sábado, 14 de abril de 2012

QUESTÕES DE GEOGRAFIA: ATUALIDADES

1) (Enade) A cibercultura pode ser vista como herdeira legítima (embora distante) do progresso progressista dos filósofos do século XVII. De fato, ela valoriza a participação das pessoas em comunidades de debate e argumentação. Na linha reta das morais da igualdade, ela incentiva uma forma de reciprocidade essencial nas relações humanas. Desenvolveu-se a partir de uma prática assídua de trocas de informações e conhecimentos, coisa que os filósofos do Iluminismo viam como principal motor do progresso. (...) A cibercultura não seria pós-moderna, mas estaria inserida perfeitamente na continuidade dos ideais revolucionários e republicanos de liberdade, igualdade e fraternidade. A diferença é apenas que, na cibercultura, esses "valores" se encarnam em dispositivos técnicos concretos. Na era das mídias eletrônicas, a igualdade se concretiza na possibilidade de cada um transmitir a todos; a liberdade toma forma nos softwares de codificação e no acesso a múltiplas comunidades virtuais, atravessando fronteiras, enquanto a fraternidade, finalmente, se traduz em interconexão mundial.
LEVY, P. Revolução virtual. Folha de S. Paulo. Caderno Mais, 16 ago. 1998, p. 3 (adaptado).
O desenvolvimento de redes de relacionamento por meio de computadores e a expansão da Internet abriram novas perspectivas para a cultura, a comunicação e a educação.
De acordo com as ideias do texto acima, a cibercultura:
a) Representa uma modalidade de cultura pós-moderna de liberdade de comunicação e ação;
b) Constituiu negação dos valores progressistas defendidos pelos filósofos do Iluminismo;
c) Banalizou a ciência ao disseminar o conhecimento nas redes sociais;
d) Valorizou o isolamento dos indivíduos pela produção de softwares de codificação;
e) Incorpora valores do Iluminismo ao favorecer o compartilhamento de informações e conhecimentos.
2) (ENADE) Exclusão digital é um conceito que diz respeito às extensas camadas sociais que ficaram à margem do fenômeno da sociedade da informação e da extensão das redes digitais. O problema da exclusão digital se apresenta como um dos maiores desafios dos dias de hoje, com implicações diretas e indiretas sobre os mais variados aspectos da sociedade contemporânea.
Nessa nova sociedade, o conhecimento é essencial para aumentar a produtividade e a competição global. É fundamental para a invenção, para a inovação e para a geração de riqueza. As tecnologias de informação e comunicação (TICs) proveem uma fundação para a construção e aplicação do conhecimento nos setores públicos e privados. É nesse contexto que se aplica o termo exclusão digital, referente à falta de acesso às vantagens e aos benefícios trazidos por essas novas tecnologias, por motivos sociais, econômicos, políticos ou culturais.
Considerando as ideias do texto acima, avalie as afirmações a seguir:
I. Um mapeamento da exclusão digital no Brasil permite aos gestores de políticas públicas escolherem o público alvo de possíveis ações de inclusão digital.
II. O uso de TICs pode cumprir um papel social, ao prover informações àqueles que tiveram esse direito negado ou negligenciado e, portanto, permitir maiores graus de mobilidade social e econômica.
III. O direito à informação diferencia-se dos direitos sociais, uma vez que esses estão focados nas relações entre os indivíduos e, aqueles, na relação entre o indivíduo e o conhecimento.
IV. O maior problema do acesso digital no Brasil está na deficitária tecnologia existente em território nacional, muito aquém da disponível na maior parte dos países do primeiro mundo.
É correto apenas o que se afirma em:
a) I e II;
b) II e IV;
c) III e IV;
d) I, II e III;
e) I, III e IV.
