quarta-feira, 19 de junho de 2013

OS FLUXOS POPULACIONAIS NA GLOBALIZAÇÃO

  Os fluxos populacionais no mundo globalizado constituem-se de múltiplas formas de migração e revelam-se cada vez mais como uma característica marcante do processo de globalização.
  O fenômeno da migração é tão antigo quanto a própria humanidade, que sempre se deslocou para novos territórios, às vezes já ocupados por outros grupos. Cada vez mais pessoas têm migrado nas últimas décadas, ao mesmo tempo em que os fenômenos migratórios e a presença de migrantes entre as populações nativas tem sido marcantes em outros contextos. Uma delas tem sido a formação dos Estados nacionais no continente americano, principalmente entre os séculos XVIII e XIX. Ela contou com numerosas levas de imigrantes, sobretudo europeus e asiáticos, aos quais se somaram os africanos, trazidos à força do continente africano.
Chegada de imigrantes na Ellis Island, Nova York, em 1904.
  Os movimentos migratórios contemporâneos são fenômenos sociais amplamente discutidos e sua dinâmica global é um importante aspecto da atual fase da globalização.
  Os fluxos populacionais atuais contrastam com os ocorridos em outros períodos da história. Porém, não pela proporção de migrantes no conjunto das populações, ainda que sua quantidade absoluta seja cada vez maior. O principal contraste em relação a períodos anteriores da história são suas novas características, como: direção predominante, principais emissores e, especialmente, a forma contraditória como são tratados os imigrantes nos países de destino.
  Entre os séculos XIX e início do século XX predominou a migração de europeus para os outros continentes, mas, atualmente, ocorre o inverso: povos de todos os continentes migram em direção à Europa e à América do Norte, principalmente.
Correntes imigratórias até a metade do século XX
  Em ambos os casos, a principal motivação para o deslocamento é de ordem econômica. Trata-se de fluxos de trabalhadores em busca de melhores condições de vida e trabalho, tendo, geralmente, o sonho de um dia retornar ao seu país de origem. Assim, os fluxos de trabalhadores no mundo, em geral, caracterizaram importantes contribuições econômicas e culturais para outros países. No entanto, em países mais ricos, tem crescido a onda de discriminação e preconceito contra imigrantes de países pobres, expressa nas legislações cada vez mais restritiva a estrangeiros. Há também um número crescente de agressões e hostilidades de grupos locais contra famílias de trabalhadores imigrantes.
Fluxo migratório no final do século XX
  Tal reação é provocada pelo sentimento conhecido como xenofobia, caracterizado pela aversão a pessoas, crenças e modos de vida externos à sua comunidade. Esse problema está fortemente associado a um pensamento equivocado de que os imigrantes seriam “concorrentes” e, portanto, causadores de problemas, como o mercado de trabalho cada vez mais saturado nos países desenvolvidos, ameaçando a mão de obra local, aumentando o desemprego e pressionando os salários para níveis mais baixos.
  Os estudos desenvolvidos pela ONU contestam essa visão e contrapõem-se fortemente a ela, alegando que é ilegítima e repudiando atitudes de grupos xenófobos. Segundo os pesquisadores da organização, a presença de migrantes tende a enriquecer social, econômica e culturalmente os locais receptores, e os recentes problemas de desemprego nesses países têm outras causas, mais ligadas às questões demográficas de diminuição de mão de obra para determinados cargos e processos econômicos do mundo globalizado.
Imigrantes haitianos no Brasil
  Uma evidência contemporânea bastante contundente de que os fluxos populacionais de países subdesenvolvidos não devem ser vistos simplesmente como problemas para a população dos países ricos é a recepção diferenciada dada a turistas e trabalhadores qualificados, provenientes de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Esses trabalhadores, compondo o fenômeno conhecido como “fuga de cérebros”, deixam seu país de origem, também, em busca de oportunidades mais promissoras de trabalho.
  Nesse sentido, são conhecidos os numerosos casos de chineses e indianos altamente qualificados, geralmente em áreas ligadas à informática, trabalhando ou especializando-se em universidades norte-americanas ou em outras universidades de renome internacional. Até mesmo atletas sul-americanos, levados por universidades e às vezes naturalizados em países da Europa ou nos Estados Unidos, são, por vezes, considerados mão de obra altamente valorizada. Em geral, os países de origem desses profissionais sofrem com esses fluxos de indivíduos, já que são muito importantes para o seu desenvolvimento. No entanto, os países desenvolvidos que recebem esses jovens profissionais são beneficiados por seus talentos.
Membros da comunidade paquistanesa em protesto em Atenas, Grécia
  Outra tendência significativa em relação aos fluxos populacionais atuais é a intensificação da chamada migração Sul-Sul. Esse tipo de migração representa uma parcela cada vez maior das migrações mundiais, sendo composta de trabalhadores oriundos de países subdesenvolvidos que vão para países emergentes, com grau de desenvolvimento e industrialização mais elevado. Um desses exemplos, é a vinda de trabalhadores bolivianos, principalmente para a cidade de São Paulo ou o fluxo de países da África Subsaariana, como Zimbábue, Botsuana, Zâmbia, Angola e Moçambique para a África do Sul.
Imigrantes africanos tentando entrar na Europa
FONTE: Torrezani, Neiva Camargo. Vontade de saber geografia: 9° ano / Neiva Camargo Torrezani. – 1. ed. – São Paulo: FTD, 2012.

