domingo, 17 de agosto de 2014

A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO

  São diversas as desigualdades existentes na sociedade brasileira. Uma das mais evidentes refere-se às relações de gênero, menos relacionada à questão econômica e mais ao ponto de vista cultural e social, constituindo, a partir daí, as representações sociais sobre a participação da mulher dentro de espaços variados, seja na família, na escola, igreja, nos movimentos sociais, ou na sociedade como um todo.
  Nas últimas décadas, um dos fatos mais marcantes tem sido a inserção, cada vez maior, da mulher no mercado de trabalho, onde este fato está relacionado a uma combinação de fatores culturais, econômicos e sociais. Em razão do avanço e crescimento da industrialização no Brasil e no mundo, ocorreram a transformação da estrutura produtiva, o contínuo processo de urbanização e a redução das taxas de fecundidade nas famílias, contribuindo para a participação cada vez maior das mulheres no campo do trabalho.
  Cerca de 80% das mulheres que estão no mercado de trabalho são professoras, cabeleireiras, manicures, funcionárias públicas ou trabalham em serviços de saúde e/ou comércio. Porém, o contingente das mulheres trabalhadoras mais importante está concentrada no serviço doméstico remunerado; em geral, são mulheres negras, com baixo nível de escolaridade e com os menores rendimentos. Também é significativo o número de empregadas domésticas que tenham idade mais avançada.
Geralmente, as empregadas domésticas possuem baixa qualificação
  O trabalho não remunerado da mulher, especialmente o realizado no âmbito familiar, não é contabilizado pelos sistemas estatísticos e, por isso, não possui valorização social - nem mesmo pelas próprias mulheres - embora contribuam significativamente com a renda familiar e venha crescendo bastante.
  Em 2009, aproximadamente, 35,5% das mulheres estavam empregadas com carteira de trabalho assinada, percentual inferior ao observado na distribuição masculina, que era de 43,9%. As mulheres autônomas correspondiam a 30,9% e os homens a 40%. Já o percentual de mulheres empregadoras era de 3,6%, pouco mais da metade do percentual verificado na população masculina, 7,0%.
  Já na pesquisa realizada entre 2011 e 2012, a participação das mulheres ocupadas formalmente, cresceu 3,2% - crescimento de 1,5% em relação ao aumento da participação dos homens no período (1,7%). Além disso, a participação feminina na variação de pessoal ocupado assalariado, de um ano para outro, foi pela primeira vez superior à presença masculina. Enquanto os homens somaram 41,5%, as mulheres somaram 58,5%.
O número de professoras do ensino básico é três vezes maior que o de professores no Brasil
  Enquanto 61,2% das trabalhadoras tinham 11 anos ou mais de estudo, ou seja, pelo menos o Ensino Médio completo, para os homens este percentual era de 53,2%. A parcela de mulheres ocupadas com nível superior completo era de 19,6%, também superior ao dos homens, 14,2%. Por outro lado, nos grupos de menor escolaridade, a participação dos homens era superior a das mulheres.
  O rendimento de trabalho das mulheres, estimado em R$ 1.097,93, continua inferior ao dos homens, R$ 1.518,31. Em 2009, comparando a média anual de rendimentos dos homens e das mulheres, verificou-se que as mulheres ganham em torno de 72,3% do rendimento recebido pelos homens. Em 2003, esse percentual era de 70,8%.
  Em 2012 o salário médio dos homens ficou em R$ 2.126,67, enquanto que o das mulheres ficou em R$ 1.697,30. Apesar de receber bem menos que os homens, o salário médio delas teve um aumento de 2,4%, contra 2% deles.
  Considerando um grupo mais homogêneo, com a mesma escolaridade e do mesmo grupamento de atividade, a diferença entre os rendimentos persiste. Tanto para as pessoas que possuíam 11 anos ou mais de estudo quanto para as que tinham curso superior completo, os rendimentos da população masculina eram superiores aos da feminina.
O comércio emprega mais pessoas do sexo feminino do que masculino
  A lucratividade das empresas tem relação com a presença feminina. Pesquisas recentes de diversas partes do mundo, comprovam a influência positiva das mulheres no ambiente corporativo.
  Estudos da Catalyst, fundação que se dedica a investigar sobre a experiência feminina nos negócios, mostram que organizações com mulheres em altos cargos de gestão são mais lucrativas.
  Já a pesquisa Women in the Economy, da McKinsey, revelou que se as mulheres não participassem da força de trabalho, o PIB atual dos Estados Unidos seria 25% menor. No Brasil, nos últimos 40 anos, a participação delas na economia foi de 28,8% para 43,6%. Em função disso, o número de filhos diminuiu de 5,8 para 1,9.
  A influência feminina nas organizações e as diferenças relacionadas a emprego, educação e família ganharam relevância e têm sido muito discutidas no mercado.
  No setor público, as mulheres já vêm ocupando a maioria dos postos de trabalho, com 58,9% das vagas ocupadas por mulheres e 41,1% dos homens.
O serviço público é o que mais tem atraído mulheres
FONTE: Antunes, Celso Avelino. Geografia e participação: 7° ano / Celso Avelino Antunes, Maria do Carmo Pereira e Maria Inês Vieira. - 2. ed. - São Paulo: IBEP, 2012.

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