3) (ENADE)
A educação é o Xis da questão
Disponível em:. Acesso em: 24 agos. 2011
A expressão "o Xis da questão" usada no título infográfico diz respeito:
a) À quantidade de anos de estudos necessários para garantir um emprego estável com salário digno;
b) Às oportunidades de melhoria salarial que surgem à medida que aumenta o nível de escolaridade dos indivíduos;
c) À influência que o ensino de língua estrangeira nas escolas tem exercido na vida profissional dos indivíduos;
d) Aos questionamentos que são feitos acerca da quantidade mínima de anos de estudo que os indivíduos precisam para ter boa educação;
e) À redução da taxa de desemprego em razão da política atual de controle da evasão escolar e de aprovação automática de ano de acordo com a idade.
4) (ENEM) No mundo árabe, países governados há décadas por regimes políticos centralizadores contabilizam metade da população com menos de 30 anos; desses, 56% têm acesso à Internet. Sentindo-se sem perspectivas de futuro e diante da estagnação da economia, esses jovens incubam vírus sedentos por modernidade e democracia. Em meados de dezembro de 2011, um tunisiano de 26 anos, vendedor de frutas, põe fogo no próprio corpo em protesto por trabalho, justiça e liberdade. Uma série de manifestações eclode na Tunísia e, como uma epidemia, o vírus libertário começa a se espalhar pelos países vizinhos, derrubando em seguida o presidente do Egito, Hosni Mubarak. Sites e redes sociais - como o Facebook e o Twitter - ajudaram a mobilizar manifestantes do norte da África a ilhas do Golfo Pérsico.
SEQUEIRA, C. D.; VILLAMÉA, L. A epidemia da liberdade. Isto É Internacional. 2 mar. 2011 (adaptado)
Considerando os movimentos políticos mencionados no texto, o acesso à Internet permitiu aos jovens árabes:
a) Reforçar a atuação dos regimes políticos existentes;
b) Tomar conhecimento dos fatos sem se envolver;
c) Manter o distanciamento necessário à sua segurança;
d) Disseminar vírus capazes de destruir programas de computadores;
e) Difundir ideias revolucionárias que mobilizaram a população.
5) (ENADE) A definição de desenvolvimento sustentável mais usualmente utilizada é a que procura atender às necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras. O mundo assiste a um questionamento crescente de paradigmas estabelecidos na economia e também na cultura política. A crise ambiental no planeta, quando traduzida na mudança climática, é uma ameaça real ao pleno desenvolvimento das potencialidades dos países. O Brasil está em uma posição privilegiada para enfrentar os enormes desafios que se acumulam. Abriga elementos fundamentais para o desenvolvimento: parte significativa da biodiversidade e da água doce existente no planeta; grande extensão de terras cultiváveis; diversidade étnica e cultural e rica variedade de reservas naturais. O campo do desenvolvimento sustentável pode ser conceitualmente dividido em três componentes: sustentabilidade ambiental, sustentabilidade econômica e sustentabilidade sociopolítica.
Nesse contexto, o desenvolvimento sustentável pressupõe:
a) A preservação do equilíbrio global e do valor das reservas de capital natural, o que não justifica a desaceleração do desenvolvimento econômico e político de uma sociedade;
b) A redefinição de critérios e instrumentos de avaliação de custo-benefício que reflitam os efeitos socioeconômicos e os valores reais do consumo e da preservação;
c) O reconhecimento de que, apesar de os recursos naturais serem ilimitados, deve ser traçado um novo modelo de desenvolvimento econômico para a humanidade;
d) A redução do consumo das reservas naturais com a consequente estagnação do desenvolvimento econômico e tecnológico;
e) A distribuição homogênea das reservas naturais entre as nações e as regiões em nível global e regional.
6) (ENADE) Em uma reportagem, Owen Jones, autor do livro Chavs: a difamação da classe trabalhadora, publicada no Reino Unido, comenta as recentes manifestações de rua em Londres e em outras principais cidades inglesas. Jones prefere chamar a atenção para as camadas sociais mais desfavorecidas do país, que desde o início dos distúrbios, ficaram conhecidas no mundo todo pelo apelido chavs, usado pelos britânicos para escarnecer dos hábitos de consumo da classe trabalhadora. Jones denuncia um sistemático abandono governamental dessa parcela da população: "Os políticos insistem em culpar os indivíduos pela desigualdade", diz. (...) "você não vai ver alguém assumir ser um chav, pois se trata de um insulto criado como forma de generalizar o comportamento das classes mais baixas. Meu medo não é o preconceito e, sim, a cortina de fumaça que ele oferece. Os distúrbios estão servindo como argumento ideal para que se faça valer a ideologia de que os problemas sociais são resultados de defeitos individuais, não de falhas maiores. Trata-se de uma filosofia que tomou conta da sociedade britânica com a chegada de Margaret Thatcher ao poder, em 1979, e que basicamente funciona assim: você é o culpado pela falta de oportunidades. (...) Os políticos insistem em culpar os indivíduos pela desigualdade".
