nordeste, está situado o Adrar des Ifoghas, um grande complexo maciço de rochas areníticas, rico em restos arqueológicos, em especial desenhos inscritos nas rochas e restos humanos dos habitantes de eras anteriores. No sudoeste, encontram-se as montanhas Bambouk.
Monte Hombori Tondo - ponto culminante do Mali
  Os recursos naturais do país são consideráveis, sendo que o ouro, o urânio, o fosfato, o caulim, o sal e o calcário são os mais explorados. Devido à intensa exploração dos recursos naturais, o Mali vem enfrentando graves problemas ambientais, como a desertificação, o desmatamento, a erosão do solo e a contaminação das águas.
  Dois importantes rios africanos, fazem parte da hidrografia do Mali: os rios Senegal e Níger. O clima varia de subtropical no sul, ao árido no norte. A estação chuvosa vai do final de junho a dezembro. Durante este período, é comum ocorrerem inundações do rio Níger em parte da região que ele drena. A vegetação da parte mais ao sul é a savana e na parte coberta pelo deserto do Saara, predomina a vegetação desértica.
Área degradada no Mali
DEMOGRAFIA
  Com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,419, o Mali é um dos países com uma das piores qualidades de vida do planeta. O país apresenta uma baixa expectativa de vida (49,99 anos), elevada taxa de mortalidade infantil (109,08/mil pessoas nascidas vivas) e uma taxa de analfabetismo bastante alta (72,3%).
  A população do Mali abrange um grande número de grupos étnicos da África Subsaariana, dos quais a maioria tem concordâncias histórico-culturais, linguísticas e religiosas. O maior grupo étnico do país é o bambara, que corresponde a cerca de 39,5% da população. Outras etnias importantes do país são: peul (17%), voltaic (12%), songhai (8%), tuaregue (8%), moor (5%). Outros grupos compõem o resto da população, como o soninke, o khassonké, o malinka, entre outros. Historicamente, o Mali tem tido boas relações interétnicas, mas existem tensões entre os songhais e os tuaregues.
  A língua oficial do Mali é o francês, mas existem vários dialetos locais. Cerca de 80% da população do Mali se comunica na língua Bambara, que é a principal língua veicular e de comércio do país.
Ségou - com uma população de 112.311 habitantes (estimativa 2016) é a sexta maior cidade do Mali
ECONOMIA
  O Mali é um dos países mais pobres do planeta. A agropecuária é responsável por empregar aproximadamente 70% da PEA (População Economicamente Ativa), em especial no cultivo do algodão, que é o principal produto cultivado no país. Porém, devido ao intenso processo de desertificação, a agricultura vem sendo bastante prejudicada nas últimas décadas. Além do algodão, o Mali produz arroz, legumes e milho. O setor industrial é pouco desenvolvido, cujo principal produto desse setor é o têxtil. Os principais recursos naturais com potencial econômico do país são o urânio e o ouro.
Gao - com uma população de 105.574 habitantes (estimativa 2016) é a sétima maior cidade do Mali
  Mali implementou um programa de ajuste econômico que resultou no crescimento de sua economia e a redução dos salários negativos. O plano de aumento das condições socioeconômicas permitiu que o país ingressasse na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 1995. A partir do ingresso do país nessa organização, o seu produto interno bruto (PIB) aumentou significativamente.
  Em 1991, com a ajuda da Associação Internacional de Desenvolvimento, o país facilitou a implementação dos códigos de mineração. O ouro é extraído na região sul, que também conta com a extração de outros produtos, como o caulim, o fosfato, o sal e o calcário. O surgimento do ouro como o principal produto de exportação no final da década de 1990, ajudou a atenuar o impacto negativo da crise do algodão.