terça-feira, 18 de junho de 2013

ÁFRICA: DOS REINOS AUTÔNOMOS À COLONIZAÇÃO ÁRABE E EUROPEIA

  Antes da chegada de forasteiros, as terras africanas eram ocupadas por povos que chegaram a organizar alguns reinos. O Egito, considerado o berço da civilização, foi o mais desenvolvido entre eles. Existem indícios de que o povoamento na área começou em 10.000 a.C., mas os registros arqueológicos confirmam a presença humana na região pelo menos 4.000 anos a.C.
  Os egípcios se estabeleceram e se organizaram junto ao Rio Nilo e aprenderam a conviver com as cheias sazonais do rio para praticar a agricultura. Também aprenderam a explorar metais, como o ouro e o cobre. As pirâmides marcam até hoje a paisagem egípcia.
Pirâmides de Gizé, no Egito
  Além do Egito, outros reinos ganharam destaque, como o de Cuche, que acabou dominado pelos egípcios. Esse reino ficava na Núbia, faixa que se estendia do Nilo até as terras que atualmente pertencem ao Sudão.
  No oeste do continente, Gana foi um poderoso império que se estabeleceu nas terras que hoje pertencem à Mauritânia e ao Mali. Posteriormente, as terras que pertenciam a Gana foram conquistadas pelo Mali, outro império de destaque, que se estendeu seus domínios até o litoral oeste.
Em verde o império de Gana
  A organização dos povos africanos em reinos não impediu a sua dominação por invasores. Um dos primeiros invasores foi Alexandre, o Grande, rei da Macedônia aos 18 anos de idade. Com grande habilidade militar, ele conquistou várias áreas da África para o domínio grego, entre elas, as terras do antigo império egípcio, em 332 a.C. Na passagem pelo Egito, fundou Alexandria, que existe até hoje e que no passado teve papel fundamental para o comércio no Mediterrâneo.
Império de Alexandre, o Grande
  Em 44 a.C. os romanos chegaram ao continente e conquistaram as terras ao norte da África, até então de domínio grego. A presença romana não teve a mesma repercussão atingida em outras partes do mundo, como na Europa. Na África, os romanos estavam preocupados em manter a posse das terras para manter o controle sobre o Mediterrâneo. Um dos objetivos foi conquistar Cartago, importante polo comercial e portuário, cuja população era muito influenciada pelos egípcios. Depois de três guerras, chamadas Guerras Púnicas, os romanos conseguiram derrotar os cartagineses em 149 a.C.
  As Guerras Púnicas consistiram numa série de três conflitos que opuseram a República Romana e a República de Cartago, Cidade-Estado fenícia, no período de 264 a.C a 146 a.C. Depois de quase um século de lutas, ao fim das Guerras Púnicas, Cartago foi totalmente destruída e Roma passou a dominar o mar Mediterrâneo.
Mapa das Guerras Púnicas
  A partir de 670 d.C., os árabes passaram a controlar as terras que os romanos dominaram e, aos poucos, converteram os povos dessa área africana ao islamismo. A influência árabe pode ser observada até hoje no norte da África.
  Para os povos árabes, essa conquista foi estratégica, pois facilitou a penetração no sul da Espanha e a dominação da Andalúzia, por volta de 711 d.C. Além disso, a partir de Cartago, esses povos se deslocaram para as ilhas da Sicília e depois para a Sardenha, atualmente território da Itália.
  Outros povos voltaram a cobiçar as terras e as riquezas africanas a partir do século XV. Entre os europeus, os primeiros foram os portugueses, exímios navegadores da época, que aportaram suas caravelas em vários pontos da costa africana. Eles instalaram algumas bases comerciais e de exploração dos recursos naturais tanto na costa leste, quanto, principalmente, na costa oeste.
Grandes Navegações
  Os principais objetivos dos portugueses eram: retirar marfim e ouro e capturar pessoas para escravizar. O marfim era muito apreciado na época, pois era usado para confeccionar teclas de piano e bolsas de bilhar. Estudos indicam que, no século XVI, cerca de 2.000 africanos foram escravizados e levados à força para outras regiões. A partir de 1680 já chegavam a cerca de 10 mil africanos escravizados por ano.
Tráfico negreiro
FONTE: Ribeiro, Wagner Costa. Por dentro da geografia, 8º ano: mundo / Wagner costa Ribeiro. 1. ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A POLUIÇÃO DOS OCEANOS