Suplemento Prosa & amp.; Verso, O Globo, Rio de Janeiro, 20 ago. 2011, p. 6 (adaptado).
Considerando as ideias do texto, avalie as afirmações a seguir:
I. Chavs é um apelido que exalta hábitos de consumo de parcela da população britânica.
II. Os distúrbios ocorridos na Inglaterra serviram para atribuir deslizes de comportamento individual como causas de problemas sociais.
III. Indivíduos da classe trabalhadora britânica são responsabilizados pela falta de oportunidades decorrente da ausência de políticas públicas.
IV. As manifestações de rua na Inglaterra reivindicavam formas de inclusão nos padrões de consumo vigente.
É correto apenas o que se afirma em:
a) I e II;
b) I e IV;
c) II e III;
d) I, III e IV;
e) II, III e IV.
7)(ENADE) Entre os 10% mais pobres, apenas 0,6% têm acesso à Internet; entre os 10% mais ricos, essa porcentagem é 56,3%. Somente 13,3% dos negros usam a Internet, mais de duas vezes menor que a porcentagem relativa aos de raça branca (28,3%). Os índices de acesso à Internet nas regiões Sul (25,6%) e Sudeste (26,6%) contrastam com os das regiões Norte (12%) e Nordeste (11,9%).
Disponível em: http://www.tobeguarany.com/internet_no_brasil.php.
Acesso em: 10 ago. 2011
Considerando esse tema, avalie as seguintes asserções:
Verifica-se que os dados indicados acima fazem parte da lógica da exclusão digital.
PORQUE
Apesar de o acesso à Internet ser cada vez maior, um país de desigualdades socioeconômicas, como o Brasil, precisa de investimentos, suporte e regulamentação governamental para aumentar o percentual da população que tem acesso à rede mundial de computadores.
Disponível em: http://info.abril.com/noticias/internet/brasil-tem-43-mi-deinternautas-diz-ibope-04052011-25.shl. 
Acesso em: ago. 2011.
Acerca dessa asserções, assinale a opção correta:
a) As duas asserções são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira;
b) As duas asserções são verdadeiras, mas a segunda não é justificativa correta da primeira;
c) A primeira asserção é uma proposição verdadeira e a segunda, falsa;
d) A primeira asserção é uma proposição falsa e a segunda, verdadeira;
e) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas.
8) (ENADE) O ciclo hidrológico pode ser definido como fenômeno de circulação de água entre a atmosfera e a superfície terrestre. Assim, o ciclo hidrológico:
I. tem vários componentes, contudo sua dinâmica é sempre igual em todo o planeta.
II. é principalmente importante no processo de evaporação em áreas tanto urbanas quanto florestadas.
III. é composto de evaporação, evapotranspiração, precipitação, interceptação, infiltração e escoamento superficial.
IV. é diferente em áreas urbanas, principalmente porque, ao contrário do que ocorre em áreas florestadas, há pouca infiltração de água no solo das cidades.
É correto apenas o que se afirma em:
a) I     b) II     c) I e III     d) II e IV     e) III e IV.
9) (ENADE) É possível identificar várias áreas nas quais a urbanização se deve diretamente à consecução do agronegócio globalizado. Como é notório, a modernização e expansão destas atividades promovem o processo de urbanização e de crescimento das áreas urbanas, cujos vínculos principais se devem às inter-relações cada vez maiores entre campo e cidade.