Nioro du Sahel - com uma população de 95.145 habitantes (estimativa 2016) é a oitava maior cidade do Mali
  O Mali é muito dependente da ajuda externa e sua economia é bastante vulnerável às flutuações dos preços do algodão nos mercados mundiais. Em 1997, o governo implementou um programa de ajustamentos em sua economia. Com a entrada do país na OMC, várias empresas transnacionais se instalaram no país, principalmente as mineradoras, que buscavam explorar uma das suas principais riquezas naturais, o ouro.
Markala - com uma população de 65.211 habitantes (estimativa 2016) é a nona maior cidade do Mali
CULTURA
  As tradições musicais malianas derivam de griots (ou Djeli), conhecidas como "Guardiões da Memória", que exercem a função de transmitir a história do país. A música do Mali é diversificada e possui diferentes gêneros. Alguns músicos são bastante influentes, como Toumani Diabaté e Mamadou Diabaté, intérpretes de um instrumento musical chamado kora; o guitarrista Ali Farka Touré, que combinava a música tradicional do Mali com um gênero vocal denominado blues; grupos musicais tuaregues, como Tinariwen e Tamikreste; artistas como Salif Keita, Amadou Samp, entre outros.
  A maioria dos habitantes de Mali usam trajes coloridos e fluídos chamados de boubou, típico da África Ocidental. Os malienses participam frequentemente de festas, bailes e celebrações tradicionais. O arroz e o milho são os principais alimentos do país, cuja culinária se baseia em grãos de cereais, que são preparados com salsas feitas de folhas.
Kolokani - com uma população de 59.187 habitantes (estimativa 2016) é a décima maior cidade do Mali
ALGUNS DADOS DO MALI
NOME: República do Mali
CAPITAL: Bamako
Centro de Bamako
GENTÍLICO: maliano (a), malinês (a), malês (a).
LÍNGUA OFICIAL: malês
GOVERNO: República Semipresidencialista
INDEPENDÊNCIA: da França, em 22 de setembro de 1960
LOCALIZAÇÃO: África Ocidental
ÁREA: 1.240.192 km² (23º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2016): 18.131.520 habitantes (63°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 14,62 hab./km² (176°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - Estimativa 2015): 3,02% (12°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2016):
Bamako: 2.191.551 habitantes
Bamako - capital e maior cidade do Mali
Sikasso: 150.154 habitantes
Sikasso - segunda maior cidade do Mali
Mopti: 138.458 habitantes
Mopti - terceira maior cidade do Mali
PIB (FMI - 2015): US$ 9,603 bilhões (125º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2015): US$ 656 (167°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2015): 0,419 (179°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
  acima de 0,900
    0,850-0,899
   0,800-0,849
   0,750-0,799
   0,700-0,749
  0,650–0,699
   0,600–0,649
   0,550–0,599
   0,500–0,549
   0,450–0,499
  0,400–0,449
   0,350–0,399
   0,300–0,349
   abaixo de 0,300
   Sem dados
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2015): 49,99 anos (184º). Obs: a expectativa de vida ou esperança de vida, expressa a probabilidade de tempo de vida média da população. Reflete as condições sanitárias e de saúde de uma população.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2015): 49,61/mil (2º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2015): 16,89/mil (18º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2015): 109,08/mil (220°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2015): 6,06 filhos/mulher (3º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2015): 27,7% (201°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2015): 32,5% (154°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
MOEDA: Franco CFA
RELIGIÃO: islamismo (80,7%), crenças tradicionais (16,3%), cristianismo (2,7%), sem religião ou ateus (0,3%).
DIVISÃO: o Mali está dividido administrativamente em oito regiões e um distrito (o Distrito da Capital - Bamako). As regiões do Mali são: Gao, Kayes, Kidal, Koulikoro, Mopti, Segou, Sikasso e Timbuktu. As regiões estão subdivididas em 49 Circles (Círculos).
Divisão administrativa do Mali
FONTE: Vicentino, Cláudio
História geral e do Brasil / Cláudio Vicentino, Gianpaolo Dorigo. - 2. ed. - São Paulo: Scipione, 2013.