  Quase metade das águas oceânicas está seriamente prejudicada pela sobrepesca, pela poluição e pelas mudanças climáticas, segundo um grande estudo sobre o impacto das atividades humanas na vida marinha. Atualmente, 40% dos oceanos estão com suas águas significativamente alteradas e apenas 4% ainda permanecem em estado original.
  A degradação dos oceanos é especialmente dramática, uma vez que, as algas oceânicas produzem grande parte do oxigênio presente na atmosfera. Além disso, os oceanos recompõem os estoques  de água doce por meio do ciclo da água.
Mapa do impacto no homem nos oceanos
  O ciclo da água ou ciclo hidrológico, como é mais conhecido, refere-se à troca contínua de água na hidrosfera, entre a atmosfera, a água dos solos, águas superficiais, subterrâneas e das plantas.
  A água se move perpetuamente através de cada uma destas regiões no ciclo da água, constituindo em vários processos:
  • evaporação dos oceanos e outros corpos d'água (rios, lagos e lagunas) no ar e a evapotranspiração das plantas terrestres e animais para o ar. Ao evaporarem, as águas oceânicas formam nuvens de chuva que são levadas pelos ventos para os continentes e abastecem os rios;
  • precipitação, pela condensação do vapor de água do ar e caindo diretamente na terra ou no mar;
  • escoamento superficial sobre a terra, que geralmente atingem o mar.
  A maior parte do vapor de água sobre os oceanos retorna ao mar, mas os ventos transportam o vapor de água para a terra com a mesma taxa de escoamento para o mar.
Esquema do ciclo da água
  Na costa norte-americana do Golfo do México, é enorme a quantidade de fertilizantes dissolvidos na água. Esses agrotóxicos são provenientes dos cinturões agrícolas existentes na parte central dos Estados Unidos, e são transportados pelo rio Mississipi juntamente com resíduos de agrotóxicos que praticamente eliminam o oxigênio da água. A inexistência de uma política mundial para controlar o lançamento de dejetos no mar agrava essa destruição. Muitos produtos químicos e metais pesados, como o mercúrio, são encontrados em peixes, como o salmão, o cação e o arenque. No Golfo do México há uma área  que ficou conhecida como "Zona Morta do Golfo do México".
Bacia do Mississipi-Missouri e zona morta no Golfo do México
  A zona morta é uma área do Golfo do México, é uma área submarina com pouco ou nenhum oxigênio. O bolsão, conhecido pelos especialistas como zona hipóxica do norte do Golfo do México possui atualmente entre 17 mil a 20 mil quilômetros quadrados.
  A zona morta é resultado, via Mississipi, do fluxo de nitrogênio (na forma de nitrato) de compostos usados na atividade agrícola. Os nutrientes estimulam a multiplicação exagerada de algas. As algas afundam, se decompõem e consomem nesse processo grande parte do fornecimento de oxigênio, indispensável para a sobrevivência de vários organismos marinhos.
  Com o vazamento da plataforma de petróleo da British Petroleum, em 2010, o óleo ampliou a dimensão da zona hipóxica por meio da quebra do nível microbial do óleo, processo que consome oxigênio.
Água poluída do golfo do México em decorrência do vazamento de petróleo da plataforma da British Petroleum
  Outra grave fonte de poluição dos mares é o derramamento de petróleo. Todos os oceanos do planeta sofrem com esse problema, resultante do descaso internacional em relação à fiscalização dos navios.
  A pesca predatória também é responsável por muita destruição. Essa atividade, que atende às transnacionais produtoras de alimentos, não respeita o período de reprodução da vida marinha.
  Calcula-se que 90% das espécies de peixes que abastecem as indústrias alimentícias estão ameaçadas de extinção imediata em razão da pesca predatória.
  Além disso, imobiliárias têm promovido loteamentos de alto padrão até em manguezais, que são os principais "berçários" de inúmeras espécies marinhas. A destruição dos manguezais e a construção de habitações alteram o equilíbrio ambiental e comprometem a sobrevivência das espécies que aí se reproduzem.
Construções em áreas de mangue - uma grande ameaça a esse ecossistema
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: o espaço do mundo II, 9° ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. - São Paulo: FTD, 2012.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O CICLO DO OURO NO BRASIL: RIQUEZA E CONFLITOS