ELIAS, D. Globalização e fragmentação do espaço agrícola do Brasil. Scripta Nova. v. X, 218 (03), 1/8/2006. Disponível em: http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-218-03
As inter-relações entre campo e cidade mencionadas no texto referem-se à presença de:
a) Atividades agrícolas nas cidades pequenas e médias do Brasil, como plantio de subsistência nas suas periferias;
b) Trabalhadores urbanos nos campos, como meio de fuga dos problemas das cidades diante da globalização econômica;
c) Agricultores que comandam cidades impõem suas lógicas à produção dos espaços urbanos criando o "rururbano";
d) Serviços altamente especializados em algumas cidades, para atender às demandas de atividades agrícolas globalizadas, como a agricultura científica;
e) Atividades urbanas nos espaços rurais, como bancos e cooperativas, que passam a comandar a produção agrícola globalizada.
GABARITO
1 - e     2 - a     3 - b     4 - e     5 - b     6 - e     7 -a     8 -e     9 - d











O GOLFO DO PETRÓLEO

  O petróleo é um hidrocarboneto fluido, constituído pela sedimentação e gradual decomposição de microorganismos marinhos vegetais e animais (o plâncton) em mares rasos, baías, golfos e lagunas. No Golfo Pérsico, ao longo do tempo geológico, as oscilações do nível do oceano formaram um mar raso, no qual se depositou grande quantidade de plâncton.
  Finas camadas de material de erosão, transportado desde as montanhas pelas águas do Tigres e do Eufrates, sedimentaram o plâncton. Essa é a origem das jazidas que concentram perto de três quartos das reservas conhecidas de petróleo do planeta.
Imagem de satélite feito pela Nasa do Golfo Pérsico
  A Arábia Saudita, sozinha, possui mais de 20% das reservas de petróleo comprovadas do mundo, ou seja, das reservas submetidas a estudos geológicos que mediram seu volume com probabilidade de 90% ou mais de certeza. Somados, Irã, Iraque, Kuwait e Emirados Árabes Unidos possuem quase 40% dessas reservas.
  A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) foi criada por iniciativa desses países, em 1960. A Opep destinava-se a transferir o poder de fixar os preços do petróleo para os países exportadores.
Países-membros da Opep
  A estratégia era estabelecer cotas máximas de produção para os países integrantes, a fim de regular a oferta mundial do produto. Na década seguinte, entre 1973 e 1980, a Opep conseguiu impor grandes aumentos nos preços internacionais do petróleo. Atualmente ela tem 11 países-membros, dos quais seis localizam-seno "golfo do petróleo".
  "Golfo Pérsico", a denominação usada em quase todo o mundo, só é aceita por um dos países costeiros: o Irã, que corresponde à antiga Pérsia. Nos outros países utiliza-se a denominação "golfo Árabe".
  A vida econômica e política dos países do Golfo organiza-se, principalmente, em torno do petróleo. Eles estão entre os maiores exportadores mundiais do produto e as rendas petrolíferas sustentam elites abastadas que controlam os Estados.
  O "golfo do petróleo" é uma zona de frequentes conflitos. As tensões políticas da área decorrem das rivalidades entre as três potências do Golfo - Irã, Iraque e Arábia Saudita - e da interferência de grandes potências mundiais, especialmente os Estados Unidos.
Poços de petróleo queimando no deserto do Kuwait durante a Guerra do Golfo entre o Iraque e o Kuwait em 1991
FONTE: Magnoli, Demétrio
Estudos de geografia, 9° ano / Demétrio Magnoli. -- 1. ed. -- São Paulo: Atual, 2008. 

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A TROPOSFERA E A RADIAÇÃO SOLAR

  A atmosfera é uma camada de gases que envolve a superfície terrestre, com espessura entre 750 e 1000 km. Ela é mantida ao redor do planeta por meio da força da gravidade que é exercida pela Terra. Entre os gases que a compõem, predominam o nitrogênio (78%) e o oxigênio (21%). Apenas 1% desse meio é formado por outros gases - argônio, hélio, neônio, ozônio e dióxido de carbono - além de vapor de água.
  A concentração dos gases atmosféricos, no entanto, varia de acordo com a altitude, originando diferentes camadas na atmosfera.
Camadas da atmosfera
Troposfera - é a camada mais baixa da atmosfera, estende-se até cerca de 15 km de altitude. É nessa camada que ocorre a maioria dos fenômenos atmosféricos.
Estratosfera - vai da troposfera até cerca de 50 km de altitude. Nela, a aproximadamente 22 km de altitude, encontra-se a camada de gás ozônio (O₃), responsável pela filtração dos raios ultravioleta emitidos pelo Sol.
Mesosfera - se estende da estratosfera até aproximadamente 80 km. É a camada da atmosfera com as temperaturas mais baixas (pode chegar a - 90°C).
Termosfera - vai da mesosfera até cerca de 500 km de altitude. É uma camada muito importante para a comunicação humana, porque contém grande quantidade de gases ionizados que refletem alguns tipos de ondas de rádio.
Exosfera - última das camadas atmosféricas, a exosfera se estende da termosfera até o espaço exterior. É a camada na qual, em geral, posicionam-se os satélites artificiais.
Exosfera 
  Entre as camadas atmosféricas, a que possui maior importância para os estudos geográficos é a troposfera. Nela ocorrem os principais fenômenos meteorológicos, como as tempestades, os ventos, as chuvas, as precipitações de neve ou granizo e a formação de geadas. Muitos desses fenômenos influenciam diretamente não apenas o cotidiano das pessoas como também as atividades econômicas de um país.
  Além disso, pode-se dizer que as características físicas dessa camada atmosférica - como a temperatura do ar (com média global de 15°C) - os gases que a compõem e a presença de poeira e vapor de água em suspensão são alguns dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento da vida em nosso planeta e, portanto, pela existência da biosfera terrestre.
Troposfera - a principal camada da atmosfera
A IMPORTÂNCIA DA RADIAÇÃO SOLAR
  O principal fator desencadeante dos fenômenos atmosféricos na troposfera é a distribuição desigual da radiação solar sobre a superfície terrestre. A insolação desigual das partes do planeta cria diferentes zonas térmicas. Assim, nas regiões localizadas entre os trópicos (zona tropical), áreas de menor latitude, os raios solares incidem sobre a superfície dos oceanos e continentais quase de maneira perpendicular, aquecendo-os intensamente. Consequentemente, essas superfícies acabam irradiando grande quantidade de calor para o ar atmosférico. Por isso, as temperaturas nessas regiões são geralmente mais altas que em outras durante a maior parte do ano.
  Nas regiões localizadas em latitudes médias (zonas temperadas), a incidência da radiação solar varia bastante conforme a estação do ano, sendo mais intensa no verão e mais branda no inverno, o que resulta em temperaturas respectivamente altas e baixas nessas estações.
  A insolação diminui em direção às regiões de maior latitude. Assim, nas zonas polares, a incidência dos raios solares é bastante difusa, o que leva as superfícies a irradiar pouco calor para o ar atmosférico. Isso faz com que nessas regiões as temperaturas médias sejam as mais baixas do planeta.
Isotermas - linhas que unem os pontos com a mesma média de temperatura
FONTE: Boligian, Levon
Geografia espaço e vivência, volume único / Levon Boligian, Andressa Turcatel Alves Boligian. -- 3. ed. -- São Paulo: Atual, 2011. 

sábado, 7 de abril de 2012

A ARGENTINA

  Dos países latino-americanos, a Argentina é o que possui um dos melhores indicadores econômicos e sociais - apesar de ter enfrentado sucessivas crises econômicas nos últimos anos.
UM POUCO DE HISTÓRIA
  Após a Segunda Guerra Mundial, sob o governo de Juan Domingo Perón (1947-1955), a Argentina viveu um período de intensa modernização e de melhorias  no atendimento às necessidades básicas  da população. O Estado passou a atuar de forma decisiva em vários setores, como transportes, serviços públicos e infraestrutura.