  As primeiras grandes jazidas de ouro foram encontradas no interior da colônia somente no final do século XVII. A partir da descoberta do ouro de aluvião no vale do rio das Mortes e no vale do rio Doce, entre 1693 e 1695, a região passou a ser chamada de Minas Gerais.
  A notícia do ouro espalhou-se rapidamente, provocando uma corrida de pessoas à região. Além dos que viviam nas outras capitanias, o ouro atraiu os reinós, como eram chamados os que nasciam no reino de Portugal. A partir do começo do século XVIII, de três a quatro mil reinós partiam todos os anos em direção às minas. Era muita gente saindo de um país pequeno e pouco populoso como Portugal. Por isso, em 1720, o governo português restringiu a emigração para o Brasil. Só podia emigrar quem tivesse autorização dada por meio de um passaporte parecido com o que as pessoas usam hoje em dia para viajar para o exterior. A ambição de enriquecer explorando o ouro era tanta que muita gente não media esforços para chegar até as minas. Para lá se dirigiam muitos brancos, mestiços, indígenas e negros (os dois últimos forçados), homens e mulheres, idosos e jovens, pobres e ricos, nobres e pessoas do povo.
Pintura de Carlos Julião retratando a mineração de diamantes em Minas Gerais no ano de 1720
  A população de Minas Gerais aumentou durante todo o século XVIII. Em 1796, havia mais de 390 mil habitantes naquela capitania, correspondendo a cerca de 15% da população total da América portuguesa.
A GUERRA DOS EMBOABAS
  Os bandeirantes paulistas descobriram o ouro em Minas Gerais e por isso queriam o direito de explorá-lo com exclusividade. Só que muitos reinós e colonos de outras capitanias também cobiçavam as riquezas.
  Em contraste com a riqueza concentrada nas mãos dos que encontravam ouro, havia miséria e fome entre muitos que o procuravam. Desde o final do século XVII, crises de abastecimento marcavam a região mineradora. Todos os que migravam para lá iam em busca do ouro, mas quase ninguém cuidava do transporte de produtos para o consumo.
  A tensão cresceu quando os portugueses passaram a controlar o abastecimento da região. O conflito mais violento entre paulistas e portugueses ficou conhecido como a Guerra dos Emboabas (1707-1709).
Pintura retratando a Guerra dos Emboabas
  Os paulistas chamavam os portugueses de emboabas, palavra de origem tupi que significa "aves de pés cobertos", em referência às botas que os reinós usavam. Os mamelucos que compunham as expedições saídas de São Paulo andavam descalços. Os paulistas também usavam o termo emboabas para designar os forasteiros.
  O principal líder dos paulistas na região das minas era Manuel Borba Gato, enquanto os emboabas eram chefiados por Manuel Nunes Viana, rico pecuarista do vale do São Francisco. Foi Viana quem comandou as tropas na luta contra os paulistas, vencendo-os em Sabará e em Cachoeira do Campo.
Estátua de Manuel da Borba Gato, de Nicola Rollo
  Em 1709, muitos paulistas foram mortos por cerca de mil emboabas, comandados por Bento do Amaral Coutinho, às margens do rio das Mortes.
  Até aquele momento, a presença do governo português na região era reduzida. Porém, para acabar com o conflito e garantir a posse sobre as riquezas locais, a Coroa interveio com mais rigor. O rei Dom João V elevou à vila de São Paulo à categoria de cidade e criou a capitania de São Paulo e Minas do Ouro, desmembrada do Rio de Janeiro. Em 1720, foram criadas duas capitanias separadas: São Paulo e Minas Gerais.
Ouro Preto - na época do ciclo da mineração era conhecida como Vila Rica
NOVAS DESCOBERTAS
  A Guerra dos Emboabas foi desfavorável aos paulistas e os levou a procurar metais preciosos em outras áreas. Eles acabaram descobrindo ouro nos atuais estados de Mato Grosso e Goiás, que na época faziam parte da capitania de São Paulo.
  Em 1719, paulistas liderados por Pascoal Moreira Cabral, que haviam partido em busca de indígenas para escravizar, descobriram jazidas de ouro em área próxima à atual Cuiabá. Apesar da resistência dos coxiponés que ali viviam, a conquista e a exploração do ouro prosseguiram. A Vila Real de Cuiabá foi fundada no mesmo ano e, em 1722, outras jazidas foram descobertas por Miguel Sutil. A corrida do ouro também atraiu muita gente àquela região.