Juan Domingo Perón - presidente que proporcionou reformas políticas e econômicas na Argentina
OS GOLPES MILITARES
  Em 1955, depois de entrar em atrito com parte do empresariado e das Forças Armadas, Perón foi derrubado do governo por um golpe militar que o obrigou a se exilar no Paraguai e depois na Espanha.
  De volta à Argentina após um longo período no exílio, Perón candidatou-se novamente à Presidência em 1973 e foi eleito com enorme quantidade de votos. Porém, faleceu logo em seguida, e Isabelita Perón, sua terceira esposa e então vice-presidente, tomou posse.
Isabelita Perón - primeira mulher presidente da Argentina
  Em 1976, um golpe militar derrubou Isabelita e implantou na Argentina o regime ditatorial que se estendeu até 1983. Esse período ficou caracterizado pela forte repressão política imposta à população, com censura à prisão, tortura e assassinato daqueles que se posicionavam contra o governo.
AS CRISES ECONÔMICAS
  As décadas de 1970 e 1980 foram marcadas por sucessivas crises econômicas, que forçaram o governo a diminuir os gastos com serviços públicos e a implementar um intenso programa de privatizações.
  O padrão de vida da população argentina, que era o mais alto da América Latina, caiu drasticamente. Desemprego crescente, altas da inflação e da dívida externa, aumento da pobreza e da concentração de renda foram as principais heranças deixadas ao país pelos governos militares.
Protesto contra a ditadura militar na Argentina
  Com o término do regime militar e a consolidação da democracia, a situação política e econômica tornou-se mais estável, a inflação caiu e o crescimento econômico foi retomado.
  Porém, de 1999 a 2002, uma nova grande crise econômica foi provocada pela queda das exportações: a moeda do país, o peso, estava valorizada em relação ao dólar, o que tornava os produtos argentinos muito caros no mercado internacional. Para agravar a situação, o Brasil - principal parceiro econômico da Argentina - promoveu uma desvalorização do real em relação ao dólar e diminuiu consideravelmente as importações dos produtos argentinos.
Argentinos protestam contra a crise na capital do país, Buenos Aires em 2001
  Tentando contornar a crise, o governo argentino desvalorizou o peso, contraiu empréstimos junto ao FMI e adotou um modelo econômico similar ao brasileiro.
A POTÊNCIA REGIONAL
  Desde sua independência, a Argentina busca consolidar-se como país líder na América do Sul. Por esse motivo, já a partir do século XIX seus interesses políticos, econômicos e militares chocam-se com as ambições de outra potência regional, o Brasil.
  A competição entre os dois países é tradicional. O Uruguai e o Paraguai, os maiores prejudicados por essa disputa, precisam empregar muita diplomacia no convívio com os dois vizinhos, cuja influência em seus territórios é enorme.
  Na década de 1990, a criação do Mercosul melhorou as relações entre o Brasil e a Argentina, tornando-os mais parceiros que competidores. No entanto, a Argentina ainda disputa com o Brasil a liderança do bloco econômico, os investimentos estrangeiros e uma vaga no Conselho de Segurança da ONU.

Países integrantes do Mercosul
DISPUTAS TERRITORIAIS
  Outra questão geopolítica envolvendo a Argentina refere-se à disputa com o Chile pelas ilhas Picton, Nueva e Lennox, no Canal de Beagle, extremo sul do continente. Essa disputa quase chegou a um conflito armado, no início da década de 1980.
  Em 1985, com a mediação do Vaticano, um Tratado de Paz foi assinado por representantes dos dois países. Esse documento estabelecia que as ilhas pertenciam ao Chile, mas assegurava aos argentinos os direitos sobre recursos minerais que pudessem ser encontrados na região.
Canal de Beagle - região do conflito entre Argentina e Chile
  Situadas a 500 km do litoral sul do território argentino, as Ilhas Malvinas ou Falkland são objeto de outra disputa territorial que envolve a Argentina, neste caso com o Reino Unido.
  No final de março de 1982, a Forças Armadas do país sul-americano, invadiram de surpresa as ilhas com o objetivo de reaver as terras perdidas para os ingleses em 1883. Em resposta, o governo do Reino Unido enviou tropas às Malvinas e, em junho, retomou as ilhas, impondo uma rendição incondicional aos argentinos.
Ilhas Malvinas - região de conflito com o Reino Unido
  Mesmo perdendo a Guerra das Malvinas, os governantes da Argentina não desistiram das ilhas e, em 1999, reiniciaram as negociações com os ingleses para recuperar o território perdido.
A ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO E AS ATIVIDADES ECONÔMICAS
  Com uma área territorial de 2.780.400 km², a Argentina é o segundo maior do país da América Latina, depois do Brasil.
  O país é dividido em seis regiões geoeconômicas, caracterizando-as do ponto de vista dos aspectos físicos e econômicos: Cordilheira dos Andes, Puna, Chaco, Mesopotâmia, Patagônia e Pampa, que é a região economicamente mais importante da Argentina e da América Platina.
1. A CORDILHEIRA DOS ANDES
  A grande cadeia montanhosa cruza o oeste do país, estendendo-se de norte a sul por toda a fronteira com o Chile. Nessa região, as densidades demográficas são baixas, em decorrência, principalmente, do clima semiárido, na base da cordilheira, e do clima frio e relevo acidentado, nas altitudes mais elevadas.
Cordilheira dos Andes na Argentina
  As principais atividades econômicas desenvolvidas ao pé dos Andes são o cultivo irrigado de frutas e a extração de petróleo, que favoreceu a instalação de indústrias petroquímicas, produtoras de combustíveis, matérias-primas e material plástico.
  San Juan, com cerca de 500 mil habitantes e Mendoza, com cerca de 900 mil habitantes, reconhecidas por sua produção de vinhos, são as mais populosas e importantes cidades da região.
Mendoza - principal cidade da Cordilheira dos Andes argentina
2. A PUNA

  No noroeste do território argentino, encontra-se a Puna, um vasto planalto de clima semiárido, onde as obras de irrigação favoreceram o cultivo de cana-de-açúcar. Na fronteira com a Bolívia há jazidas de petróleo e de minérios. A principal cidade da região é Salta, capital da província de Salta. A cidade conta com uma população de cerca de 550.000 pessoas.
Salta - principal cidade da região da Puna
3. O CHACO
  O Chaco, no norte do país, na fronteira com o Paraguai, divide-se em duas áreas: o Chaco úmido, voltado para o oceano Atlântico e com maior pluviosidade; e o Chaco seco, mais próximo à Cordilheira dos Andes e, portanto, com menor pluviosidade.
  No Chaco úmido cultivam-se milho, soja e cana-de-açúcar. Já no Chaco seco, de clima semiárido, são desenvolvidos cultivos irrigados de fumo e cana-de-açúcar.
  Nessa região também se explora a pecuária bovina extensiva, com grandes rebanhos.
  Em sua maioria, os habitantes do Chaco são de origem indígena e correspondem a menos de 5% da população total do país, que chega a cerca de 42 milhões de habitantes.
  As principais cidades da região do Chaco são San Miguel de Tucumán, com cerca de 800 mil habitantes, e Resistencia, com 400 mil habitantes.
San Miguel de Tucumán
4. A MESOPOTÂMIA
  Localizada no nordeste da Argentina, é uma planície úmida entre os rios Paraná e Uruguai. Nela predomina a pecuária extensiva de bovinos e os cultivos de algodão, milho e erva-mate, usada para fazer o chimarrão, tradicional bebida tomada no sul da América do Sul.
  A principal cidade dessa região é Corrientes, com cerca de 380 mil habitantes.
Corrientes - principal cidade do Chaco argentino
5. A PATAGÔNIA
  No sul do país encontra-se uma região de clima frio, marcada por uma grande planície de vegetação rasteira.
  O relevo contribui para a criação de gado, e as baixas temperaturas favorecem a pecuária ovina - criação de ovelhas.
Paisagem da Patagônia
  Entretanto, as principais riquezas dessa região são o petróleo e o gás natural, extraídos do Golfo de São Jorge. Ali se encontra a cidade de Comodoro Rivadávia, responsável por 85%  do petróleo que abastece a Argentina. A cidade é também a mais populosa da região, com uma população de cerca de cerca de 140 mil habitantes.