Cuiabá - MT. Cidade que surgiu graças ao ciclo do ouro
  Anos depois, Bartolomeu Bueno da Silva (filho de outro paulista com o mesmo nome) encontrou ouro em Goiás (1725) e fundou a primeira povoação branca da região: o Arraial da Barra, em 1726.
  Além das riquezas geradas pela mineração, outro objetivo da Coroa portuguesa à época era ocupar uma região estrategicamente importante. Isso ocorreu por que as capitanias de Goiás e Mato Grosso estavam próximas às minas de prata exploradas pelos espanhóis nos atuais territórios da Bolívia e do Peru, e sua criação permitiu a posterior posse  ocupação da Amazônia.
Cidade de Goiás ou Goiás Velho - GO. Originou-se a partir da exploração do ouro.
CONTROLE E EXPLORAÇÃO DAS MINAS
  O ouro descoberto na colônia pertencia ao governo de Portugal, que concedia lotes (também chamados de datas) aos que tivessem condições de explorá-los. O trabalho era feito por escravos, em locais denominados de lavras. Com isso, o comércio de escravos africanos aumentou bastante, para abastecer os mineradores.
  Percebendo no ouro uma possibilidade de reerguer sua economia que enfrentava sérios problemas desde a Restauração (golpe de Estado, ocorrido em primeiro de dezembro de 1640, contra a tentativa de anulação da independência do Reino de Portugal pela governação da Dinastia Filipina Castelhana), o governo português organizou esquemas rígidos para controlar a região das minas. Fazia parte deste controle a cobrança de impostos sobre o ouro extraído. Estas formas de cobrança passaram por modificações ao longo do século XVIII.
Mariana - MG. Importante cidade da região das Minas Gerais
FONTE: Cotrim, Gilberto, 1955 - Saber e fazer história, 7º ano / Gilberto Cotrim, Jaime Rodrigues. - 7. ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.