 Comodoro Rivadávia
  Na Patagônia, vive apenas 2% da população argentina, por isso a região é considerada um vazio demográfico.
  Ao sul da região localiza-se a Terra do Fogo, arquipélago que desperta grande interesse turístico e cujo território se divide entre a Argentina e o Chile.
6. O PAMPA
  Corresponde a cerca de 22% do território argentino e tem a maior concentração urbana, populacional e industrial do país. Concentra por volta de 75% da população total, principalmente na região metropolitana de Buenos Aires, onde vivem cerca de 12 milhões de habitantes.
Mapa da Região Metropolitana de Buenos Aires
  No Pampa há também uma grande diversidade de indústrias, com destaque para as siderúrgicas, automobilísticas, têxteis e refinarias de petróleo.
  O clima temperado úmido, o solo fértil e a abundância em água, favorecem o cultivo de trigo, milho, soja e algodão. Destaca-se ainda a produção de hortifrutigranjeiros, responsável por cerca de dois terços da produção agrícola da Argentina.
  No Pampa estão os principais rebanhos bovinos e ovinos do país. A carne produzida na região, considerada de alta qualidade, é exportada em grande volume para a Europa e os Estados Unidos.
Mapa das atividades economicas da Argentina
DADOS SOBRE A ARGENTINA
NOME OFICIAL: República da Argentina

INDEPENDÊNCIA: da Espanha
Luta: 25 de maio de 1810
Proclamada: 9 de julho de 1816
Reconhecida: 21 de setembro de 1863
LOCALIZAÇÃO: América do Sul
CAPITAL: Buenos Aires
Obelisco no centro de Buenos Aires
ÁREA:  2.780.400 km² (8º)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 41.769.726 
habitantes (31º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA (ONU):  15,02 hab./km² (173°)
CIDADES MAIS POPULOSAS (2010):
Buenos Aires: 3.050.728 habitantes
Buenos Aires - capital e maior cidade da Argentina
Córdoba: 1.428.214 habitantes
Córdoba - segunda maior cidade da Argentina
Rosário: 1.242.533 habitantes
Rosário - terceira maior cidade da Argentina
LÍNGUA: espanhol
IDH (ONU - 2011): 0,797 (45°)
PIB (FMI - 2010): US$ 369,992 bilhões (28°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 75,3 anos (59°)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010): 13,4/ mil (71°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008): 92% (14°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 97,6% (53°)
MOEDA: peso argentino
RELIGIÃO (2010): católicos romanos (92%), protestantes (2%), judeus (2%), outras religiões (4%).
DIVISÃO: a Argentina é uma República Representativa Federal desde a Constituição argentina de 1853. O país é subdividido  em 23 províncias e um Distrito Federal, onde se localiza a capital, Buenos Aires (oficialmente Ciudad Autónoma de Buenos Aires).
1. Ciudad Autónoma de Buenos Aires 2. Província de Buenos Aires (La Plata) 3. Catamarca (San Fernando del Valle de Catamarca) 4. Chaco (Resistencia) 5. Chubut (Rawson) 6. Córdoba (Córdoba) 7. Corrientes (Corrientes) 8. Entre Rios (Paraná) 9. Formosa (Formosa) 10. Jujuy (San Salvador de Jujuy) 11. La Pampa (Santa Rosa) 12. La Rioja (La Rioja) 13. Mendoza (Mendoza) 14. Misiones (Posadas) 15. Neuquén (Neuquén) 16. Rio Negro (Viedma) 17. Salta (Salta) 18. San Juan (San Juan) 19. San Luis (San Luis) 20. Santa Cruz (Rio Gallegos) 21. Santa Fé (Santa Fé) 22. Santiago del Estero (Santiago del Estero) 23. Terra do Fogo (Ushuaia) 24. Tucumán (San Miguel de Tucumán)
FONTE: Projeto Araribá: geografia / organizadora Editora Moderna: obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna: editora responsável Sônia Cunha de Souza Danelli. - 2. ed. - São Paulo: Moderna, 2007.

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