O CLIMA E A VEGETAÇÃO DA OCEANIA

  O fato de grande parte da Oceania estar localizada na região tropical da Terra coloca boa parte desse continente sob o domínio de climas quentes, como o tropical, o equatorial e até mesmo o desértico. Apenas a Nova Zelândia e a região sudeste da Austrália apresentam clima temperado.
  Na Austrália, cerca de 50% do território é dominado pelos climas desértico e semiárido. Somente a faixa litorânea norte e nordeste do país apresentam clima mais úmido, com média de 1.000 mm de chuva ao longo do ano.
Mapa das zonas climáticas da Austrália
  Em razão da presença da Cordilheira Australiana na porção leste do país, os ventos úmidos vindos do oceano Pacífico são barrados, acarretando chuvas orográficas na região. Os ventos que ultrapassam essa barreira natural e atingem o interior do país encontram-se secos, contribuindo, assim, para a baixa pluviosidade no interior do país.
Cordilheira Australiana
  A vegetação na Oceania, varia conforme os tipos de climas. Na região nordeste da Austrália, onde a pluviosidade é maior, desenvolvem-se as florestas tropicais, no entanto, conforme as chuvas diminuem em direção ao interior do país, gradativamente, a vegetação torna-se menos densa e de menor porte, como as savanas e por fim o deserto.
CLIMA EQUATORIAL
  O clima equatorial ocorre em grande parte das ilhas que compõem a Oceania sendo caracterizado por elevadas temperaturas durante todo o ano, geralmente superiores a 25 ºC. As intensas precipitações ao longo do ano, com índices que variam de 2 mil a 3 mil milímetros anuais, propiciam o desenvolvimento da floresta equatorial, marcada pela grande diversidade de espécies vegetais.
Floresta equatorial em Tonga
CLIMA TROPICAL
  Ocorre na região norte e nordeste da Austrália, apresentando temperaturas elevadas durante todo o ano (médias entre 22 ºC e 25 ºC) e verões chuvosos e invernos secos. As chuvas ao longo do ano apresentam índices pluviométricos em torno de 500 a 1.500 mm. No litoral nordeste encontra-se as florestas tropicais, composta de uma vegetação bastante densa. Já na região norte, a vegetação que se desenvolve é a savana, composta de árvores, arbustos e gramíneas.
Floresta tropical na Austrália
CLIMA TEMPERADO
  Na região sudeste da Austrália e por todo o território da Nova Zelândia atua o clima temperado. Em razão da forte influência das massas de águas oceânicas, que não permitem grandes amplitudes térmicas, esse clima apresenta verões frescos e invernos pouco rigorosos. A temperatura média é de 15 ºC e as precipitações, que são regulares ao longo do ano, ficam entre 500 mm e 1.000 mm anuais. A vegetação que se desenvolve nessas áreas são as florestas temperadas, compostas principalmente de caducifólias.
Floresta temperada na Nova Zelândia
CLIMA SEMIÁRIDO
  Ocorre em uma larga faixa que margeia as áreas de deserto na região central da Austrália. As áreas onde predomina o clima semiárido apresentam temperatura elevada durante todo o ano e as chuvas mostram-se irregulares e concentradas em alguns períodos do ano (cerca de 250 mm a 500 mm anuais).
  As plantas que se desenvolvem nestas áreas são as estepes, vegetação composta basicamente de arbustos e gramíneas.
Estepes na Austrália
CLIMA DESÉRTICO
  Com baixíssimos índices pluviométricos (abaixo dos 250 mm anuais) e elevadas temperaturas durante todo o ano, o clima desértico predomina na região central da Austrália, como os desertos de Vitória e de Simpson.
  A vegetação das áreas  de deserto são adaptadas às elevadas temperaturas e formadas sobretudo por plantas rasteiras e cactos.
Uluru Rock - no Deserto Australiano
FONTE: Garcia, Valquíria Pires. Projeto Radix: geografia / Valquíria Pires Garcia -- Beluce Belucci -- 2. ed. -- São Paulo: Scipione, 2012. -- (Coleção projeto radix)

sábado, 8 de junho de 2013

A ABDICAÇÃO DE DOM PEDRO I

  Diante do quadro crítico da década de 1820, repleto de tensões políticas e problemas econômicos, em razão do processo de independência e de construção de nosso Estado nacional, a autoridade e mesmo a popularidade de D. Pedro I foram enfraquecidas. No fim dessa década, a divisão política no campo governista tornou-se mais evidente. Os brasileiros reuniram-se no grupo liberal, e os portugueses juntaram-se aos conservadores. Gradativamente, os liberais afastaram-se do imperador, o que fortaleceu a posição dos portugueses/conservadores junto ao governo.
Exército do Imperador enfrentando a Confederação do Equador em 1824
  Um fato que reforçou essa postura foi a luta pela sucessão do trono  português em razão da morte de D. João VI, em 1826, o que possibilitaria a ascensão de D. Pedro I como rei de Portugal. Ele preferiu abdicar em favor de sua filha Maria da Glória, menor de idade, afastando os temores dos brasileiros de um possível restabelecimento de laços políticos entre os dois países. Seu irmão, D. Miguel, em 1828 deu um golpe e proclamou-se rei de Portugal, desencadeando uma verdadeira guerra sucessória. D. Pedro envolveu-se na disputa e gastou nela volumosas verbas do tesouro nacional brasileiro. Ao mesmo tempo, tentando fortalecer-se internamente, buscou mais apoio entre os membros do "partido português". Todos esses fatos fizeram crescer o sentimento antilusitano em setores do governo e sobretudo na imprensa.
Maria da Glória em 1826
  No início da década de 1830, o desgaste político do Imperador tornou-se irreversível. O assassinato do jornalista oposicionista Líbero Badaró, no dia 20 de novembro de 1830 e os confrontos entre portugueses e brasileiros contribuíram para o agravamento da situação, que culminaria nas ruas do Rio de Janeiro com a Noite das Garrafadas, quando os conflitos se tornaram abertos.
  A Noite das Garrafadas foi um episódio que envolvia os portugueses que apoiavam D. Pedro I, e os brasileiros que faziam oposição ao imperador.
  Em fevereiro de 1831, D. Pedro I viaja para Minas Gerais, sendo hostilizado pelo povo mineiro. No dia 11 de março ele retorna ao Rio de Janeiro, onde volta a encontrar oposição aberta nas ruas da cidade. O conflito culminou no dia 13, quando os portugueses organizavam uma grande festa para recepcionar o governante, mas os brasileiros revoltosos atacaram com pedras e garrafas. Esse episódio teve uma importância primordial na crise política, pois levaria D. Pedro a tomar medidas que iriam mudar a história do Brasil.
Paço Imperial por volta de 1820. Aqui aconteceu a Noite das Garrafadas
  D. Pedro I tentou ainda resolver os problemas nomeando um novo ministério, mas não obteve sucesso. Rapidamente, estabeleceu-se uma crise de governo, com alguns militares aderindo às insatisfações populares. O insustentável quadro político impôs a abdicação de D. Pedro I em 7 de abril de 1831. O imperador deixou o trono para seu filho Pedro de Alcântara, então com 5 anos de idade, e partiu para a Europa a fim de recuperar o trono português, ocupado por seu irmão.
D. Pedro I entrega ao Major Frias a carta de abdicação do trono brasileiro
  O fim do Primeiro Reinado significou o término da primeira etapa de constituição do Estado nacional. Os conflitos diretos entre brasileiros e portugueses, a velha e a nova burocracia, etc., desapareceram parcialmente, dando lugar a outros tipos de confrontos. Durante as Regências, as crises sociais e políticas permaneceram, e algumas delas tornaram-se ainda mais radicais, demonstrando que a independência política não era suficiente para construir uma nação, organizar a sociedade e pôr fim aos conflitos de interesses existentes.
Dom Pedro I e a coroa imperial do Brasil, de Henrique José da Silva
FONTE: Moraes, José Geraldo de, 1960 - História: geral e do Brasil: volume único / José Geraldo Vinci de Moraes. - 2. ed. - São Paulo: Atual, 2005. - (Coleção Ensino Médio Atual)

sexta-feira, 7 de junho de 2013

CAUSAS DA POBREZA

  Sempre houve pobreza - tanto absoluta como, principalmente, relativa - na história da humanidade, e as suas causas são muito variadas. Elas variam tanto no tempo (época) como no espaço (lugar). No passado, muitas vezes, ela existia em decorrência da falta de conhecimento e da precariedade tecnológica, que resultavam numa baixa produtividade na agricultura, a principal atividade da humanidade, especialmente dos povos mais pobres, na época.
  A pobreza também podia ser eventualmente o resultado do meio ambiente ou de catástrofes naturais: clima muito frio (com os solos congelados) ou muito árido (com carência de água), que impossibilitam ou dificultam a agricultura, desastres naturais (terremotos, inundações, pragas que arruínam os cultivos, etc.) ou epidemias de doenças como malária ou a peste, por exemplo.
Estimativas do Relatório de Perspectivas da População Mundial das Nações Unidas (2005-2010) sobre a esperança de vida a partir do nascimento (anos)
  Mais que 80                  67,5-70,0                     45,0-50,0  
  77,5-80,0                    65,0-67,5                     Menos de 45 
  75,0-77,5                    60,0-65,5                     Sem dados
  72,5-75,0                    55,0-60,0
70,0-72,5                   50,0-55,0  

  Também as frequentes guerras e conflitos armados que sempre ocorreram na história da humanidade como regra geral aumentam a fome e a pobreza de amplas camadas da população, pois eliminam pessoas em idade de trabalhar e destroem edificações (armazéns, pontes, manufaturas, residências) e campos de cultivo. A submissão de um povo, que sofre o domínio colonial por parte de um Estado mais poderoso, quase sempre vem acompanhada pela pobreza de enormes camadas da população, pois as riquezas produzidas na colônia (minérios, ouro ou prata, diamantes, carvão ou petróleo, produtos agrícolas etc.) são destinadas ao abastecimento da metrópole, e não à população local.
Distribuição do PIB per capita no mundo
  Nos dias atuais, em pleno século XXI, teoricamente não haveria muitos motivos para existir fome e pobreza extrema. Diferentemente do passado, hoje predomina um diálogo entre os governos na tentativa de evitar guerras; temos atualmente amplos conhecimentos, ao alcance de todos os povos, sobre como aumentar a produtividade do trabalho e da terra, ou sobre como cultivar em solos que antes eram considerados improdutivos; existe uma ampla rede internacional de ajuda às nações atingidas por catástrofes naturais ou por conflitos armados; a imensa maioria dos Estados nacionais, e também as organizações internacionais, já não aceitam a dominação colonial sobre uma nação; e há também um programa da ONU de combate à pobreza e à fome no mundo. Mas tanto a fome como a pobreza - não apenas relativa, mas até mesmo extrema ou absoluta - ainda existem por vários motivos.
  Um desses motivos é a geração de empregos, que acontece num ritmo menor que o do crescimento demográfico, ou uma crise econômica, que fecha inúmeras empresas, aumentando a taxa de desemprego entre a população. As pessoas desempregadas, mais cedo ou mais tarde, vão engrossar as estatísticas da pobreza.
Fila de pessoas desempregadas
  Outro fator é a má distribuição de renda. Vários estudos mostram que existe uma correlação entre maior concentração na distribuição social da renda e pobreza. Os países onde há maior pobreza geralmente são também países com grandes desigualdades sociais, onde, ao lado de milhões de pobres, sempre existem minorias extremamente ricas.
  O recente aumento da pobreza relativa nos Estados Unidos fornece um exemplo dessa relação  entre desigualdade e pobreza. Estatísticas oficiais daquele país, apontavam a existência de 32,5 milhões de pobres em 2000 e 43,6 milhões em 2010. Isso foi em parte - além da estagnação econômica e do aumento no desemprego - resultado de políticas do governo George W. Bush (2001-2009), que concentraram a renda nacional: houve diminuição dos impostos pagos pelos mais ricos (e pelas grandes empresas), ao lado da permanência dos impostos pagos pelo restante da população, além de ter ocorrido um corte dos investimentos na área social.
Diferenças na igualdade de renda nacional em todo o mundo, medidas pelo Coeficiente Gini nacional
  Também países como Brasil ou México, ambos com renda per capita em torno de 10 mil dólares, só possuem amplas camadas da população vivendo em situação de pobreza (não apenas relativa, mas às vezes até extrema) por causa principalmente da péssima distribuição social da renda nacional.
  Outros fatores que ocasionam a pobreza são a corrupção, a falta de oportunidades para alguns, como a exclusão de amplas camadas da população, que não têm acesso à escolaridade, à saúde, a um trabalho bem remunerado ou a um meio ambiente sadio.
  O que mede a desigualdade de um país é o Coeficiente Gini, que é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini, e publicada no documento "Variabilitá e mutabilitá" ("Variabilidade e mutabilidade" em italiano), em 1912. É comumente utilizada para calcular a desigualdade de distribuição de renda. Consiste em um número de 0 a 1, onde 0 corresponde à completa igualdade de renda e 1 corresponde à completa desigualdade.
Visão do Rio de Janeiro, onde bairros luxuosos se misturam a favelas
FONTE: Vesentini, J. William. Projeto Teláris: Geografia / J. William Vesentini; Vânia Vlach. 1. ed. - São Paulo: Ática, 2012. - (Projeto Teláris: Geografia). O Sul geoeconômico, 8° ano.

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